OUTUBRO
É O MÊS DE LUTA PELA EDUCAÇÃO NO AMAZONAS
Ademir
Ramos (*)
Recentemente participei de um enfrentamento dos
professores junto à Assembleia Legislativa do Estado como ato afirmativo em
favor dos direitos dos trabalhadores da educação para garantir a efetividade de
um Plano de Cargos, Carreiras e Salários, fazendo valer o piso nacional dos
professores, bem como o cumprimento da carga horária, que contemple as
atividades pedagógicas fora da sala de aula, visando à formação continuada
desses profissionais, bem como melhores condições de trabalho, saúde e a permanência
desses trabalhadores em seu ambiente familiar.
A luta desses
profissionais tem sido bastante árdua e, muito mais ainda, quando não conta com
apoio de suas corporações sindicais nesses embates por estarem cooptadas pelo
governo, que pouco ou quase nada faz para o desenvolvimento da educação, em
vista da construção coletiva de uma política de Estado referenciada em um novo
paradigma. No mês de outubro teremos novas manifestações dos trabalhadores da educação
para marcar as celebrações pelo dia do professor, como também pela realização
da III Conferência Estadual de Educação do Amazonas.
Outubro promete
grandes manifestações de rua por todo o Brasil, em particular no Amazonas. No
dia 15 (terça-feira), dia do professor, os trabalhadores prometem fazer várias
manifestações públicas dando visibilidade a precariedade das condições de
trabalho em que se encontra a categoria. Na oportunidade deverão divulgar sua
pauta de reivindicação fazendo com que os governantes reabram as negociações
quanto à questão salarial e demais planos adicionais no que diz respeito à
alimentação, transporte, saúde e os programas de formação continuada. Estas
manifestações deverão se confrontar com as programações oficiais movidas pelo “pão
e circo” em ritmo eleitoral, a destratar os professores, a comunidade escolar e
todos os seus familiares.
Em ato contínuo, no
dia 16, 17 e 18, de outubro o Fórum Estadual de Educação do Amazonas, que reúne
mais de 30 entidades e organizações de educação do Estado, estará se reunindo
no Studio 5, em Manaus, congregando mais de 300 delegados eleitos pelas
conferências municipais, setores e segmentos educacionais, para participarem da
III Conferência Estadual de Educação - CONAE/AM.
A Conferência é uma
exigência do governo federal, mobilizando os setores e segmentos educacionais
de todo o Estado para discutir os Eixos temáticos propostos pelo Fórum Nacional
de Educação, criando um campo favorável para afirmação do PNE (Plano Nacional de Educação) na Articulação do Sistema Nacional de
Educação: participação popular, cooperação federativa e regime de colaboração.
O resultado dessa discussão será apresentado em Brasília pelos Delegados
eleitos nas Conferências Estaduais, credenciados a participarem da Conferência
Nacional de Educação, datada para o dia 19 a 21 de fevereiro de 2014.
Os Eixos são: 1. O plano Nacional de Educação e o Sistema
Nacional de Educação; 2. Educação e Diversidade: Justiça Social, Inclusão e
Direitos Humanos; 3.Educação Trabalho e Desenvolvimento Sustentável: cultura,
ciência, tecnologia, saúde, meio ambiente; 4.Qualidade da Educação:
Democratização do Acesso, Permanência, Avaliação, Condições de participação e
Aprendizagem; 5. Gestão Democrática, Participação Popular e Controle Social; 6.
Valorização dos Profissionais da Educação: Formação, Remuneração, Carreira e
Condições de Trabalho; 7.Financiamento da Educação, Gestão, Transparência e
Controle Social dos Recursos.
O formato das
discussões dos Eixos pouco ou quase nada contribuiu para clarificar a
problemática local tampouco serviu também para mobilizar lideranças sociais,
comunitárias e parlamentares criando uma plataforma em defesa das garantias
educacionais. Estes debates foram feitos de cima pra baixo deslocadas da
problemática local, sem o compromisso dos agentes públicos e muito longe dos
movimentos sociais e das academias. A tensão e o conflito estão presentes e
podem ser conferidos nos debates da CONAE/AM com muito formalismo e pouca criatividade
tanto na política educacional como nas formas de controle social. No curso das
ações a virada pode acontecer transformando o morno momento na disputa quente
para se afirmar um projeto educacional autônomo, participativo, responsável,
sob o controle das comunidades de ensino, em cumprimento as metas reciprocamente
definidas entre os atores no processo de aprendizagem.
(*) É Professor,
antropólogo, coordenador do projeto Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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