sábado, 6 de dezembro de 2008

A CONSCIÊNCA NEGRA E OS TAMBORES DE CELEBRAÇÃO


Priscilla Printes*

Novembro, o mês da consciência negra, revelou manifestações significativas e reflexivas às comunidades afro-descendentes, ampliando discussão por todo o Brasil. Instituições abordaram de maneira peculiar assuntos que avaliavam desde a inserção do negro na sociedade brasileira, a colaboração cultural frente á construção da identidade nacional e ações educativas. Assuntos que compuseram o III ciclo de Palestras sobre Cultura Afro-Brasileira, o tema deste ano era História, Escravidão e Ensino de História, evento ocorrido na Universidade Federal do Amazonas, no período de 24 a 26 de Novembro, no auditório Eulálio Chaves, no campus universitário.

A mobilização efetuada pelo Núcleo de Pesquisa Política, Instituições e Práticas Sociais (POLIS) coordenada pela Professora e historiadora Patrícia Sampaio, demonstrou a amplitude acerca dos estudos sobre africanidade, principalmente no que diz respeito à Amazônia. Os trabalhos apresentados denotam ousadia e originalidade, colocando em cheque a questão referente à invisibilidade do negro em nossa região. Pesquisas em secretarias de seguranças, do setor de trabalho, cartórios e jornais da época identificam a presença do negro na Amazônia e seu status social.

Observações sobre estudos de Arthur César Ferreira Reis tiveram sua colaboração durante o evento, juntamente com os aspectos da colonização e da escravidão, um apanhado histórico referente á religiosidade africana na cidade, expondo seus fundadores e identidade mediante as tendências das religiões africanas, como Candomblé de Angola, bem como a identificação do Quilombo situado no território de Novo Airão, no Amazonas, e as luta pelo seu reconhecimento e titularidade.

O último dia foi reservado para exposição de ações pedagógicas, iniciativas que abrangiam desde a aplicação em sala de aula tendo como base a Lei 10.639/03, a importância da formação de professores em relação a assuntos etno-raciais, experiências em alfabetização em cidades da África, precisamente São Tomé e Príncipe, ênfase a análise de livros enfocando a imagem do negro, do indígena e sua relação com a História e as informações que são construídas na escola.

Indagar e refletir sobre que metodologia aplicar e quais os meios apropriados para sensibilizar a comunidade escolar, enfim como atingir a sociedade como um todo. Este foi um dos objetivos deste seminário, o andamento das ações em relação ás pesquisas e o trabalho em torno das ações educativas, dentro e fora da Universidade.

Durante a semana ocorreu também o II Seminário de Resgate da História e Cultura Afro-Brasileira organizado pelo Fórum Permanente de Educação Etno-Racial, reforçando as idéias e propostas apontadas pelo Ciclo de Palestras quanto aos aspectos históricos, religiosos, culturais e também sobre a saúde dedicando-se um dia para relatos vivenciados nas escolas e as práticas da diversidade, envolvendo cinema, dança e aspectos culturais.

Os Seminários serviram como ponte para o reconhecimento dos estudos e métodos levantados para o ensino de Histórico e Cultural Afro-Brasileiro e Indígena. No entanto, vale salientar que os seminários passam, mas as discussões devem ser travadas em ação direta entre estudantes, professores e comunidades, mobilizando as organizações sociais contra o preconceito e a discriminação em favor dos direitos sociais e pela efetividade da Educação Etno-racial nas escolas do Brasil.


* Pesquisadora do NCPAM e finalista do curso de Pedagogia da UFAM.

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