A COLINA EM FESTA
Nas
colinas de São Raimundo, seus moradores celebram a festa de seu santo padroeira
rezando as novenas, cantando, dançando suas manifestações folclóricas no
arraial da Igreja, participando da procissão no dia 31 de agosto, finalizando
com a missa em louvor ao seu santo fundador São Raimundo Nonato, o protetor das
parturientes, parteiras e dos comunitários do Bairro de São Raimundo de Manaus,
Ellza Souza (*)
A Igreja de São Raimundo existe desde o
final do século XIX e foi criada pelos primeiros moradores e pelo padre mauara
Raimundo Amâncio de Miranda que trouxe a primeira imagem do santo para o
bairro. A comunidade foi se espalhando pelas beiras do rio Negro e ladeiras,
sempre voltada para a religiosidade e a cultura. Talvez inspirados pelo
exuberante rio que circunda todo o local, São Raimundo cresceu entre boas
idéias e pacificamente.
As misses do carnaval, as manhãs de sol dos clubes, o cinema que das
casas dos moradores foi para o Cine Ideal até fechar banido pela modernidade. O
teatro deixado pelo padre Carlos Flhur e mais tarde incentivado pelas freiras.
O futebol da juventude que rendeu grupos de amigos como o JAP (Juventude
Atlética Paroquial), a catequese, o arraial com suas barraquinhas, bonecas
vivas e quitutes. O sino badalando forte para acordar os fiéis para a
missa das 7 da manhã de domingo.
O festival folclórico do professor José Nogueira que reconhece, entre
idas e vindas que “sou tradicional e gosto das danças antigas”. E graças
a isso o reconhecido festival marquesiano (Colégio Marquês de Santa Cruz)
retomou a sua consistência inicial e ao seu criador. Os banhos de praia e de
cacimba. As procissões como a de Corpus Cristis que davam um trabalho danado
para decorar a rua mas que todos faziam com amor. O padroeiro sempre foi
comemorado com procissões, novenas, arraial, manifestações culturais num
esforço e união entre a igreja e os moradores.
O bairro hoje sofre algumas dificuldades por conta do chamado progresso e
pela falta de uma educação mais eficiente em casa e nas escolas. Os malefícios
das drogas se espalham entre os jovens que não encontram à sua disposição as
boas idéias e bons líderes que o façam optar pela alegria, pela cultura, pelo
livro, pelo cinema, pelo teatro, pelo esporte. Soltos, vão sem rumo e não
conseguem nem avaliar a beleza que os circundam, seja nas águas pretas do rio
ou no pôr do sol alaranjado que se mostra no fim da tarde lá pras bandas da
“goela”.
(*) É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.
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