sexta-feira, 23 de maio de 2008

A MORTE E SEUS FANTASMAS


A única certeza que temos é a morte, afirmavam os filósofos existencialistas. No entanto, nunca estamos preparados para o enfrentamento dessa fatalidade. A morte do Senador da República, Jefferson Péres (PDT-AM), vem sendo festejada nos arraiais dos corruptos tanto aqui no Amazonas como em Brasília.

A satisfação dos políticos corrosivos é tanta que já articulam forças para engavetar os projetos e propostas do senador, e, até mesmo influenciar no comportamento do suplente, tratando-se de um jovem professor da Universidade Federal do Amazonas, Jefferson Praia, criando dificuldades para intimidar ou constranger politicamente.

O baixo clero no Congresso Nacional é satisfeito pelo favorecimento de cargos, por liberação das verbas vinculadas as Emendas do orçamento, bem como às influências dos convênios, reduzindo o parlamentar no garoto de recado dos interesses privados.

Conduta abominável, que o Senador amazonense repudiava tanto na tribuna como também no dia-a-dia de sua prática parlamentar. Jefferson Péres encarnava os interesses republicanos, não compactuando com o conluio das empreiteiras, dos marqueteiros e, principalmente, das alianças políticas pautada na máxima de que “todo homem tem seu preço e que o poder pode tudo”.

O Senador da República José Jefferson Carpinteiro Péres faleceu em Manaus, sua cidade natal, no dia 23 de maio, às 6h30, em sua própria residência em Adrianópolis, deixando o povo do Amazonas perplexo com a notícia.

Das manifestações presenciadas registra-se a fala de um feirante de Manaus, Raimundo Mocorongo, que lamentava o seguinte: “Poxa! Só morre do nosso lado, parece até que os corruptos e bandidos tem poderes de vida e morte sobre os homens justos”.

O NCPAM manifesta profundo pesar aos familiares do Senador, reconhecendo o quanto a sua participação na política nacional contribuiu para afirmação do Direito, deixando aos homens de bem e, principalmente, aos jovens a certeza de que é possível fazer política com ética e justiça, honrando a delegação que o povo lhe concedeu nas urnas. Enfim, morre o homem, mas o fantasma da Justiça persegue a todos.

2 comentários:

Anônimo disse...

A comoção provocada pela morte de Jefferson Péres é reveladora de muitas das inquietações da vida política nacional. As reiteradas manifestações de reconhecimento de sua inegável integridade moral e política, sempre apresentadas em comparação com o oportunismo e cinismo que orientam a conduta de outros representantes populares, sugerem a necessidade de se refletir sobre a qualidade das relações de poder contemporaneamente.
Discordasse-se ou concordasse-se com as posições políticas do Senador amazonense, sabia-se que elas se assentavam em juízos que correspondiam a convicções íntimas sempre expostas publicamente.
Essa integridade parece ter se transformado numa qualidade rara naqueles que fazem a política institcional do País. Daí que não apenas "a gente do povo" o identificasse como uma referência, mas também muitos de seus pares do Senado.
Cabe, contudo, indagar a estes: por quê não seguem os exemplos de quem têm como referência?
A resposta a essa pergunta é simples: porque se assim fizessem a vida política do País seria outra, conflituosa, mas aberta; e Jefferson Péres deixaria de ser referência.

Anônimo disse...

marcos almeida.

Pequeno grande homem, deixa-nos, mas fica o sonho e a esperança por um Amazonas melhor com uma politica transparente.