quinta-feira, 7 de agosto de 2008

AS MARGENS DA AMAZÔNIA


Edson Luis Poeta
é cientista social

Verdades, Mitos e Lendas


A exposição será realizada no período de 20 a 31 de agosto de 2008, no pavilhão da Bienal (Parque do Ibirapuera), em São Paulo, sob a curadoria de Rosely Nakagawa e Ricardo Ribenboim, a consultoria do escritor Milton Hatoum, o escritor e pesquisador Nilson Moulin, o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, o arqueólogo Eduardo Neves e o biólogo João Paulo Capobianco. A cenografia é de autoria de A. C. Serroni. A iniciativa é do Instituto Brasil Com e Pró Cultura Marketing e Eventos.

Além da mostra, serão desenvolvidas atividades afins aos temas expostos, como oficinas, mesas de debates, sessões de vídeos e apresentações de teatro e música. No percurso expositivo o público poderá visitar o planetário da Sociedade Brasileira para o Ensino da Astronomia (SBEA) e um borboletário com espécies comuns à região amazônica. Haverá, ainda, espaço gastronômico e área destinada à exposição de serviços e produtos de organizações não governamentais voltadas a questões socioambientais.

O eixo curatorial do projeto é uma visão da diversidade da Amazônia através de interpretações artísticas relativas ao termo “margem”. Uma proposta de “deslendalização” da Amazônia, tendo como ponto de partida textos que fazem referência a questões candentes à realidade amazônica. O primeiro deles é À Margem da História, de Euclides da Cunha, mote da exposição, quando expressa “A literatura científica amazônica, amplíssima, reflete bem a fisiografia amazônica: é surpreendente, preciosíssima, desconexa. Quem quer que se abalance a deletreá-la, ficará, ao cabo desse esforço, bem pouco além do limiar de um mundo maravilhoso”.

Também serão utilizados, entre outros, Órfãos do Eldorado, de Milton Hatoum, ficção ambientada no chamado Ciclo da Borracha; Por Dentro das Amazônias, de Nilson Moulin, e o olhar de um “estrangeiro” sobre a região, buscando sua diversidade; Arqueologia da Amazônia, de Eduardo Neves, com o relato das experiências do arqueólogo no Amazonas; e narrativas de mitos indígenas sobre o sistema estelar.

Os temas serão apresentados em módulos, que se articularão ao longo do espaço da Bienal, contrapondo-se, complementando-se ou dialogando uns com os outros, para mostrar o movimento contínuo da história da região. São eles: Aldeia, Floresta, Astronomia, Água, Arqueologia, Diversidade ou Hibridismo Cultural e A Terra do Amanhã. O visitante entrará no circuito por dentro uma sumaumeira, árvore gigante, e sairá pelo borboletário. No módulo Astronomia, visitará o planetário e verá como alguns povos indígenas narram a origem do sistema estelar.

Percurso da visitação

Geral: Do crepúsculo à alvorada

O visitante encontrará, inicialmente, um conjunto de livros gigantografados, escolhidos entre os que definem o eixo curatorial. Paralelamente às palavras, imagens, sons e os cheiros o visitante é conduzido através de um túnel, em um percurso orgânico, marcado por uma aproximação sensorial. A trilha sonora funde sons da floresta, sons urbanos, entre outros. O sentido dessa viagem traz como metáfora principal as duas fases/margens dos rios: a cheia e a estiagem.

O caminho composto pelos módulos sugere um rio-labirinto, que o visitante atravessará, vendo imagens projetadas em vídeo: de um lado, a cheia, do outro, a estiagem. O visitante será a “terceira margem”. É por esse caminho de contrastes que o visitante terá acesso aos módulos distribuídos por todo o espaço. Cada módulo será formado por um conteúdo central, ações educativas e atividades programadas.

Módulo 1 - Aldeia: a moradia, o lugar da caça, a roça, as lendas, um modo de viver a partir de determinados povos indígenas. A exposição trará arte plumária, cestaria, teares, bancos indígenas, cuias, brinquedos de miriti e artefatos para processamento da farinha de mandioca. Haverá, também, fotografias do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro de suas atividades na Amazônia e imagens do ensaio fotográfico de Claudia Andujar sobre o povo Ianomâmi. Entre as atividades, oficinas de leitura e redação com a Expedição Vaga Lume e o escritor Nilson Moulin; oficina de gastronomia com Felipe Ribenboim; e exibições de documentários do projeto “Vídeo nas Aldeias” (PE), produzidos por grupos indígenas.

Módulo 2 - Floresta: sons e imagens sugerem a aproximação com os animais, um misto de atração e estranhamento. O módulo traz sons da floresta, imagem da gigante sumaumeira, amostra do serpentário do Instituto Butantã, esculturas dos artistas paulistanos Rubens Matuck (sementes) e Fernando Ito (insetos e pássaros gigantes); e fotografias de Maurício de Paiva. Entre as atividades, uma oficina de confecção de bijuterias com sementes e a exibição de documentários “Vídeo nas Aldeias”.

Módulo 3 - Astronomia: a visitação ao planetário abre discussões sobre o sistema estelar indígena do ponto de vista de alguns povos, encontrando traços de união entre eles. O módulo também trará ampliações de desenhos criados por crianças e adolescentes indígenas a partir de sua observação sobre o céu; assim como sessões de histórias e mitos com a Expedição Vaga-Lume.

Módulo 4 - Água: o visitante terá um ambiente com imagens e signos que remetem às águas da região; remos de barcos recolhidos na cidade de Abaetetuba (PA); e amostras de águas recolhidas pelos artistas Margi e Gerard Moss. Esses artistas também orientarão uma oficina que simula a limpeza de rios e propõe a reciclagem desse lixo.


Módulo 5 - Arqueologia: a exposição traz dezenas de réplicas de cerâmica marajoara, tapajônica (ou santarém), maracá, cunani, formiga, entre outras, feitas pela família Cardoso, tradicional na arte da cerâmica no Distrito de Icoaraci (PA). O artista Levy Cardoso ministrará uma oficina de cerâmica com técnicas básicas da tradição indígena.

Módulo 6 - Diversidade ou Hibridismo Cultural: os povos indígenas e todos os povos assentados na região ao longo de quatro séculos de migrações na Amazônia produzem hibridismos e “contaminações” nos falares, nas tradições, nos gestuais. Esses aspectos aparecem interpretados por fotografias de Luiz Braga, Thomas Farkas, Carlos Penteado, postais de Belém durante o Ciclo da Borracha; além de mapas com temáticas diversas, mostrando o que se construiu e o que se constrói na Amazônia.

Módulo 7 – A Terra do Amanhã: que proposta de sustentabilidade é viável para a Amazônia? O que se produz a partir de suas riquezas? Aqui estão os minérios da região, os produtos resultantes de iniciativas de sustentabilidade; jóias da premiada artista Miriam Korolkovas, que utiliza os metais preciosos da Amazônia; mapas e fotografias de Paula Sampaio. Aqui o visitante encontrará o Borboletário e terminais de computadores para acessar dados gerais sobre a região.

Outros espaços:

Auditório
Nos dias 21, 26, 27 e 28 haverá mesas temáticas com a participação de especialistas em Amazônia. Programação aberta a todos os públicos.

Lanchonete
Lanches secos, entre eles iguarias regionais amazônicas.

Exposição de produtos e serviços de ONGs
Diversas organizações não governamentais dividirão um espaço destinado à divulgação de suas política e atividades.

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