quinta-feira, 29 de agosto de 2013

SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL: O QUE QUEREMOS?

Cleverson Redivo (*)
Com toda a atenção ao Programa MAIS MÉDICOS do Governo Federal percebemos que não existe uma política pública com pensamento e foco nos princípios doutrinadores do Sistema Único de Saúde (SUS) - Universalidade, Equidade e Integralidade da atenção à saúde. Quando pensamos em Universalidade podemos pensar em um sistema capaz de garantir acesso universal da população a bens e serviços que garantam sua saúde e bem-estar, de forma equitativa e integral. O programa, como bem dito, PROGRAMA – Mais Médicos é o reflexo ou o retrato do que a sociedade realmente precisa para buscar soluções para a atual situação do SUS?

Agora poderíamos ser demagogos e acreditar que nos chamados princípios estratégicos, que dizem respeito a diretrizes políticas, organizativas e operacionais, e que apontam “como” deve vir a ser constituído o “sistema” teríamos evoluído muito. Será? DESCENTRALIZAÇÃO – isso realmente existe no país? No sul e sudeste funciona de uma forma, no centro-oeste de outra, no nordeste de outra e no norte de outra. A descentralização atendeu as várias demandas políticas de naturezas diversas. Não houve um pensamento de nação. REGIONALIZAÇÃO – Vamos pensar no Amazonas! Como regionalizar um Estado com dimensões de Países? No Paraná tem deficiências,  em Alagoas tem incongruências. Como pensar Regionalização num país Continental? HIERARQUIZAÇÃO – Aqui o Sistema (SUS) se prostituiu de verdade... são várias mães de um determinado serviço e ninguém realmente assume a gestão do problema. Governo Federal faz atenção primária até a quaternária (Transplantes). Governos de Estados interferem na Gestão de Municípios e consomem os recursos da atividade fim com estruturas obsoletas na atividade meio. Por fim a PARTICIPAÇÃO SOCIAL – um engodo de democracia.
Na maioria dos pequenos municípios brasileiros os conselheiros são escolhidos a dedo pelo secretário ou pelo prefeito, e são meros cúmplices dos desmandos administrativos. No nosso Brasil não existe pensamento de nação sobre a gestão da Saúde Pública, os governantes regionalizaram os interesses pessoais, hierarquizaram os benefícios para os já assistidos, e a participação social não passa de “conto da carochinha”. E então, o que queremos para a saúde do Povo Brasileiro?
(*) É médico e professor da Universidade Federal do Amazonas. 

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