quinta-feira, 10 de abril de 2008

APRENDER A VIVER JUNTOS: SERÁ QUE FRACASSAMOS?


* UNESCO

Em que medida a educação deve concentrar-se nos valores
comuns, compartilhados pelas diferentes culturas ou, pelo contrário,
na capacidade de coexistência e de compromisso de
diálogo entre culturas diversas?

Se a harmonização parece, a uma só vez, não ser desejável e irrealizável, a interdependência crescente entre as regiões, países e comunidades deveria ser colocada em evidência nos programas escolares, em particular, em História, Geografia e Educação Cívica, nas ciências sociais, na educação religiosa ou moral, assim como na aprendizagem da língua materna e dos idiomas estrangeiros.

Tal operação poderia resolver-se, por um lado, pela produção de novos livros escolares e de material pedagógico que forneçam diversas interpretações para o mesmo acontecimento em diferentes países ou comunidades, em vez de uma versão única — quase sempre, etnocêntrica — e, por outro, pela elaboração de programas escolares e métodos pedagógicos adaptados à diversidade dos contextos culturais e sociais.

Entretanto, essa postura não responde à questão de fundo, relativa ao valor de alguns aspectos culturais: será que todos eles são positivos, merecem todos o respeito, vale a pena transmiti-los à geração seguinte como fatores favoráveis à vida em comum? Como será possível promover valores comuns em contextos de medo ou discriminação?

O conteúdo da educação para a diversidade cultural deveria colocar a ênfase nos seguintes aspectos: transmissão do patrimônio cultural; certa autonomia em relação à globalização; aprendizagens úteis à comunidade e aos educandos; promoção da igualdade dos gêneros; e, sobretudo, aprendizagem da língua materna. Esta aprendizagem aparece como uma prioridade nova ou renovada em um número considerável de países.

No entanto, não tem a mesma estrutura em toda parte: às vezes, a tendência é o reforço dos direitos das culturas minoritárias a uma identidade cultural própria, combinado com a aprendizagem da língua e da cultura majoritárias.

Outros países pretendem, pelo contrário, abrir um acesso às diversas culturas para todos os cidadãos, sejam eles da maioria ou de uma minoria, a fim de permitir-lhes a partilha da mesma diversidade cultural e lingüística, além da coexistência de uma forma harmoniosa. Isso implica, em particular, a ausência de uma hierarquia entre as diversas línguas faladas em um país.

Na educação intercultural, as fronteiras entre educação formal e informal deveriam desaparecer; não se pode esperar que, por si só, a escola seja a solução para todos os problemas.


* Síntese das reflexões e das contribuições extraídas da 46ª. Conferência Intenacional da Educação da Unesco – Suíça 5-8 de setembro de 2001.


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