terça-feira, 25 de novembro de 2008

A RACIONALIDADE DO EMPREENDEDORISMO


Ademir Ramos*


A mensagem do empreendedorismo circula o mundo todo, animando lideranças a participarem de ações coletivas ou implementando projetos individuais centrados na prática das oportunidades de negócios. Em algumas culturas, essa modalidade de investimento faz parte de um processo pedagógico originado na própria escola e universidades, incentivando as comunidades escolares a avaliarem, analisarem e proporem novos negócios, gerando serviços e produtos públicos ou privados.

Esse novo procedimento deve pautar-se nas competências e habilidades de cada liderança, fazendo com que possam reinventar o fazer, sabendo o que querem e calculando os riscos a serem enfrentados, com margem de manobra para novas perspectivas operacionais, visando fim com clareza dos meios.

Nessa conjuntura, é importante que se tenha clareza das oportunidades de mercado quanto aos serviços e produtos demandados. No primeiro momento, sem instrumento de pesquisa de mercado se aposta muito no imediato, o que deve ser feito com cautela para não se tornar prisioneiro do presente, afundando em dívidas e incerteza.

O imediato deve ser apenas um pretexto para se alcançar o fim, que são os objetivos definidos no planejamento feito para a elaboração do primeiro ensaio, quando se concebeu o projeto. Pois não basta querer é necessário definir os meios, as ferramentas, os recursos, os parceiros, que irão subsidiar a implementação do projeto seguido de um cronograma de ações, visando o cumprimento dos objetivos.

No Brasil, em geral, pela nossa formação histórica, muitas vezes, ficamos no meio do caminho porque antes de fazer acontecer queremos definir o estatuto ou até mesmo o valor do salário que vamos ganhar, mesmo sem ter iniciado os negócios. É como se diz brincando, que o fulano mal começou a trabalhar já está querendo férias. É preciso lembrar, constantemente, que para colher é preciso plantar.

O certo é que qualquer negócio exige dos seus atores inteligência operacional, definição de estratégia, seguido de respeito e credibilidade. Essa racionalidade supera de imediato a questão econômica que, muitas vezes, é o único pleito reivindicado por aqueles que pretendem iniciar um negócio próprio.

O comportamento das lideranças fundamentado nos predicativos acima mencionados é, sem dúvida, determinante para o sucesso do empreendimento. Não, não é preciso ser formado pela academia para abrir uma empresa. O importante, que esta liderança tenha uma atitude reflexiva capaz de perceber o que é e conceber o fazer com competência e habilidade, transformando oportunidade em negócios.

Em suma, não basta ter vontade é preciso ter qualidade e competência no desempenho da missão. Algumas lideranças têm mais facilidades do que outras para operar determinados projetos. Umas precisam de leituras densas e consultorias enquanto outras lideranças têm em si o discernimento agudo das ações no saber-fazer. No entanto, ambas conquistam o sucesso com estilo e luz própria. Enfim, a diversidade na produção e serviço é tão importante quanto às diferentes competências e habilidades dos empreendedores no mercado, porque o mundo é de quem faz.

Numa economia informal significativa como a brasileira, bem que o os governantes poderiam facilitar a vida dos empreendedores, implementando programas de formação, capacitação e financiamento com juro baixo e retorno imediato, em parceria com o terceiro setor, debelando os vícios corrosivos dos desvios de função e propósito tão repetitivos nos últimos dias quanto à corrupção a começar, com certas exceções, penalizando as Agências Formadoras.


* Coordenador Geral do NCPAM, antropólogo e professor da UFAM.

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