AS GARANTIAS DA ESCOLA
PÚBLICA
A Assembleia
Legislativa do Amazonas, por meio do presidente da Comissão de Educação,
Cultura e Assuntos Indígenas, Deputado Sidney Leite, estará promovendo uma
Audiência Pública, no dia 14 (quinta-feira), das 15 às 17h, no Plenário Ruy
Araujo, para homenagear o Dia da Escola, discutindo e definindo os meios
necessários para o fortalecimento do espaço escolar como instrumento de analise
e avaliação dos processos de formação,
gestão e estrutura financeira na Escola.
Ademir
Ramos (*)
No papel tudo é bonito,
tudo é maravilhoso. No entanto, quando se vai às escolas e ouvi os relatos dos
trabalhadores da educação e dos próprios alunos chega-se a conclusão que a
realidade é outra, deixando muito a desejar quanto às estruturas operacionais,
os serviços prestados, a organização, gestão e as práticas pedagógicas. A
Escola Publica tem sofrido todo o tipo de dano e influencia sem que a população
saiba e conheça os fatos, não só por ignorância, mas pelo imobilismo social dos pais e da sociedade
como um todo. Esse comportamento apático parece mudar quando se registram os
gritos de alguns protagonistas que tomam pela mão a responsabilidade cidadã de
transformar a Escola num instrumento participativo, e culturamente organizado
comprometido com “os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar,
na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais”, como bem determina em seu Art. 1°, a Lei (9.394/96), das Diretrizes e Bases da
Educação Nacional.
As questões fundamentais
que se identifica nesse embate pela melhoria da educação podem ser classificadas
na seguinte ordem: interna (endógena) e externa (exógena), numa interface
estruturante capaz de promover a organização da escola como espaço cultural,
político e estratégico. Nesses termos a Escola deixa de ser uma edificação
qualquer e passa a ser compreendida como o lugar de formação por excelência, agregando valor, capital intelectual, político
e social centrado nos processos formativos e no desenvolvimento cognitivo dos
professores e alunos, todos inseridos numa rede do ensino-aprendizagem.
Assim, a escola deixa
de ser um ente isolado e passa a fazer parte do cotidiano da comunidade. Esse
salto pode ser iniciado pela própria comunidade escolar quando por meio do
gestor, da congregação dos professores, da Associação de pais e mestre, do grêmio
livre dos estudantes e das próprias lideranças comunitárias do em torno da
Escola comprometidas com a educação enquanto matriz de desenvolvimento.
Nessa perspectiva é
que o próprio governo federal vem incentivando a criação dos Conselhos
Escolares, devendo ser encarado pela comunidade escolar como plataforma de
organização para o controle da escola pelos seus agentes. O incentivo do
governo não deve ser entendido como concessão, mas como direito e estratégia de
gestão democrática.
Para esse fim é
necessário repensar a postura dos Diretores de Escola, chamando à responsabilidade
para operar a mobilização em favor da organização desse espaço cultural,
reunindo força para discutir e fortalecer os Conselhos como instrumento
consultivo, deliberativo, financeiro e avaliativo. Se assim for, os Conselhos
Escolares serão verdadeiros Fóruns de Educação, resgatando a autonomia da
Escola, tomando para si o poder de decidir sobre o Projeto Político Pedagógico
mais adequado para as suas comunidades, bem como, realizando também o
planejamento escolar participativo, pondo em questão a centralização do poder
como expediente viciado, que muito mal faz a comunidade relativa à resolução dos problemas enfrentados no
cotidiano da Escola.
É urgente que se
inaugure esta prática, porque a escola em relação às estruturas de poder das
Secretarias de Estado é o fim e não o meio. Significa dizer que a Escola em
cumprimento a sua missão deve ser respeitada e para tal requer os meios necessários
para operar seus objetivos. Dessa feita, o investimento na Escola deve
pautar-se na criação e fortalecimento do Conselho Escolar, exigindo das
estruturas de poder um novo reordenamento dos meios em atenção à autonomia e a
qualidade dos processos de aprendizagem.
Nesta semana, a Assembleia Legislativa do Amazonas, por meio do presidente da Comissão de
Educação, Cultura e Assuntos Indígenas, Deputado Sidney Leite, estará
promovendo uma Audiência Pública, no dia 14 (quinta-feira), das 15 às 17h, no
Plenário Ruy Araujo, para homenagear o Dia da Escola, discutindo e definindo os
meios necessários para o fortalecimento do espaço escolar como instrumento de
analise e avaliação dos processos de formação, gestão e estrutura financeira na
Escola. Para o evento foram convidados alunos, professores, pedagogos, os técnicos
da SEDUC e SEMED, parlamentares, pesquisadores, consultores e formuladores de
políticas públicas.
(*) É professor,
antropólogo e coordenador do projeto Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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