quinta-feira, 25 de junho de 2020


A POÉTICA DA DEMOCRACIA


Aproveito a oportunidade e presto minha homenagem ao ministro Dr. Almino Afonso, que muito nos animou nesta luta que agora compartilho com as amigas e amigos por meio desta nossa página porque, segundo, Milton Nascimento “E há que se cuidar do broto/ Pra que a vida nos dê flor e fruto”.  
 
Ademir Ramos (*)


Entendo que o jardim seja a morada das flores, orquídeas, cravos, rosas e outras belezuras que atiçam nas pessoas paixões, sentimentos e valores estéticos quanto ao equilíbrio de suas ralações políticas com a natureza, sociedade e cultura formadora do desenvolvimento humano.

Este espaço é pensado, concebida e semeada com propósito de se deixar encantar pela beleza exuberante que nos invade. Mas é preciso plantar e cuidar a cada dia combatendo os agressores que chegam às vezes sorrateiros, quando não, no grito, possessos de uma força delegada que julgam possuir como se fosse um salvo conduto para matar a vida, as flores, destruindo o verde, poluindo o ar e as águas.

O desencanto é geral porque eles querem porque querem recriar o mundo a sua imagem e semelhança de forma insípida, horripilante, sem perfume e sem o sopro da vida, regido não mais pela diversidade do pensamento, do belo, das cores, da vida, da ciência e dos saberes, mas, pela estupidez e ignorância que manda a política autoritária pisoteando o jardim e todo verde que embeleza a ordem democrática de forma peripatética, como bem exaltava o mestre Aristóteles, ensinando aos seus discípulos que “a democracia entre as formas de governo é a melhor das más”. 
A defesa deste nosso jardim faz-se necessária. O zelo e o cuidado devem ser constantes para que as ervas daninhas da estupidez, ignorância e da truculência não mate o verde e muito menos pisoteiem nossas flores proibindo a livre manifestação do pensamento e da dignidade da pessoa humana.

O verde ganhou forma no imperativo constitucional, o perfume das flores assim como também o hálito das florestas espalharam-se pelos campos e cidades. Mas, saibam todos que somente os sonhadores, poetas, pensadores e ambientalistas não são suficientes para proteger e conservar o belo é preciso despertar no coração do povo a responsabilidade do voto consciente qualificando sua opção e direcionando sua vontade no presente e no futuro da democracia com verdejante participação popular inebriado pelo perfume da política com p maiúsculo movido pela força do direito que opera e faz Justiça Social.

(*) É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do núcleo de cultura política do Amazonas vinculado ao Dpto. de Ciências Sociais da UFAM.      


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