domingo, 16 de novembro de 2008

MANIFESTO EM PROL DA COMUNIDADE COLÔNIA ANTONIO ALEIXO

A Colônia Antonio Aleixo, bairro localizado na cidade de Manaus, instituída a partir de 1937, para o tratamento dos hansenianos, perdurou até 1979, quando oficialmente foi desativada pelo Governo do Estado. Desde então, novas famílias foram incorporadas ao território, somando hoje um total de 60.000 pessoas. Do passado, além do patrimônio edificado, restaram lembranças dos moradores relativos à vida em comunidade. A história desse território e de sua gente é marcada pela especificidade de sua iconografia, que denuncia uma época de reclusão e dor, manifestando-se no presente, em forma de preconceito e de estigma contra os moradores habitantes dessas terras com lindas paisagens nos arredores de Manaus, na proximidade do encontro das águas (Rio Negro e Solimões).

Neste sentido, a partir de 2008, a UFAM, por meio do Núcleo de Cultura Política do Amazonas, através do Programa de Ação Curricular da Pró-Reitoria de Extensão e Interiorização, com apoio logístico do Centro Social e Educacional do Lago do Aleixo e demais lideranças comunitárias local, vem desenvolvendo ações no Bairro voltadas à comunidade escolar. Dessas ações, resultaram a formulação de projetos transdisciplinares comprometidos com a valorização e inclusão social dos comunitários do bairro, contribuindo culturalmente com o resgate da condição humana e afirmação da cidadania destes moradores, valorizando a história de vida e as representações simbólicas dessa gente, em interação com as Escolas e os demais meios de difusão da cultura, combatendo o preconceito e a discriminação social.

Dessa feita, entendemos que o reconhecimento do Lago do Aleixo como símbolo de resistência e afirmação identitária da comunidade faz-se necessário, pois este representava o único elo da comunidade para com o restante da cidade, no tempo do leprosário. Como tal, salientamos que cabe ao Governo do Estado valorizá-lo como ícone comunal, tomando medidas que o ampare ambientalmente, sem prejuízo de sua integridade. Entendemos, dessa forma, que o Terminal Portuário das Lages agride esta integridade física, pois prevê a construção do porto na principal área de acesso, causando prejuízos aos comunitários que precisam do lago para locomoção e bem-estar. Tal afirmação pauta-se na leitura que o NCPAM fez do Estudo de Impacto Ambiental - Relatório de Imapcto ao Meio Ambiente (EIA-RIMA) sobre a implementação do Porto das Lages, onde as explicitações acerca dos impactos sociais e ambientais apresentam-se insuficientes, não garantindo, desta forma, a integridade do Lago.

Dito isto, o Núcleo de Cultura Política do Amazonas posiciona-se em favor da comunidade quanto ao projeto do Terminal Portuário das Lages. A comunidade necessita, sim, de revitalização e valorização de seu território a partir da afirmação identitária de seu espaço e iconografia específicas e não de um porto flutuante que comprometa o usufruto comunal do lago em atividades diversas como a pesca, lazer e acesso fluvial.

Sem mais no momento,

A direção.

Nenhum comentário: