VAIA
MEXE COM O BRIO DO PT
Ademir
Ramos (*)
Não
adiante fazer cara de paisagem. A sonora vaia que a presidente Dilma Rousseff
levou na abertura da Copa das Confederações, em Brasília, no sábado (15), mexeu
com o brio dos petistas e começaram a jogar meleca um no outro tentando buscar
um culpado. O fato é que a vaia tem eco e pode se multiplicar nos estádios como
um bordão dos indignados e insatisfeitos frente à política do governo Dilma,
que tem feito pouco caso as questões estruturantes, voltando-se muito mais para
os programas eventuais de políticas compensatórias.
A vaia é uma manifestação
legítima, principalmente, em se tratando dos espetáculos de massa. O
diferencial e específico no caso da Abertura da Copa das Confederações é o
processo seletivo, visto que o custo dos ingressos impostos pela FIFA, com aval
do governo brasileiro, corresponde a R$ 500,00, aproximadamente, deixando os
beneficiários dos programas populares fora dos estádios. Trata-se, portanto, de
uma vaia seletiva das elites que gritam por estabilidade econômica; mais
educação, cultura e ciência; segurança para todos; saúde de qualidade;
empregabilidade e paz no campo, garantindo o direito dos produtores familiares,
bem como das comunidades tradicionais e das nações indígenas quanto à
demarcação e garantia de suas terras, bem como também a sustentabilidade de
suas comunidades.
Sob os holofotes nos
estádios, os petistas, possivelmente ouvirão novos protestos no coliseu da Copa,
sendo julgado e execrados pelas massas esclarecidas, que reclamam da volta da
inflação; do vultoso investimento público feito nas construções dos estádios sem
consequência imediata nas políticas estruturantes de Estado. E assim, marcado
pelo PMDB, o governo Dilma patina no lodo do mensalão e do centralismo
político, não conseguindo realizar os gols prometidos.
A tropa de choque da Dilma
já começa argumentar a possibilidade de flexionar as ordens da FIFA,
estabelecendo por lei cotas para os excluídos, voltando aos estádios à presença
da geral. De pronto não será possível realizar tal feito, mas começa-se a
discutir esta possibilidade para a Copa 2014 as vésperas das eleições. Os
petistas mais roxo dizem que é necessário aproximar a Dilma do Zé (José Dirceu),
mesmo que seja na ribalta da política, reconhecendo que só ele é capaz de
segurar o mandonismo da chefona, como é conhecida nos bastidores.
Sem direção política e
metas estruturantes, o governo Dilma corre o risco de ficar isolado, com sua
base aliada fragmentada por múltiplos interesses, comportando-se de forma
vacilante e trôpego embalado por atos populistas visando unicamente o sucesso
nas urnas. Na verdade, quando as vaias ganham as ruas, os aliados somem das
praças tentando proteger os seus lastros eleitorais para as próximas disputas
majoritárias e proporcionais.
(*) É professor,
antropólogo, coordenador do Projeto Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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