terça-feira, 30 de junho de 2020

DEMOCRATIZANDO OS PARTIDOS POLÍTICOS COM 
TRANSPARÊNCIA E RESPONSABILIDADE


Ademir Ramos (*)

No Brasil temos mais de 30 partidos políticos com representação no congresso nacional. Estas organizações são todas bancadas por recurso público com intuito de assegurar sua autonomia no julgamento das matérias, afastando em tese a rendição dessas instituições aos interesses das corporações empresariais. Os fatos investigados pela Operação Lava Jato denunciam ao contrário. Mas mesmo assim, os partidos políticos continuam sendo a sustentação da democracia quanto à instituição da representatividade popular devendo ser cada vez mais aprimorada talvez por meio de uma Reforma Política, o mais breve possível, permitindo a inauguração de um novo sistema que estreite cada vez mais o fosso entre o representante e o representado, ou seja, entre o congresso e o povo.

O MANDONISMO NOS PARTIDOS: O professor Boaventura de Souza chamou-nos a atenção da importância dos partidos, devendo ser mais analisado quanto ao seu processo democrático.  Vejamos, eles primam pelas eleições, mas, internamente, em sua maioria, são dirigidos pelo mandonismo de uma direção nacional que quase sempre está centrada numa oligarquia familiar que reproduz pelos estados.

QUALIDADE DOS SEUS ATORES: Sua organização funcional, em síntese, está fincada em três categorias de atores: Os tarefeiros, os militantes e os adesistas. Os tarefeiros são profissionais do partido são atores que foram cooptados pela direção e estão pronto para qualquer embate. Eles são cumpridores de tarefas às vezes remuneradas, quando não, primam pelo status de ter acesso ao partido o que lhes permitem pleitear algum cargo no governo direto ou indiretamente. Os tarefeiros muitas vezes agem como milícias partidárias. São legalistas sem ser programático, não têm base eleitoral fazem do partido a sua morada. São os olhos e ouvidos da direção e quase sempre estão disponíveis para as manifestações de massa. Os militantes diferenciam-se dos tarefeiros porque buscam ampliar cada vez sua participação nos núcleos, segmentos, grupos, comunidades e nos movimentos sociais. 

Eles se afirmam enquanto sujeitos operantes discutindo e analisando as questões sociais junto aos partidos, não como fim mais como meio que possam da voz as propostas e quem sabe encaminhar as demandas junto ao Executivo ou através do Legislativo a depender das articulações da direção estadual ou municipal. Os militantes são programáticos gostariam e muito que os partidos fossem catalisadores de suas demandas deslocando sua direção para o foco dos problemas como verdadeira plataforma de apoio atuando como vanguarda que lhes dessem suporte necessário às articulações e mobilizações junto às lideranças sociais. Mas, quase sempre é travado o que prejudica e muito a credibilidade do militante e do seu partido. Os adesistas são bajuladores e oportunistas estão mais para os tarefeiros do que para os militantes. Fazem tudo para “aparecer na foto” são agentes úteis no projeto mandonista da direção partidária.


PELA UNIDADE PROGRAMÁTICA: Por estas razões faz-se necessário a democratização dos partidos com responsabilidade e transparência focada na Unidade Programática da sigla pautada na sua reorganização com propósito de investir nas representações populares catalisando suas demandas sociais visando os embates eleitorais porque como se sabe um partido sem voto é como peixe fora d’água está morto e sua direção deposta por inoperância.

(*) É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do núcleo de cultura política do Amazonas vinculado ao Dpto. de Ciências Sociais da UFAM. E-MAIL: ademiramos@hotmail.com       

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