quarta-feira, 16 de julho de 2008

A TEORIA POLÍTICA DA CARTOLAGEM


Breno Rodrigo de Messias Leite*

Com exceção de alguns vascaínos, todos odeiam Eurico Miranda. Este anti-herói nacional já promoveu diversos episódios caricatos, na sua maioria deploráveis para o bom senso, e que sempre despertaram o amor de poucos e o ódio de muitos.

Na condição de admirador, mais do que de torcedor do Vasco da Gama, também passei por esse paradoxo. Por um bom tempo, a força da cartolagem de Eurico Miranda rendeu bons frutos para o Clube. Conquistas importantes em todos os esportes e, é claro, também no futebol. O contraponto vinha de sua arrogância, prática corruptora e autoritarismo anacrônico e torpe dentro e fora do Clube.

Por ser um grande defensor dos interesses do Vasco que se confundiam com os seus, Eurico foi eleito e reeleito deputado federal (PPR) com um único lema de campanha: defender as cores do time de São Januário no Congresso Nacional. Dito e feito. Empossado, logo se associou à Bancada da Bola, isto é, a Banca da CBF de Ricardo Teixeira, e se destacou como um político articulado com os interesses obscuros do Desporto Nacional; e, obviamente sempre defendendo os “interesses” do Vasco na Casa do povo.

Eurico Miranda se beneficiou das regras vigentes. Do ponto de vista organizacional coordenava a indicação de (seus) conselheiros que tinham a única missão de homologar seu nome nos pleitos para a presidência e diretorias aliadas, inviabilizando a emergência de novas lideranças que pudessem ameaçar sua hegemonia no interior do Clube. Do ponto de vista político-eleitoral beneficiou-se do sistema de voto personalizado (lista aberta) que fragiliza o poder político dos partidos de controlar a entrada e saída de seus candidatos, uma vez que os “bons de voto” são importantes para se atingir o coeficiente eleitoral. Eurico conhece as regras e sabe se aproveitar delas na condição de um agente racional que maximiza seus prazeres e minimiza suas dores!

Com ou sem Eurico o futebol brasileiro sempre funcionou “a toque de caixa”. Desprovido de profissionalismo como o existente no futebol europeu. Funciona no total e eterno improviso. Sem compromisso com os torcedores que, por amor a camisa de seu Clube, financiam a irresponsabilidade de seus dirigentes na tomada de decisão. Trata-se um acordo tácito que mistura amor, interesses e incompetência.

A derrota de Eurico nas últimas eleições no Vasco não representa uma virada de páginas do futebol brasileiro. Infelizmente, a cartolagem, na sua ambivalência, tem sido a única a instituição capaz de (des)organizar a vida futebolística nacional. Da arrecadação de dinheiro a contratação de jogadores, passando pela organização administrativa dos Clubes e celebração de acordos publicitários. Isto significa que a cartolagem comanda toda a movimentação de dinheiro do futebol brasileiro, o que pode representar um poder da barganha enorme para os presidentes dos Clubes. Basta ver o poder político do Clube dos 13!

Eurico é apenas uma cortina de fumaça de um problema maior. Por ser folclórico, autoritário, polêmico, e falar tudo que pensa, tornou-se “persona non grata” do futebol e da imprensa tupiniquim. O grande representante de um ethos atávico que nos amarra no chão de terra e inviabiliza a modernização no futebol?

Mas por onde anda o Sr. Ricardo Teixeira e seus contratos bilionários de toda espécie? E o Sr. Duallibi que deixou o Corinthians em terra arrasada pelo método inovador da corrupção de máfias internacionais? Os Clubes cariocas que não conseguem se movimentar na lama de corrupção e ineficiência administrativa. E tantos outros exemplos públicos.

A solução para o futebol brasileiro pode está aprovação de uma legislação futebolística moderna. Ou seja, na aprovação de leis boas que premiem as administrações eficientes, responsáveis e comprometidas com o futebol profissional. Que os Clubes criem mecanismos de governança executiva, que pode condicionar a emergência do tão sonhado profissionalismo no esporte, fato que já pode ser observado no São Paulo Futebol Clube: daí os resultados. Mas tudo isto deve ser conduzido sem demagogia e “toma-lá-dá-cá”. Isto é possível?

O futebol é um grande negócio na indústria cultural brasileira. Um berçário de craques, treinadores, fisioterapeutas, médicos... Se for bem coordenado pode ser uma grande indústria de talentos, geradora de empregos e, claro, de diversão para o povo.

Finalizando: nossa esperança é que Roberto Dinamite faça jus ao nome e retire o entulho autoritário do Vasco da Gama, e inicie imediatamente reformas profundas na estrutura administrativa do Clube. E isto deve ser iniciado o mais rápido possível por meio do trabalho sério desprovido de vaidades. Uma administração de resultados dentro e fora dos gramados.

Caso a sua gestão fracasse e não apresente os resultados esperados, o retorno de Eurico é certo. Dessa vez investido de Napoleão sem a coroa, mas posando com seu tradicional Havana. A figura caricata do cartola que manda, desmanda, faz o que quer...

Eis o dilema do nosso craque e artilheiro nas quatro linhas se aventurando em outros campos.

Boa sorte para o presidente Dinamite.

*É mestrando em Ciência Política (UFPA), bolsista da CAPES e colaborador do NCPAM.

8 comentários:

Anônimo disse...

Acho que para discutir com objetividade esse tema, seria necessário, primeiro, expor todos os argumentos que serviram à decisão. Pelo que se depreende do artigo, as opções em jogo são duas: (a) fortalecer a sociologia na graduação e pós-graduação ou (b) estimular a ciência política na graduação.
Outra coisa que não fica clara é "como" foi tomada a decisão. Houve reunião do departamento? Os representantes discentes participaram dela? Os discentes do curso têm uma posição fechada sobre o assunto? Que posição é essa? E mais: quantos são s professores substitutos, hoje, e que disciplinas estão ministrando?
Desconheço a atual grade curricular do curso, mas me parece que por ela se pode ter uma idéia do espaço da ciência política no curso de ciências sociais da UFAM.
Também acho que essa discussão pode se dar tendo como referência preocupações como as manifestadas pela Comissão Gubelkian, em relatório de 1996, sobre o estado das ciências sociais e a necessidade de se rever as "fronteiras" entre elas.
Enfim, espero que não esteja em jogo, como afirma a matéria, nenhum tipo de "corporativismo" - de sociólogos ou cientistas políticos -, pois se for isso, a discussão é natimorta.

Quinta-feira, Maio 29, 2008

Anônimo disse...

o curso está morto!

Anônimo disse...

O cartola do vasco o eurico miranda e uma mafioso como alguns poucos professores do curso de ciencias sociais, so que a culpa e nossa dos alunos de permitir que tais criaturas ministrem aulas de começo do sec XIX para nós.
Enquanto aceitarmos isso calados, esse gelo em sala de aula esta falta de didatica de interação entre professor doutor e aluno, estamos e ferrados pois estes não querem largar os seus cargo o osso, para outros muito menos o pobres concursados que em toda a sua seleção e manipulada em prol de interesses dos mesmos, mais essa coisa vai mudar, não a mal que dure para sempre!
E UMA FALTA DE RESPEITO COM O ALUNO , SE ACHA QUE O MESTRE QUE E A VITIMA! ELE JA SE FORMOU, MESTRADO E DOUTORADO E NÓS ESTAMOS LASCADOS AINDA TENTANDO TERMINAR O CURSO ELE, QUE NOS ALUNOS NOS FERREM ,PARA NÃO FALAR F......E ESTA E A VERDADE!

Anônimo disse...

É lamentavél entender que o curso caminha para a departamentalização em todos os setores. Perdemos muito quanto cientista social, pois a proposta a principio é a interdisciplinaridade, mas a latente situação na qual, até Weber acha que vaidade na academia não influi na produção de ciencia...Bom o CCA taí é hora de movimentar esse negócio!

Anônimo disse...

sacanagem esse curso estes professores fuleiros departamenta logo esta fuleragem, não pesta mesmo e mal visto por todo o ichl, fes e toda a Ufam,uma grande força os mestres escrotos nós favorecem para não dizer ao contrario! não são todos vejam bem, são apenas 02 ou 03 mais que prejudicam pra burro o curso e os alunos!por isso que muitos sairam fora do curso e com certeza vai aumentar a desistência dos alunos, pode esperar!

Anônimo disse...

CCA não têm força pra nada meu! o NCPAM têm mais se faz de surdo e mudo sabe e FARINHA DO mesmo saco!

Anônimo disse...

e uma merda!

Anônimo disse...

Ninguém reprova

Venho por este meio mostrar o meu apoio com a Sra. Ministra da Educação:

Os alunos devem ser passado a todo o custo; Um professor que reprova um aluno é um péssimo professor.



Tal como é pedido pela Sra. Ministra, a avaliação deve ser diária, para assim ser mais justo para com os que trabalham.

Eis as resposta de um aluno, do 7.º ano, desinteressado e distraído na sala de aula. Contudo, demonstra o estudo que efectua em casa, uma vez que, a maioria dos colegas nem às perguntas respondem.