CULTURA,
SOCIEDADE E PARTICIPAÇÃO POPULAR NA PRAÇA
DO JARAQUI
Ademir
Ramos (*)
O
melhor de uma nação é a cultura de sua gente, principalmente, quando esses
valores materiais e simbólicos encontram-se presentes nos processos sociais
formadores das políticas públicas como expressão de diversidade cultural. O enunciado faz-se necessário para contextualizar
as rodas de debates que a Comuna Jaraqui fará no sábado (24), a partir das 10h,
na Praça da Polícia, na República Livre do Pina, no Centro Histórico de Manaus.
Na ocasião os militantes da cultura querem discutir as políticas culturais do estado
quanto às Diretrizes, Metas e Estratégias que norteiam as políticas estadual e Municipal
numa perspectiva de política de Estado inserida num Sistema Nacional de Cultura.
Pois, até agora tem se visto ações de
governo que acontecem de forma eventual, isolada e moldada na figura de um
mandante aliado com grupos econômicos, a transplantar de determinado centro
cultural megaeventos para ser visto na Praça São Sebastião massageando o ego
dos iluminados e de uma elite consumidora de substratos culturais
pasteurizados.
A
ausência de uma política de Estado decorre da falta de autonomia das organizações
da sociedade civil e, principalmente, do segmento e setor cultural interessado.
Por falta desta autonomia as práticas decisória pautam-se na cooptação, no corporativismo
e nos favores messiânicos que exalam dos palácios governamentais de forma
eleitoreira, reduzindo a arte, a cultura e os saberes populares a imagem do
mandante da cultura local.
Soma-se a
isso a falta de planejamento de Estado quanto à cultura como bem e valor
estratégico, bem como matriz de desenvolvimento capaz de agregar valor a
produção regional qualificando produtos e serviços tanto na rede como nos
nichos de mercado.
Discute-se em nível
nacional nas plenárias das Conferências de Cultura o seguinte tema: "Uma Política de Estado Para a
Cultura: Desafios do Sistema Nacional de Cultura" desdobrado em
debates sobre a implementação do Sistema Nacional de Cultura em todo o país,
sobre a produção simbólica e diversidade cultural, sobre a cidadania e direitos
culturais, e sobre Cultura e desenvolvimento econômico, entre outras questões
postas pelos agentes locais.
No Amazonas, a Prefeitura de Manaus disponibiliza
em seu portal o link http://concultura.manaus.am.gov.br/pmc-manaus-2
para se apresentar sugestões e propostas referentes à formatação do Plano
Municipal de Cultura, contemplando as demandas dos segmentos e setores
produtivos de Manaus urbano e rural. O
Plano é sem dúvida uma plataforma necessária para afirmação do município na
rede da cultura nacional, no entanto se não for bem trabalhado pelos
agentes produtivos, pelo legislativo e o próprio poder executivo, não passará
de uma Carta de Intensões.
Para isso, é necessário
fortalecer os agentes produtivos, criar e instituir os equipamentos públicos
como meio instrumental sob a direção de agentes públicos qualificados capazes
de operar no sistema local e nacional em busca de parceiros para consecução dos
objetivos do Plano Municipal ou Estadual de Cultura ancorado na
participação e responsabilidade dos conselheiros de cultura e no poder
legislativo seguido por uma prática democrática, colegiada e participativa
longe dos interesses eleitoreiros, personalistas, religiosos e autoritários.
No
sábado (24), pela manhã, a partir da 10h, artistas do circo, os brincantes de
capoeira, artistas plásticos, os formuladores de políticas
públicos, os agentes públicos da Secretária de Estado e do Município, os
conselheiros de cultura, os sindicalistas,
os militantes das artes e da cultura estarão na Praça do Jaraqui para discutir
o que fazer e como fazer a Cultura no Amazonas se desenvolver longe da
miséria do apadrinhamento, do mandonismo dos iluminados, do descaso do governo
e da ignorância política de alguns parlamentares.
(*) É
professor, antropólogo, coordenador do Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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