SONHOS
E PESADELOS
Tenório
Telles (*)
Infeliz é o País que depende de heróis. Desafortunado é
o povo que espera salvadores da pátria. Mais infeliz e mais desafortunada é a Nação
que se deixa dominar por embusteiros e arrivistas. O Brasil é um povo
desafortunado. O Brasil é uma nação enganada e vilipendiada. O Brasil é uma
terra traída e sequestrada de seu destino e sonhos.
Os governantes do Brasil foram incapazes de construir
um projeto de futuro para o povo brasileiro. Os governantes do Brasil deram à
sua gente um projeto de passado. São o passado. Vivemos num País em que o
presente é sempre passado. Em que o futuro é um sonho do passado. Lutamos
contra a ditadura - a ditadura venceu e sarney (com minúscula, mesmo) virou
presidente. O passado triunfou. Batalhamos para construir uma sociedade com
mais Justiça – a ditadura venceu novamente e collor (também com minúscula)
virou presidente.
O passado invadiu o presente e o sonho dos brasileiros.
Entraram em cena dois fantasmas: pc farias e zélia cardoso. Desperto do
pesadelo, collor foi banido e voltou para Alagoas. Vieram Itamar e fernando henrique
– que se uniu a marco maciel, antonio carlos magalhães – e, assim, o passado e
a ditadura continuaram reinante. Para nosso infortúnio, impuseram a reeleição
e, com ela, a perpetuação dos donos do poder. A perpetuação do passado.
Veio lula como o messias libertador e o condutor da
pátria para o futuro. Ledo engano: logo mudou de conversa, tornou-se amigo
sarney, de renan, de collor, de gerdau. Pasmem, de bush e até de maluf. E o
passado venceu novamente. E como dizia vovó, que quem com porcos anda farelos
como – nossos heróis passaram a frequentar a cachoeira dos ricos e,
indiferentes, brindam ao passado e assumiram as velhas práticas e os velhos discursos.
Que desafortunado este povo. Foi traído pelos seus governantes. Sem as antigas
ilusões, precisamos reaprender a esperança e tornar em nossas mãos o sonho de
construção de uma nação de verdade, sem embusteiros e arrivistas – com líderes
comprometidos com os trabalhadores e com o futuro. Estadistas.
O povo brasileiro deve aprender a ser o agente de seu
destino. E para os que insistem no erro de acreditar nos lobos em pele de
cordeiro – é bom lembrar que o dever dos cidadãos não é ser fiel a um partido
ou a uma ideologia. Ou a uma pessoa. Os cidadãos e os trabalhadores dever ser
fiéis ao seu país, à nação. Aqueles que optaram pelo passado – que vivam seus
pesadelos. As mulheres e os homens desta nação seguem sonhando um futuro melhor.
Mais justo.
(*) É escritor, poeta, editor e articulista de A
Crítica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário