sábado, 13 de dezembro de 2008

ESTAMOS DE OLHO

No último dia 10, o Jornal Diário do Amazonas publicou o protesto que o NCPAM e o CSELA realizaram na UFAM, no dia 09, contra a construção do Porto das Lajes, nas adjacências do Bairro Colônia Antônio Aleixo, e suas possíveis consequências são nocivas para a vida ambiental do lago quanto para a comunidade do bairro que usufrui e retira o sustento dele. Ainda mais, o NCPAM denunciou a arbritariedade de consultores de usarem ilegalmente o nome da UFAM para legitimar a construção do porto, mesmo apresentando enormes possibilidades de impactos ambientais, porém dizem que assim mesmo é viável o empreendimento, afirma o relatório dos consultores. Portanto, o empreendimento não traz retorno social e ambiental desejável, sobretudo quanto aos empregos, todas as mãos-de-obras [especializadas] serão importadas de outros estados do Brasil.

Veja a matéria a seguir:

Quarta-feira, 10 de dezembro de 2008 - DIÁRIO DO AMAZONAS.
TAYANA MARTINS Especial para o DIÁRIO
Foto: Arlesson Sicsú


Protesto Representates do bairro Colônia Antônio Aleixo foram ontem à Ufam protestar contra as obras do porto

CONSULTORIA ACUSADA DE USAR O NOME DA UFAM

O coordenador do Núcleo de Cultura e Política do Amazonas (NCPAM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ademir Ramos, informou, ontem, que o nome da universidade foi usado indevidamente como responsável pela autoria do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (Epia) e Relatório de Impacto Ambiental da construção do Porto das Lajes, no bairro Colônia Antônio Aleixo, zona Leste de Manaus, durante audiência pública promovida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), no dia 19 de novembro.

Grifo do Jornal: Professor Ademir Ramos acusou os pesquisadores de falsidade ideológica ao dizer que a Ufam fez estudo

Segundo Ramos, foram os pesquisadores da Liga Consultores que realizaram o estudo e disseram na audiência pública que a Ufam havia feito o levantamento. De acordo com o reitor da universidade, Hidemberg Frota, a Universidade apenas elaborou um relatório de análise do Epia-Rima da construção do porto e já enviou o documento ao Ministério Público Estadual (MPE). "Eles se passaram por pesquisadores da Ufam, usaram o nome da universidade indevidamente. Isso é falsidade ideológica", afirmou Ademir Ramos.

A reportagem tentou entrar em contato com responsáveis pela Liga de Consultores, mas não obteve sucesso. O Núcleo organizou uma manifestação contra a construção do Porto das Lajes, ontem pela manhã, no Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL), com apresentações culturais de grupos do bairro Colônia Antônio Aleixo.

Ademir disse que a universidade irá apoiar a comunidade do bairro na luta contra a construção do porto:

"O NCPAM é contrário a essa construção porque trará muitos impactos negativos tanto ambientais quanto sociais não só para a comunidade do bairro, mas para toda o Estado", apontou . O coordenador apontou que o governo do Estado, o Ipaam e a empresa Lajes Logística S.A., que solicitou a licença para a construção, não estão respeitando o patrimônio ambiental do Estado quando tentam convencer a sociedade sobre a importância da construção do porto. "Eles estão manipulando as informações para que o porto saia de qualquer jeito, mas isso não pode acontecer", explicou.

Ramos informou que com a construção do porto, a área do encontro das águas e do lago do Aleixo serão depredadas e a comunidade do bairro sofrerá muitos impactos sociais. "Essa comunidade é uma das mais importantes do Estado, por toda a trajetória histórica de preconceito que sofreu no tempo em que foi leprosário até os dias atuais", disse.

De acordo com o presidente da Comissão de Lutas Sociais do Bairro Colônia Antônio Aleixo, padre Orlando Barbosa, a área do lago já está sendo prejudicada por empresas, sobretudo madeireiras, há alguns anos. Orlando afirmou que a comissão organizou um relatório com os principais impactos ambientais causados pelas empresas no local para encaminhar ao MPE.

Durante a manifestação realizada na Ufam, foi elaborado um abaixo-assinado com estudantes da universidade e moradores do bairro para ser entregue ao MPE e ser anexado ao processo da construção do Porto das Lajes. A obra está projetado para operar em uma localização considerada estratégica para a carga e descarga de navios de grande porte. Próximo ao encontro das águas do rio Negro e Solimões, na Colônia Antônio Aleixo.

A expectativa dos empreendedores é desafogar a movimentação de contêineres do Pólo Industrial de Manaus (PIM), que hoje são carregados e descarregados no Centro da cidade. Os investimentos estimados pela empresa Lajes Logística S.A., responsável pelo empreendimento, são da ordem de R$ 220 milhões.


MAIS IMPACTOS NEGATIVOS

O relatório elaborado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Estudo Prévio de Impacto Ambiental (Epia) e Relatório de Impacto Ambiental(Rima) da construção do Porto das Lajes apontou que, dentre 63 impactos ambientais e sociais apontados,apenas quatro são positivos, segundo informações do Núcleo de Cultura e Política do Amazonas (NCPAM),da Ufam. O núcleo informou ainda que os dados apresentados nos estudos apresentam falhas.

O presidente da Comissão de Lutas Sociais do Bairro Colônia Antônio Aleixo,padre Orlando Barbosa, informou que uma dessas falhas foi que o estudo feito pela Liga Consultores apontou que no bairro Colônia Antônio Aleixo, onde está prevista a construção do porto, 70% da população sobrevive da prostituição. "Essa é uma visão totalmente equivocada daquela comunidade que tem importantes grupos culturais",disse.

De acordo com o padre Orlando,a comunidade do bairro é uma das poucas que possui um sistema de tratamento de água. "Essas questões não foram abordadas nos estudos feitos para a construção", afirmou. O padre informou ainda que a comunidade sofre ainda com problemas fundiários graves porque a propriedade do terreno ainda não foi definida.

Nenhum comentário: