domingo, 9 de março de 2014



ELEIÇÕES NO AMAZONAS E OS BASTIDORES DA POLÍTICA




Ademir Ramos (*)

Eles só pensam naquilo, o voto na urna e o sucesso eleitoral. Contudo, é preciso atentar para o cumprimento das datas limites e, sobretudo, para a composição do cenário das coligações de olho no tempo de televisão. Além disso, é necessário examinar a sua folha corrida para saber se não tem nada que abomine sua candidatura tanto nos tribunais como no próprio partido. Como se não bastasse, é bom ficar em alerta para as negociações majoritárias em Brasília, buscando convencer os caciques dos partidos quanto à especificidade local, oferecendo palanques para as candidaturas a Presidência da República.

Esta arte requer muito mais do que o poder da maquina, requer poder de convencimento e habilidade no trato das composições, oferecendo oportunidades que pareçam viáveis e, nesse contexto, as conversações respaldam-se em variáveis quantitativas e qualitativas chamando para si a responsabilidade da decisão. Nesse jogo dos encantados vale tudo, só não vale ficar isolado sem rendimento nenhum nas pesquisas eleitorais. Visto que, a decisão de quem apoia ou não passa com absoluta certeza pela o quantitativo nas pesquisas.

O tempero da política é a paixão, ela que dá gosto às práticas e aos sonhos que se alimentam de esperança na possibilidade de realização às vezes mais, muito mais subjetiva, em prejuízo das políticas públicas distributivas. Mas, o encantamento é o mesmo e faz necessário para mover homens, mulheres e partidos a entrarem no jogo das disputas eleitorais. Contudo, para o banquete ser completo é necessário o ingrediente, pois, o insumo da política é a aceitação popular, que hoje é mensurada sistematicamente por pesquisa internas e externas.

A definição e batida do martelo pelos líderes das oligarquias regionais ou local, em favor de um candidato, em detrimento de outro, dar-se-á muito mais pelo presente do que pela potencialidade de crescimento do nome do pretenso candidato no universo eleitoral local. Lembrando ainda que a decisão a ser tomada requer leitura objetiva tanto do presente quanto do cenário futuro a enfrentar, considerando seus aliados contra os oponentes que se apresentam, bem como suas armas a serem manuseadas neste processo.

No Amazonas, no campo majoritário situacional esta responsabilidade requer coragem do senhor governador Omar Aziz (PSD), que é fração de um grupo formado por Amazonino Mendes (PDT) e Eduardo Braga (PMDB). Esta articulação é o primeiro passo a ser dado para sustentação de uma unidade na ação da oligarquia dominante. No entanto, como o drama da política se repete às avessas pode Omar Aziz romper com os seus aliados históricos, buscando carreira solo na perspectiva de formar um novo bloco se afirmando como liderança regional, optando por uma nova candidatura que pode ser o Vice-governador José Melo (PROS) ou pelo nome do Prefeito de Manaus Artur Neto (PSDB).

O tempo é implacável. No dia 05 de abril próximo, o atual governador do Amazonas, Omar Aziz vai ter que definir o seu futuro político. Isto é, se continuar no governo é sinal de que vai até o final para gerenciar o sucesso nas urnas, controlando a chave do cofre, em favor de uma unidade responsável que resulte na prosperidade do povo do Amazonas, considerando o desempenho do líder do governo Dilma, no Congresso Nacional, mais ainda, a disposição de Amazonino no enfrentamento da defesa da Zona Franca e dos interesses local.

O consenso é uma construção que requer determinação e coragem dos agentes responsáveis, capazes de pensar acima dos interesses pessoais e de grupos. Tudo isso é uma possibilidade, evitando desta feita a perversa disputa que se acena entre os concorrentes o que pode sem dúvida fazer crescer a oposição no Estado capitaneado pelo PSDB que tem as mãos a Prefeitura de Manaus.

O afastamento do governador Omar Aziz, faz do vice-governador, o senhor dos anéis, devendo gerenciar as articulações em torno do seu nome com o aval de Omar Aziz, valendo com propriedade o dito Kantiano: “aquele que se torna verme não pode reclamar por ser pisado”.

A oposição nesta circunstancia sai do campo estruturante e desloca-se para afirmação de um novo bloco, propugnando por alianças tanto no campo majoritário como no proporcional. É o caso do PSOL que começa a dar evidencia a candidatura do ex-prefeito e ex-deputado Abel Alves, com força oriunda do interior do Estado, com vontade de fazer um grande banzeiro nas fileiras institucionais se a inteligência dos partidos de oposição captar o sentimento de mudança do Brasil e, particularmente, do Amazonas. É o condicional numa perspectiva histórica.


(*) É antropólogo, coordenador do Projeto Jaraqui e do Núcleo de Cultura Política da UFAM.

Nenhum comentário: