Mensalão nos Cadernos Escolares
Lidiane Duarte (*)
Mensalão. Assim ficou conhecido e popularizado o esquema de
compra de votos de parlamentares, deflagrado no primeiro mandato do governo
de Luís Inácio Lula da Silva (PT – Partido dos Trabalhadores).
Já havia rumores
desta “venda” de votos por parte de deputados, mas nada fora comprovado. Até
este esquema ser escancarado pelo então deputado federal Roberto
Jefferson (PTB – RJ), em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, no
início de junho de 2005.
Roberto Jefferson era
acusado de envolvimento em processos de licitações fraudulentas,
praticadas por funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
(ECT), ligados ao PTB, partido do qual ele era presidente. Antes que uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) fosse instalada para apurar o caso dos Correios, o deputado
decidiu denunciar o caso Mensalão.
Segundo Jefferson,
deputados da base aliada do PT recebiam uma “mesada” de R$ 30 mil para votarem
segundo as orientações do governo. Estes parlamentares, os “mensaleiros”,
seriam do PL (Partido Liberal), PP (Partido Progressista), PMDB (Partido do
Movimento Democrático Brasileiro) e do próprio PTB (Partido Trabalhista
Brasileiro).
Um núcleo seria
responsável pela compra dos votos e também pelo suborno por meio de cargos em
empresas públicas. José Dirceu, Ministro da Casa Civil na época, foi
apontado como o chefe do esquema. Delúbio Soares, tesoureiro do PT,
era quem efetuava o pagamento aos “mensaleiros”. Com o dinheiro em mãos, o
grupo também teria saldado dívidas do PT e gastos com as campanhas eleitorais.
Marcos
Valério Fernandes de Souza, publicitário
e dono das agências que mais detinham contrato de trabalho com órgãos do
governo, seria o operador do Mensalão. Valério arrecadava o dinheiro junto a
empresas estatais e privadas e em bancos, através de empréstimos que nunca
foram pagos. Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária do
publicitário, foi uma das testemunhas que confirmou o esquema, apelidado de “valerioduto”.
Outras figuras de
destaque no governo e no PT também foram apontadas como participantes do
mensalão, tais como:José Genoino (presidente do PT), Sílvio
Pereira (Secretário do PT), João Paulo Cunha (Presidente
da Câmara dos Deputados), Ministro das Comunicações, Luiz Gushiken,
Ministro dos Transportes, Anderson Adauto, e até mesmo o Ministro
da Fazenda, Antonio Palocci.
Todos os acusados
foram afastados do cargo que ocupavam. Embora não houvesse provas concretas do
esquema de corrupção, os envolvidos não conseguiram se defender de forma
contundente durante os interrogatórios à CPI dos Correios, instaurada para
investigar o caso.
Lula negou que
soubesse do Mensalão. O próprio Roberto Jefferson o poupou das acusações.
Enquanto seus homens fortes caiam, Lula conseguiu se manter no cargo e ainda se
reeleger, em 2006.
Em agosto de 2007,
mais de dois anos após ser denunciado o esquema, o STF (Supremo Tribunal
Federal) acatou a denúncia da Procuradoria Geral da República e abriu processo
contra quarenta envolvidos no escândalo do Mensalão. Entre os réus, estão: José
Dirceu, Luiz Gushiken, Anderson Adauto, João Paulo Cunha, Marcos Valério,
Roberto Jefferson, os quais responderão por crime de corrupção passiva e ativa, formação de quadrilha,
lavagem de dinheiro, entre outros.
(*) É articulista da InfoEscola.
Fonte: http://www.infoescola.com/politica/mensalao/
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