O QUE DIZER DOS NOVOS
PARTIDOS
Ademir Ramos (*)
Entre
mortes e feridos todos bateram em retiradas, bem no gênero do Vicente Matheus,
que entrava na chuva pra se queimar. É o crioulo que virou samba deixando a
nação perplexa quanto à multiplicação dos partidos movida pela dança dos
parlamentares que disputam entre si o
poder de barganhar junto ao governo o latifúndio político traduzido em cargos e
apoio financeiro para assegurar a reeleição ou quem sabe a sua estreia na
passarela política com fantasia de Zé Bonitinho ou de Giselle, a espiã nua que
abalou a província.
O fato é que a criação dos novos partidos virou indústria,
contando com apoio dos cartolas que tornaram a política numa banca de jogo,
onde “o quero mais” se transformou em palavra de ordem fomentando o apetite voraz
das oligarquias. E tudo comandado por Brasília em conluio com agentes regionais
representando interesses de corporações privadas em total contrapondo aos
valores Republicanos. Captam-se assinaturas, requer o CNPJ, recorrem-se aos
cartórios, aprova-se no Supremo e tudo parece legal se assim for da vontade do
mandatário.
O enredo do Partido é a Sigla, que foi pensada pelo
marqueteiro, o Estatuto é a própria avenida por impor aos políticos a mesma
cadencia, embora em cartório digam que é original e blá, blá, blá. Tudo copiado
com alterações de alguns compassos, mas a batida é a mesma. E o povo? - Na arquibancada talvez esperando a hora de
invadir a avenida pra varrer o lixo político tão presente no cenário local e
nacional.
(*) É professor, antropólogo, coordenador do Projeto Jaraqui
e do NCPAM/UFAM.
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