domingo, 16 de junho de 2013

VAIA MEXE COM O BRIO DO PT

Ademir Ramos (*)
Não adiante fazer cara de paisagem. A sonora vaia que a presidente Dilma Rousseff levou na abertura da Copa das Confederações, em Brasília, no sábado (15), mexeu com o brio dos petistas e começaram a jogar meleca um no outro tentando buscar um culpado. O fato é que a vaia tem eco e pode se multiplicar nos estádios como um bordão dos indignados e insatisfeitos frente à política do governo Dilma, que tem feito pouco caso as questões estruturantes, voltando-se muito mais para os programas eventuais de políticas compensatórias.

A vaia é uma manifestação legítima, principalmente, em se tratando dos espetáculos de massa. O diferencial e específico no caso da Abertura da Copa das Confederações é o processo seletivo, visto que o custo dos ingressos impostos pela FIFA, com aval do governo brasileiro, corresponde a R$ 500,00, aproximadamente, deixando os beneficiários dos programas populares fora dos estádios. Trata-se, portanto, de uma vaia seletiva das elites que gritam por estabilidade econômica; mais educação, cultura e ciência; segurança para todos; saúde de qualidade; empregabilidade e paz no campo, garantindo o direito dos produtores familiares, bem como das comunidades tradicionais e das nações indígenas quanto à demarcação e garantia de suas terras, bem como também a sustentabilidade de suas comunidades.

Sob os holofotes nos estádios, os petistas, possivelmente ouvirão novos protestos no coliseu da Copa, sendo julgado e execrados pelas massas esclarecidas, que reclamam da volta da inflação; do vultoso investimento público feito nas construções dos estádios sem consequência imediata nas políticas estruturantes de Estado. E assim, marcado pelo PMDB, o governo Dilma patina no lodo do mensalão e do centralismo político, não conseguindo realizar os gols prometidos.       

A tropa de choque da Dilma já começa argumentar a possibilidade de flexionar as ordens da FIFA, estabelecendo por lei cotas para os excluídos, voltando aos estádios à presença da geral. De pronto não será possível realizar tal feito, mas começa-se a discutir esta possibilidade para a Copa 2014 as vésperas das eleições. Os petistas mais roxo dizem que é necessário aproximar a Dilma do Zé (José Dirceu), mesmo que seja na ribalta da política, reconhecendo que só ele é capaz de segurar o mandonismo da chefona, como é conhecida nos bastidores.

Sem direção política e metas estruturantes, o governo Dilma corre o risco de ficar isolado, com sua base aliada fragmentada por múltiplos interesses, comportando-se de forma vacilante e trôpego embalado por atos populistas visando unicamente o sucesso nas urnas. Na verdade, quando as vaias ganham as ruas, os aliados somem das praças tentando proteger os seus lastros eleitorais para as próximas disputas majoritárias e proporcionais.


(*) É professor, antropólogo, coordenador do Projeto Jaraqui e do NCPAM/UFAM.          

Nenhum comentário: