IGARAPÉS
DE ME...LANCOLIA
Ellza
Souza (*)
Subi a pé, a avenida Municipal, Fileto Pires ou 7
de Setembro onde existem três graciosas pontes que em algum momento de nossa
esquecida história foram pontos de encontro, de passeios, de passagem de bonde.
Nesse momento o bom mesmo era ficar pra lá e pra cá com a família apreciando os
igarapés negros e limpos que escorriam ao redor do palácio Rio Negro. De um
lado e do outro. No entanto o homem foi se instalando na beira desses pequenos
rios que abundavam a nossa cidade. E as autoridades incentivando e deixando. Mesmo
com o emporcalhamento que fizeram com essas águas nada se compara ao que vi
esses dias sob tão graciosas passagens.
O
aterro sufocou os igarapés, isso é fato. Casas e parques estão montados sobre
eles. Agora não escorre mais água, manauenses ou manauaras, existe no local a
céu aberto pra qualquer morador e visitante da cidade ver e sentir, uma robusta
massa de excrementos humanos (foi a palavra mais suave para o que muitos seres
humanos chamam de número dois), paralisada ali à vista de todos, pululando de
micróbios e bactérias.
Aterrar
igarapés insanamente é aterrador, literalmente. Muita coisa poderia ter sido
feita diferente dessa atitude tão equivocada. Mesmo enterrado há muito tempo o
nosso igarapé do Espírito Santo onde hoje é a avenida Eduardo Ribeiro não
morreu completamente e imagino que está esperando o momento certo para
submergir. Me contaram que existe uma galeria ainda feita pelos ingleses (nem
vou dizer o lugar senão algum “urbanista” moderno vai lá e dinamita o local
para acabar de vez com a história) de onde se avista, ainda, lá no fundo o
famoso igarapé e nas paredes de pedra um brasão deixado por eles como uma marca
de sua passagem.
Mudaram
o terreno mas fizeram até bem feito ao contrário do que se vê hoje que sai a
água e entra a me..lancolia. Quem dera que fosse lixo, lama, mureru. Dêem só
uma olhadinha e constatem o descaso político. Nem a famigerada copa resolve
isso. Sempre falta mais e mais verbas para projetos tão insanos. Na verdade o
que falta mesmo é inteligência, eficiência e vontade de realizar. O projeto
para ser bom não precisa ser mirabolante e caro.
Faria
mais sentido se o Igarapé de Manaus, o Mestre Chico, o Mindú, o Franco, o
Quarenta e os mais de cem igarapés que já escorreram por aqui, estivessem vivos
e revitalizados nos dando peixes, beleza e... água, minha gente. Transformar
água em me...lancolia não foi um bom negócio pra ninguém. Nossas águas são
doces, calmas, belas mas não fresque não. Uma hora elas vão reagir e aí
criaturas indefesas vai todo mundo no bolo fecal. É bonito isso?
(*) É escritora, jornalista e
articulista do NCPAM/UFAM.
Um comentário:
Éisso mesmo. Nossos mercenários governantes não dão a mínima p a preservação ambiental de nosso, nosso município, nossa cidade. Eles querem é mais igarapés empesteados de invasores. É dessa forma imunda que eles adiquirem muita verba para engordar suas contas bancárias em outros países. Tá na cara que governo e prefeitura não estão preocupados com preservação ambiental. O que existe de verdade é muita propaganda mentirosa sobre o cuidado que o governador do Amazonas e o prefeito de Manaus estão cuidando do meio ambiente, papo furado, conversa pra enganar besta. Esses famigerados deviam ter pelo menos vergonha na cara de gastar tanto dinheiro público com propaganda mentirosa. A nossa cidade está uma verdadeira privada (latrina) o fedor é insuportável e esses canalhas na maior cara de pau, mentindo nesses eventos mirabolantes que não servem pra nada. É UM NOJO.
Postar um comentário