É no banzeiro das águas, símbolo de fertilidade e da continuação da vida, que o canoeiro, este homem amazônico, enfrenta as intempéries, conduzindo com maestria a sua minúscula embarcação, circundada pelos elementos ímpares da maior floresta tropical do planeta: rios de água doce, matas, sons e mistérios. A canoa é verdadeiramente a sua propriedade móvel, com ela, afirmou Gonçalves Dias, “continua o seu viver instável, errante, imprevidente; acomoda-se dentro dela com a mulher e filhos, vão às praias e assim vivem muitos meses do ano, dando aos filhos a educação que tiveram, e não compreendendo que careçam de mais nada”.
O que o poeta indianista chamava de viver errante é, na realidade, a cultura desses homens e mulheres que demarcam seu cotidiano por ritmos diferenciados, sabendo ler os sinais do tempo impulsionado pela hora da partida ou da chegada, mediado pela sustentabilidade e pelo encontro de se estar presente nas festas populares, animados pela alegria de viver. Assim, lá vai o canoeiro pelo rio das Amazonas.
Enquanto representação expressa a presença de um homem, remando em alto rio, com a plasticidade que pode ser muito bem admirada na foto em tela, fazendo pensar sobre o destino, o horizonte e a própria existência. Contudo, o mais importante é que este homem move-se para algum lugar, vencendo as água e os obstáculos que encontra no seu ato de remar. (In: Amazonas Diversidade Cultural Iconográfica. Sebrae/AM. 2007).
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