DILMA
ESQUENTA NA CHAPA DA GLOBO
O
Esquenta, como estratégia de mobilização social, é muito melhor do que a
ratoeira dos partidos e quem sabe venha garantir a governabilidade.
Ademir
Ramos (*)
A
presidente Dilma Rousseff busca novas conexões para sair da alça de mira dos escândalos
envolvendo o seu partido e sua base aliada. Nesse domingo (9), a presidente
participou na Globo do programa Esquenta
de Regina Casé, falando de sua política de inclusão social, étnica e econômica,
na perspectiva de tornar o Brasil um
país competitivo no conjunto das nações.
Ainda sob o calor do
julgamento do Mensalão, com a
condenação dos líderes nacionais do PT chefiado por José Dirceu, o governo
Dilma pega outra traulitada, vindo do escritório da Presidência da República de
São Paulo, desta vez, encabeçada por Rosemary Noronha, que em nome do Lula,
interferia diretamente em nomeações no segundo e terceiro escalão do governo,
contrariando os interesses republicanos.
Estas e outras manifestações
de tráfico de influência, corrupção e formação de quadrilha tem sido a marca do
PT, que é o partido de origem da presidente Dilma Rousseff. Contudo, sem base
eleitoral no território nacional, a presidente Dilma, necessariamente distancia-se
do Lula e do PT frente aos holofotes, com propósito de salvaguardar a lisura de
seu mandado, buscando novas conexões para dar musculatura às decisões de
governo.
O primeiro desse embate
dar-se-á no Congresso Nacional frente à publicação da Medida Provisória (MP) N°
592, do dia 3 de dezembro, que destina à educação 100% dos royalties recolhidos
em futuros contratos de produção de petróleo e gás. A medida determina que o
recurso seja adicional aos mínimos exigidos pela Constituição. Cabe à União o repasse
de 18%; aos Estados e Municípios, 25%. Também à educação serão transferidos 50%
dos rendimentos do Fundo Social, integrado pelos recursos da exploração das
camadas pré-sal.
A MP será apreciada pelo
Poder Legislativo. Por isso, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, frente
aos holofotes tem feito apelos à sociedade para que se manifeste a favor da
vinculação integral dos royalties à educação. “Temos uma grande oportunidade
agora, no debate dos royalties, de dar um salto na educação brasileira”, afirma
o petista.
No entanto, até a presente
data o Senado Federal não aprovou o Plano Nacional de Educação e parece que
pouca importância faz sobre a matéria. O fato é que vozes contrárias se
levantam no Congresso Nacional contra a decisão da presidente Dilma Rousseff,
reclamando da fatia dos royalties para seus Estados e Municípios, alegando os
direitos da União sobre as riquezas do subsolo. Faz parte desse bloco, o
próprio Senador Eduardo Braga (PMDB), que depois do veto parcial da presidência
sobre a matéria, encontra-se silenciado, fazendo-se de morte.
O embate para aprovação da
MP 592/2012 transformou-se num cabo de guerra que passa pela eleição das mesas
do Senado e da Câmara Federal, onde o PMDB quer não só garantir a direção e
maioria dos cargos, como também catalisar força para as eleições de 2014, não
mais como coadjuvante, mas como cabeça de chapa no lugar de Dilma Rousseff,
recorrendo às medidas não convencionais para fazer valer a vontade das oligarquias
ruralistas regionais em conluio com os arrivistas da indústria nacional.
O PT fragmentado e sob a
pecha de um partido corrupto não leva muito jeito para os embates, fragilizando
a Presidência da República e empurrando cada vez mais a Dilma para o voto de
cabresto do PMDB capitaneado por Sarney e comanditas.
A dita oposição manifesta pelo PSDB e DEM
carece de liderança, é o que disse Fernando Henrique Cardoso referindo-se ao
candidato Aécio Neves, porque, segundo ele, não basta parecer é preciso se
fazer líder, agregando força para se firmar no cenário nacional e quem sabe estabelecer
liga com outros atores sociais na pactuação de um bloco histórico combativo.
A fragilidade da
Presidência da República deixa a Dilma sem chão, saindo da caverna do PT para a
fritura do PMDB. Sendo assim, o Esquenta da Globo, como estratégia de
mobilização social, é muito melhor do que a ratoeira dos partidos e quem sabe venha
garantir a governabilidade.
(*) É professor,
antropólogo, coordenador do Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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