quinta-feira, 8 de maio de 2008

HORÁRIO NACIONAL ÚNICO: SÓ FALTA MEIA HORA


* Mario Nelson Duarte



O Brasil ousou um primeiro passo – essencial, mas ainda insuficiente – para resolver o grave problema da falta de simultaneidade das atividades econômicas, financeiras e culturais.

Demorou, porque o projeto de lei estava engavetado nas comissões e nos plenários do Congresso há muito tempo, até que a "bendita" pressão das televisões (até o diabo às vezes faz bons milagres...) fez Suas Excelências votarem e liquidar a questão. Aprovado e sancionado o projeto, incluiu-se todo o Extremo Oeste do País na hora padrão de Manaus, dando à Amazônia unificada uma diferença, de apenas 60 minutos, em relação ao Centro-Sul.

A mudança, porém, só atingiu (como sempre) as comunidades mais esquecidas e distantes: todo o Acre, parte do Amazonas e Roraima. Os estados poderosos continuam com rotinas e relógios intactos – e é aí que reside o ponto crucial, a necessidade de agir com coragem e determinação, dividindo entre todos os brasileiros o peso das indispensáveis mudanças.

Não tenho a pretensão de ser salomônico, repartindo em partes iguais o ônus da unificação do horário nacional; falta-me inspiração divina para assim agir...

Baseio-me em questões objetivas, materiais, de ordem econômica e reflexos sociais, muito discutidas nos últimos dias – desde quando a televisão teve de adaptar sua programação às normas que disciplinam o acesso às faixas etárias da audiência. Mas o problema vai muito além, como já se disse exaustivamente, e o principal exemplo é a disparidade dos horários dos bancos e demais instituições financeiras, que seguem os de São Paulo.

O resto do País que corra atrás. E, no caso de aviões que chegam praticamente na "mesma" hora da partida, que "voe" atrás".

Cito, novamente, o exemplo da Índia, o chamado Sub-Continente Indiano, que se destaca na Ásia: um dos segredos de seu explosivo crescimento econômico está no horário nacional único, cinco horas e meia a mais que o padrão-base universal.

É o caminho que se aponta para o Brasil: quebrar meia hora no Centro-Sul e adicionarem-se também 30 minutos na Amazônia, estabelecendo o nível nacionalizado de menos 3 horas e 30 minutos em relação ao GMT (Greenwich Mean Time). Mais do que assistir ao vivo à programação de televisão, todos os brasileiros terão, também, ao mesmo tempo, suas operações bancárias e financeiras on-line e simultâneas, além de poderem controlar o tempo real de cada viagem aérea, confrontando o horário de partida ao de chegada.

“Acertar os ponteiros” é uma expressão muito comum em nosso País, que significa unir esforços para construir algo bom.

Quando acordaremos para a necessidade de fazer-se isso, real e materialmente, nos próprios relógios de todos os brasileiros?


* É Jornalista, especializado em turismo cultural e colaborador do NCPAM.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adotar o horário do Acre é uma boa ideia. Isto significa atrasar o horário de Brasília em 01 hora e adotar esse horário em todo o Brasil como Horário Único Nacional e permanente.
Francisco Gomes Neto - Fortaleza.