O
AMOR EM CHAMAS
Uma
das mais belas obras do texto sagrado, os Cânticos dos Cânticos exalta o amor
em chamas nos corpos dos amados. Segundo as notas introdutórias da Bíblia de
Jerusalém, das edições Paulinas, o livro sapiencial define-se por uma “série de
poemas o amor mútuo de um Amado e de uma Amada, que se unem e se perdem, se
buscam e se encontram”. A interpretação e compreensão dos oito poemas dos
Cânticos recorrem às alegorias e demais formas de linguagem objeto de estudo da
hermenêutica hebraica, cristã e literária.
O
texto tem sido analisado por exegetas seguidos de múltiplas leituras teológicas.
Mas, na tradição literária, o poético é mais relevante que o teológico movido
pelo calor melódico dos corpos que se encontram embriagados de prazer do vinho
delicioso de tua boca “que se derrama na minha/molhando-me lábios e dentes”.
Arrebata-me
canta o poeta e “beija-me com beijos de tua boca/ teus amores são melhores do
que o vinho”. Nessa fricção dos corpos faiscantes “meu amado põe a mão/ pela
fenda da porta:/ as entranhas me estremecem”.
Beleza,
formosura e gosto são verdades da ciência do amor provado no campo ou no leito
dos prazeres regido pela química das
relações mútuas seladas pelo consentimento do encontro prospectivo do encantamento
das forças amorosas seduzido pela grandeza das tuas formas porque “és toda
bela, minha amada”, exclama o cantante a declarar ainda que “teus peitos são
dois filhotes/ filhos gêmeos de gazela/ pastando entre açucenas”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário