ELEIÇÕES NO AMAZONAS E
OS BASTIDORES DA POLÍTICA
Ademir Ramos (*)
Eles só pensam naquilo, o voto na urna e
o sucesso eleitoral. Contudo, é preciso atentar para o cumprimento das datas
limites e, sobretudo, para a composição do cenário das coligações de olho no
tempo de televisão. Além disso, é necessário examinar a sua folha corrida para
saber se não tem nada que abomine sua candidatura tanto nos tribunais como no
próprio partido. Como se não bastasse, é bom ficar em alerta para as
negociações majoritárias em Brasília, buscando convencer os caciques dos
partidos quanto à especificidade local, oferecendo palanques para as candidaturas
a Presidência da República.
Esta
arte requer muito mais do que o poder da maquina, requer poder de convencimento
e habilidade no trato das composições, oferecendo oportunidades que pareçam viáveis
e, nesse contexto, as conversações respaldam-se em variáveis quantitativas e
qualitativas chamando para si a responsabilidade da decisão. Nesse jogo dos
encantados vale tudo, só não vale ficar isolado sem rendimento nenhum nas
pesquisas eleitorais. Visto que, a decisão de quem apoia ou não passa com
absoluta certeza pela o quantitativo nas pesquisas.
O
tempero da política é a paixão, ela que dá gosto às práticas e aos sonhos que
se alimentam de esperança na possibilidade de realização às vezes mais, muito
mais subjetiva, em prejuízo das políticas públicas distributivas. Mas, o
encantamento é o mesmo e faz necessário para mover homens, mulheres e partidos
a entrarem no jogo das disputas eleitorais. Contudo, para o banquete ser completo
é necessário o ingrediente, pois, o insumo da política é a aceitação popular,
que hoje é mensurada sistematicamente por pesquisa internas e externas.
A
definição e batida do martelo pelos líderes das oligarquias regionais ou local,
em favor de um candidato, em detrimento de outro, dar-se-á muito mais pelo
presente do que pela potencialidade de crescimento do nome do pretenso candidato
no universo eleitoral local. Lembrando ainda que a decisão a ser tomada requer leitura
objetiva tanto do presente quanto do cenário futuro a enfrentar, considerando
seus aliados contra os oponentes que se apresentam, bem como suas armas a serem
manuseadas neste processo.
No
Amazonas, no campo majoritário situacional esta responsabilidade requer coragem do senhor governador Omar Aziz (PSD), que é fração de um grupo
formado por Amazonino Mendes (PDT) e Eduardo Braga (PMDB). Esta articulação é o
primeiro passo a ser dado para sustentação de uma unidade na ação da oligarquia
dominante. No entanto, como o drama da política se repete às avessas pode Omar
Aziz romper com os seus aliados históricos, buscando carreira solo na
perspectiva de formar um novo bloco se afirmando como liderança regional,
optando por uma nova candidatura que pode ser o Vice-governador José Melo (PROS)
ou pelo nome do Prefeito de Manaus Artur Neto (PSDB).
O
tempo é implacável. No dia 05 de abril próximo, o atual governador do Amazonas,
Omar Aziz vai ter que definir o seu futuro político. Isto é, se continuar no
governo é sinal de que vai até o final para gerenciar o sucesso nas urnas, controlando
a chave do cofre, em favor de uma unidade responsável que resulte na
prosperidade do povo do Amazonas, considerando o desempenho do líder do governo
Dilma, no Congresso Nacional, mais ainda, a disposição de Amazonino no enfrentamento
da defesa da Zona Franca e dos interesses local.
O
consenso é uma construção que requer determinação e coragem dos agentes responsáveis,
capazes de pensar acima dos interesses pessoais e de grupos. Tudo isso é uma
possibilidade, evitando desta feita a perversa disputa que se acena entre os
concorrentes o que pode sem dúvida fazer crescer a oposição no Estado capitaneado
pelo PSDB que tem as mãos a Prefeitura de Manaus.
O
afastamento do governador Omar Aziz, faz do vice-governador, o senhor dos anéis,
devendo gerenciar as articulações em torno do seu nome com o aval de Omar Aziz,
valendo com propriedade o dito Kantiano: “aquele que se torna verme não pode
reclamar por ser pisado”.
A
oposição nesta circunstancia sai do campo estruturante e desloca-se para
afirmação de um novo bloco, propugnando por alianças tanto no campo majoritário
como no proporcional. É o caso do PSOL que começa a dar evidencia a candidatura
do ex-prefeito e ex-deputado Abel Alves, com força oriunda do interior do
Estado, com vontade de fazer um grande banzeiro nas fileiras institucionais se
a inteligência dos partidos de oposição captar o sentimento de mudança do
Brasil e, particularmente, do Amazonas. É o condicional numa perspectiva histórica.
(*)
É antropólogo, coordenador do Projeto Jaraqui e do Núcleo de Cultura Política
da UFAM.
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