“Palavra
reta, sem curva do Benedito.”
Quis o sopro da
fortuna que o ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes imprimisse cor, inteligência
e força, sendo empossado na Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), a
maior Corte de Justiça no Brasil, no dia 22 de novembro, após as celebrações da
Consciência Negra, ato em louvor a rebeldia e a resistência de Zumbi dos
Palmares.
Ademir
Ramos (*)
No sábado (17), a Comuna Jaraqui, na
República Livre do Pina, fez um tributo ao Nestor Nascimento, militante dos
Direitos Humanos e um dos pilares do Movimento Negro no Amazonas, morto em
2003. Movido por esta razão fomos até a Praça 14 de janeiro articular com a
comunidade para participar da Comuna. Na oportunidade, encontramos Paulo Onça,
compositor da Escola Verde Rosa, que falou sobre o significado do ato, mas,
lembrava na oportunidade o quanto é importante também para a luta do povo negro,
das minorias e da igualdade racial, a coragem, determinação e competência de um
homem de “palavra reta, sem curva”.
O
bamba do samba, Paulo Onça chamava atenção pro sorriso e a retidão moral do
ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes, Relator da Ação Penal 470, conhecida
nas páginas do crime como “mensalão”. Mais ainda, quis o sopro da fortuna que o
ministro Joaquim Barbosa, doravante Benedito, imprimisse cor, inteligência e
força, sendo empossado na Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), a
maior Corte de Justiça no Brasil, no dia 22 de novembro, após as celebrações da
Consciência Negra, ato em louvor a rebeldia e a resistência de Zumbi dos
Palmares.
Para
o compositor da Verde Rosa, a palavra do Benedito não tem curva, como uma
flecha acerta frontalmente sua presa e resgata a dignidade de ser brasileiro,
reacendendo o orgulho negro, como bem explica Paulo Onça: “toda vez que vejo
com as vestes da corte sinto orgulho de minha gente, da cor e da nossa história”.
O
mais importante é que esse resgate jurídico, cultural e político resultam do combate
permanente a corrupção, a impunidade e a desfaçatez de algumas lideranças
partidárias que de forma fria e calculada afrontam o nosso povo e suas leis,
manipulando as instituições públicas e suas políticas para fins particulares na
perspectiva de se afirmar no comando do Estado como verdadeira quadrilha assentada
no crime, apostando na impunidade e nos vícios da magistratura.
Benedito,
em regime de colegiado, com a força da palavra adensada a sua história moral, faz
valer o cumprimento da Justiça como Relator do mensalão, julgando e condenando
os ladrões do povo. O ato tem ressonância nas ruas merecendo da Nação total
aprovação por um Brasil novo, que luta pela igualdade racial e por um País socialmente
justo que sonhamos juntos.
(*)
É professor, antropólogo, coordenador do Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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