quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O QUE DIZER DOS NOVOS PARTIDOS

Ademir Ramos (*)

Entre mortes e feridos todos bateram em retiradas, bem no gênero do Vicente Matheus, que entrava na chuva pra se queimar. É o crioulo que virou samba deixando a nação perplexa quanto à multiplicação dos partidos movida pela dança dos parlamentares que disputam entre si  o poder de barganhar junto ao governo o latifúndio político traduzido em cargos e apoio financeiro para assegurar a reeleição ou quem sabe a sua estreia na passarela política com fantasia de Zé Bonitinho ou de Giselle, a espiã nua que abalou a província.

O fato é que a criação dos novos partidos virou indústria, contando com apoio dos cartolas que tornaram a política numa banca de jogo, onde “o quero mais” se transformou em palavra de ordem fomentando o apetite voraz das oligarquias. E tudo comandado por Brasília em conluio com agentes regionais representando interesses de corporações privadas em total contrapondo aos valores Republicanos. Captam-se assinaturas, requer o CNPJ, recorrem-se aos cartórios, aprova-se no Supremo e tudo parece legal se assim for da vontade do mandatário.

O enredo do Partido é a Sigla, que foi pensada pelo marqueteiro, o Estatuto é a própria avenida por impor aos políticos a mesma cadencia, embora em cartório digam que é original e blá, blá, blá. Tudo copiado com alterações de alguns compassos, mas a batida é a mesma. E o povo? -  Na arquibancada talvez esperando a hora de invadir a avenida pra varrer o lixo político tão presente no cenário local e nacional.      


(*) É professor, antropólogo, coordenador do Projeto Jaraqui e do NCPAM/UFAM.

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