terça-feira, 4 de novembro de 2008

CIDADANIA, O CAMINHO PARA UMA NAÇÃO DEMOCRÁTICA




A concepção de cidadania, desenvolvida por Rousseau, no século XVIII, é originada da noção grega de “polis” (cidade), à qual se liga “politikos” (político = ser social). Nesta perspectiva, a cidadania é vista como um direito coletivo, que, favorecendo o desenvolvimento da individualidade, pressupõe a ação política e sua socialização. Tendo como suporte uma legislação que procura levar em conta os princípios de igualdade e de liberdade, ela implica não só direitos do indivíduo, mas também seus deveres na sociedade.

Na visão de Paulo Freire (1981- Pedagogia do oprimido), é possível mudar a realidade do indivíduo, se considerado o contexto em que está inserido, uma vez que a mudança supõe aproximação ao objeto desejado e compromisso com o vir a ser. Diante disso, estar dentro do sistema é garantir espaços de participação. Estar fora dele é poder observá-lo, sem deixar se absorver por suas estruturas e lutar para sua transformação.

Isso requer a implicação de agentes locais e externos, criando uma rede de emancipação e de busca por melhores condições de vida. Nesse processo inovador, neste novo século, vale ressaltar as profundas modificações éticas, científicas e culturais produzidas por uma sociedade em processo acelerado de transformação, cabendo à educação um papel determinante no desenvolvimento do ser humano.

Nesse sentido, o NCPAM, através do apoio da UFAM / PROEXTI, oportuniza aos moradores do bairro Colônia Antônio Aleixo, atividades de reflexão e mudança social através das Oficinas Política e de Educação Etno–Racial, no intuito de combater as mais diferentes formas de discriminação, racismo e outras formas de exclusão, principalmente em atividades crítico reflexivas em que é possível a aquisição de saberes até então marginalizados e a desconstrução das hierarquias entre as culturas.

Outro momento relevante tem sido propiciado na oficina de política , onde diferentes temas têm sido discutidos, entre eles: os direitos do cidadão, democracia, ética, políticas públicas e política; discussões estas que, segundo a Direção da Escola Municipal Violeta de Matos Areosa, provocaram mudanças significativas e já percebidas no cotidiano escolar dos alunos participantes das oficinas, ressaltando a oportunidade de participação ativa dos alunos e comunitários nas discussões, tornando um momento de aprendizado significativo.

Conforme esclarece Barbalet (1989, p. 11-12), a cidadania encerra manifestamente uma dimensão política, mas a prática mostra que isto não é suficiente para que ela seja compreendida. O problema está em quem pode exercê-la e em que termos ela é exercida.

Reconhecendo a problemática, o NCPAM viabilizou discussões pertinentes à realidade da comunidade ali presente, considerando questões como cidadania, condição humana, meio ambiente e educação, abrindo espaços de discussão sobre a Escola que temos; a escola que queremos e o que estamos fazendo para conquistá-la, e ainda sobre o futuro do Lago do Aleixo, que sofre ardilosamente os efeitos dos maus tratos causados pelas madeireiras presentes no local. O NCPAM ampliou também as discussões concernentes as dimensões sociais, econômicas, e ambientais na comunidade, referentes as pretensões de empresários , no que tange a projetos portuários para o local.

As atividades de extensão realizadas pelo NCPAM têm recebido da comunidade e corpo técnico da Escola Municipal Violeta Areosa – direção e professores, conceitos de excelência pelo relevante trabalho realizado junto à comunidade, o que reforça nosso compromisso social, e fundamenta a extensão como um campo importante do conhecimento.

Queremos ainda, ressaltar a visita do Prof. Marcos Barros, ex – Reitor da UFAM, que nos prestigiou, no último dia 23 (Quinta – feira), com sua presença em mais um dia de atividades na Colônia Antônio Aleixo, “Revelou sua alegria em voltar àquela comunidade, pois nos anos de 1976 a 79, atuou como Diretor Clínico do Hospital – Colônia, e sua preocupação referente as mudanças ambientais, sobretudo ao ver as fotos em slide do Lago do Aleixo, que mostram as condições precárias do lago e seu entorno, causadas pelo desrespeito das madeireiras ali existentes. Lembrou ainda, em suas palavras os laços de afetividade, e política, estabelecidos no tempo em que passava os finais de semana na comunidade a cuidar dos doentes.

Mostrou-se feliz em ver a comunidade estudantil, envolvida nas discussões de temas relevantes, e com palavras de incentivo, parabenizando a UFAM pela iniciativa, salientou que a política rege e direciona a vida das pessoas, e que debates desta natureza, favorecem a democracia e enriquecem o conhecimento.

Assim, continuamos nosso compromisso, honrados por sermos parceiros nessa construção da cidadania.

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