sexta-feira, 29 de agosto de 2008

OS SERINGAIS E A PRÁTICA DE AVIAMENTO



“Servidão Humana na Selva – O Aviamento e o Barracão nos Seringais da Amazônia”. O livro em foco é de autoria do professor Carlos Teixeira, amazonense de Humaitá, que além de ter sido professor da PUC de São Paulo e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), participa também do NCPAM - Núcleo de Cultura Política do Amazonas do Departamento de Ciências Sociais da UFAM, que vem investigando o movimento da história regional negligenciado, muitas vezes, pela ortodoxia das ciências sociais, como é caso do cotidiano, das lutas e dos sofrimentos dos homens e mulheres que trabalharam nos seringais da Amazônia, enfrentando os percalços de uma vida difícil, os perigos da floresta e a opressão engendrada pelos donos dos barracões, como bem analisa o autor em sua obra. É uma pesquisa minuciosa em que o autor recorre a documentos e entrevistas com seringueiros, caboclos e personagens que protagonizaram essa história.

Carlos Teixeira, num gesto solidário e de compromisso com a verdade histórica, faz justiça a esses homens e mulheres freqüentemente esquecidos pela historiografia oficial. Os personagens desta obra são os seringueiros e suas histórias de resistência, a luta para sobreviver na selva, sob um regime de servidão. O professor da USP, José de Souza Martins, que apresenta o livro, situou o problema com precisão, ao afirmar que o livro “reúne os fios desatados de um sofrimento ignorado, de uma pobreza cruel, de um opressor invisível, para nos revelar a trama de uma história omitida, que não é só da Amazônia”.

O estudo de Carlos Teixeira nasce predestinado a ficar na historiografia amazônica e brasileira como uma das obras referenciais sobre o processo de desenvolvimento regional e suas conseqüências sociais. O foco do autor é um padrão econômico que cumpriu seu momento histórico, como esclarece como bem esclarece em suas páginas: “O seringal na verdade está desaparecendo, e com ele o extrativismo. O seringal, pois, possui uma identidade histórica particular... associada à constituição do modo capitalista de produção, especialmente à fase que corresponde à concentração do capital e à conseqüente formação dos monopólios”.

O trabalho é um estudo histórico e sociológico dos seringais, sem deixar de refletir sobre o período e as conseqüências sociais e humanas do período do fausto da borracha, ressaltando os aspectos de sua decadência. O livro “Servidão Humana na Selva” volta-se ao público leitor do campo das ciências sociais e aos demais interessados em pesquisar a vida social e econômica da nossa Amazônia.

O lançamento da obra será neste sábado (30) às 10h, no Espaço Cultural Valer - Rua Ramos Ferreira, 1195, no Centro Histórico de Manaus, sob a chancela das Editoras: Valer e Edua (Editora da Universidade Federal do Amazonas).


O ato será marcado pela presença dos acadêmicos e dos especialistas, que pensam a Amazônia numa perspectiva sustentável, repudiando o trabalho escravo e a perversidade da desigualdade social, tão comum na presente configuração da exploração do trabalho no Distrito Industrial de Manaus, bem como relativo à devastação da floresta capitaneada por fazendeiros, madeireiros e grileiros, aliançados com políticos e governantes oportunistas e aventureiros, a se multiplicar como praga por toda Amazônia.

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