quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O BÊBADO E O EQUILIBRISTA



Breno Rodrigo de Messias Leite*

Há algumas semanas venho me comunicando, via e-mail, com meus amigos da direita e da esquerda. Muitos estão perplexos diante da crise e outros com “um ar” de que já sabiam que isto ia acontecer.

Efetivamente, numa espécie de “terceira-via”, tento, quixotescamente, combater os dois consensos que considero equivocados.

De um lado, o consenso da direita: esta crise representa apenas um movimento cíclico de ajuste do capitalismo, que num primeiro momento precisará da intervenção estatal, para que na sua recuperação, e aí a ortodoxia liberal se faz presente, retome as atividades auto-reguladas do mercado.

Do outro, o consenso da esquerda: esta crise financeira coloca em xeque as virtudes do capitalismo; por ser um sistema marcado pelas contradições – na repetição ad náusea de um certo marxismo – estaria com seus dias contados.

Convergências e paradoxos: Em linhas gerais, concordo relativamente com os dois consensos: de um lado, na necessidade do Estado meter as mãos na economia, como sempre meteu nos momentos de apuros; e que o capitalismo é contraditório e que ruirá um dia. E aí vem o óbvio: qual sistema nunca foi contraditório e nunca ruiu um dia? É a pergunta que não quer calar.

O grande problema é que os dois consensos não percebem a dinâmica da crise na sua particularidade e na sua totalidade. No fundo, a crise surge da combinação bombástica de oferta descontrolada de crédito por parte das instituições financeiras, e excessiva demanda por crédito fácil dos consumidores do setor imobiliário. Trata-se, portanto, de uma crise localizada na lógica da oferta e da demanda que só pode ser entendida se for observada nos seus micro-fundamentos, portanto, na dinâmica das firmas e dos consumidores.

Em economia, quando não há controle de entrada (input) e saída (output) dos interesses envolvidos o resultado é o estado de natureza, a anarquia e, consequentemente, a guerra de todos contra todos, para ficarmos na metáfora hobbesiana. Os agentes racionais – os indivíduos – posicionam-se no sentido de reduzir seus custos e maximizar seus benefícios; as firmas, igualmente, adotam medidas restritivas suspeitando de todos. Pensar que o “bom selvagem”, altruísta e desprovido de interesses, pode reverter o problema é apenas uma especulação, que não encontra fundamentação lógica.

Neste primeiro momento, a crise atinge o coração do sistema financeiro, o causador da própria crise. Todavia, a expansão da crise se propõe a invadir outras arenas, como o setor produtivo que demanda pelos créditos bancários; e claro, os setores primários que precisam do apoio dos governos nacionais na elaboração da política de subsídios.

Diz o ditado que quando você deve $10.000 o problema é seu. Mas quando você deve $10.000.000 o problema é de todos nós. Pelo visto esta lógica persistirá e o Estado vai contribuir no sentido de tentar reverter o status quo e, por que não salvar a economia de sua irracionalidade criativa.

Resta saber quem pagará o pato. Alguém deve pagar a conta da crise. E aí vem o outro lado da história. Em todas as crises cíclicas no sistema capitalista quem paga a conta é a classe operária – a classe mais vulnerável no sistema –, que tem seus os empregos cortados, perde massa salarial, os direitos sociais e trabalhistas são violados, e passa a financiar a maior parcela da tributação no momento de aceleração. Dois pesos e duas medidas num clima de igualdades de oportunidades.

Penso que a esquerda deveria ver a crise com outros olhos. Em vez de comemorar narcisisticamente, recuperando os gritos de guerra do passado, poderia muito bem começar a pensar, por meio dos partidos e dos governos nacionais, estratégias de defesa da classe trabalhadora: respeito inalienável dos direitos sociais, políticos e econômicos conquistados na ordem liberal.

O que vejo, por outro lado, é que as esquerdas das economias centrais não propõem projetos alternativos ao capitalismo. Nos EUA, nos países da Europa Ocidental e na Ásia, por exemplo, o sistema capitalista tornou-se paradoxalmente inerente a própria condição humana. Os indivíduos passaram a agir de acordo com as regras da concorrência acelerada do capital.

As forças questionadoras do capitalismo localizam-se em regiões periféricas como a América Latina e Leste Europeu que combatem o poder unipolar dos EUA e criam blocos de integração regional para proteger suas economias da globalização totalitária. Dessa forma, os Estados nacionais da periferia precisam adotar urgentemente políticas ultra-keynesiana e blindar suas economias dos ataques dos especuladores ou daquilo que se entende como o resíduo da crise.

O tempo é o senhor da razão, por isso a prudência precisa nortear as decisões dos Estados, das organizações e dos indivíduos neste longo caminho que agora se abre.


*Mestrando em Ciência Política (UFPA), bolsista da CAPES e colaborador do NCPAM.

4 comentários:

Anônimo disse...

2:49 da manhã,acordo ao som de uma mulher lavando roupa no 4º andar,perco o pouco de sono que tenho e entro aqui para passear e encontro este tesouro.Mas o que uma senhora dona de casa,que nada entende de poítica econômica pode se emocionar com um texto assim?É a simplicidade da coisa de que alguém vai pagar o pato,é a frase escrita ' se você deve dez mil o problema é seu, mas se você deve dez milhões"(será que entendi bem a cifra?) o problema é nosso.Eu senti no mercado o efeito do colapso,justo numa época em que resolvi me desfazer de um guarda-roupa e criar um closed dentro do espaço enorme que era meu quarto, porém totalmente sem estética,o que deu harmonia e delicadeza ao espaço.Tive de pagar 500,00 dessa maravilha ,tirando de um dinheiro(porque os bancos estão em greve e o cheque éra para esses dias) que veio de meu ex para pagar um aparelho que custou cinco mil para ele não roncar(ele dorme) e ai você liga a TV e só ouve isso e começa a tremer a se lembrar de coisas que já viu falar como a grande depressão emque muitos se suicidaram,mas a coisa mais contundente é que eu li um livro do José Saramago "Ensaio sobre a Cegueira",que tá me parecendo uma profecia deste acontecimento,gente este homem viu!Você já leu?Eu to vendo agora esses acontecimentos, da mesma forma que vi o Paraiso de Deus, no filme Truman Show,eu acordei para a realidade de uma coisa que me ensinaram em que eu calquei toda minha vida em parábolas judaicas,e quando eu assisti a este filme a ficha caiu para mim,tem quem não fêz analogia alguma nem entendeu o que eu quiz dizer Nada existe...E como cheguei aqui eu não sei,eu não sei nada de internet eu vou entrando na página de um que escreve uma coisa, e ai eu clico em outra e eu li esse seu texto apaixonante,só que eu vou copiar e colar para mim e quero ler e reler.É simplesmente fantástico,vem completar a analogia que eu fiz com o livro que eu li e faz tempo e que eu nem gostava,mas agora faz tanto sentido.Que forma de governo é necessário agora?O velho tá morrendo e o novo não nasce.Céus! que pertubação,vou tomar um calmante...
eu vou tentar mandar meu comentário eu não entendo muito disso aqui mas meu nome é thaisreder2006@gmail.com se vou parecer anônimo é por pura falta de conhecimento.

Anônimo disse...

Na verdade quem pagara o pato de maneira mais forte será o Brasil, pela politica de juros mais elevedos do mundo que têm uma equipe economica formada por ex-comunistas,ratos,petistas da pior especie,que envergonham os conjecimentos de MARX.
Vejamos já estamos em crise também olhem os bancos em greve, correios, violência,saúde.educação,justiça eleitoral e regime democratico mediocre, onde um voto e uma arma.
Somente um semi-analfabeto como o LULA para dizer que o Brasil está imune a crise que é global, coitado ele não deve saber o que é NOVA ECONOMIA, ou economia globalizada! já esta arquitetando o corte de gastos no funcionalismo federal no ORÇAMENTO DE 2009, mais os PAC E BOLSA FAMILA(ESMOLA)NINGUEM TASCA ESTA garantido, quer dizer no Brasil quem trabalha paga seus imposto e que se lasca, que e sustentado por programas assitencialistas, esvravistas,populistas e que a vitima o coitado!

Anônimo disse...

LULA BANDIDO REDUZA OS JUROS OU LEVE O BRASIL A UMA CRISE IGUAL A NORTE-AMERICANA, REVEJA A POLITICA DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA E FAÇA ESTA CONGRESSO NACIONAL DE VAGABUNDOS ELEITOS POR VAGABUNDOS TRABALHAR POR REFORMAS QUE RETIRE AS DESIGUALDADES DO BRASIL! PARE DE ROUBAR O DINHEIRO DA UNIÃO!

Anônimo disse...

Serafim promete ampliação do esgoto tratado em Manaus

Portal Terra

SÃO PAULO - O candidato à reeleição em Manaus, Serafim Corrêa (PSB), prometeu que, caso vença as eleições, irá aumentar a rede de coleta e tratamento de esgoto na cidade. Conforme o candidato, algumas providências já foram tomadas durante sua administração para evitar a poluição dos igarapés da cidade. A afirmação foi dada durante debate realizado ontem, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

O candidato prometeu ainda que a rede de coleta e tratamento de esgoto deverá ser estendida para outros complexos educacionais construídos no próximo mandato de serafim Corrêa, conforme o mesmo destacou.

Serafim destacou que, durante a sua gestão,instalou a rede de tratamento de esgoto no complexo educacional para crianças especiais André Vidal de Araújo, construído durante a gestão de Serafim e na primeira creche municipal de Manaus, construída no bairro Riacho Doce, Zona Norte.

CONTA OUTRA SARAFIM,SALAFRARIO E MENTIROSO PORTUGUES SAFADO!