quarta-feira, 28 de maio de 2008

EM DISCUSSÃO O FUTURO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NO AMAZONAS


Alunos, ex-alunos, professores e acadêmicos do campo de Ciências Sociais estão convocados a discutir e se manifestar frente à extraordinária decisão do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que compromete a qualidade do curso de Ciências Sociais e, muito mais ainda, o seu futuro.

Feito a avaliação da matriz ocupacional da UFAM, O Departamento foi beneficiado com 5 (cinco) vagas para concurso público. Em reunião extraordinária, datada do dia 28 passado, os professores e somente eles, decidiram que as 5 (cinco) vagas destinadas ao curso de Ciências Sociais devem ser oferecidas unicamente para área de Sociologia, deixando totalmente descoberto o campo da Política, considerando que o curso não tem em seu quadro nenhum professor especificamente pós-graduado em Ciência Política.

A decisão dos doutos justifica-se porque se deve, necessariamente, segundo eles, fortalecer a pós-graduação, o que indiretamente fortaleceria também a graduação, argumento como esse e outros serviram de base para o julgamento final. No entanto, sabe-se que a decisão é discutível, inclusive quanto a sua legitimidade, pois matéria dessa magnitude não pode e não deve ser decidida sem ouvir os principais interessados que são os alunos e muito mais ainda a toque de caixa.

Dessa feita, damos publicidade à decisão do Departamento de Ciências Sociais e formulamos as seguintes perguntas:

É justo que se destinem as 5 (cinco) vagas para sociologia enquanto o curso sofre da ausência de um profissional qualificado em política?

A decisão não denuncia também uma forma de reducionismo da política à sociologia regrada por forma de corporativismo profissional?

Estaria com essa decisão comprometido o futuro do Curso de Ciências Sociais na UFAM e, particularmente, a formação no campo da Ciência Política, visto que não se vislumbra nenhum curso de pós-graduação na área e muito menos vontade para se realizar.

A decisão tomada, não mata por sua vez a galinha dos ovos de ouro, que é o próprio Curso de Ciências Sociais, pois sem ele a Pós-Graduação em Sociologia não se justifica, a não ser que os doutos estejam planejando acabar com Ciências Sócias e implementar um Curso de graduação em Sociologia para vestir o próprio modelito, um tido de “lei alfaiate” como se diz na prática parlamentar.


Participe da discussão, manifestando seus argumentos pois eles serão analisados e encaminhados aos Colegiados competentes.

31 comentários:

Anônimo disse...

Acho que para discutir com objetividade esse tema, seria necessário, primeiro, expor todos os argumentos que serviram à decisão. Pelo que se depreende do artigo, as opções em jogo são duas: (a) fortalecer a sociologia na graduação e pós-graduação ou (b) estimular a ciência política na graduação.
Outra coisa que não fica clara é "como" foi tomada a decisão. Houve reunião do departamento? Os representantes discentes participaram dela? Os discentes do curso têm uma posição fechada sobre o assunto? Que posição é essa? E mais: quantos são s professores substitutos, hoje, e que disciplinas estão ministrando?
Desconheço a atual grade curricular do curso, mas me parece que por ela se pode ter uma idéia do espaço da ciência política no curso de ciências sociais da UFAM.
Também acho que essa discussão pode se dar tendo como referência preocupações como as manifestadas pela Comissão Gubelkian, em relatório de 1996, sobre o estado das ciências sociais e a necessidade de se rever as "fronteiras" entre elas.
Enfim, espero que não esteja em jogo, como afirma a matéria, nenhum tipo de "corporativismo" - de sociólogos ou cientistas políticos -, pois se for isso, a discussão é natimorta.

Anônimo disse...

Acho que para discutir com objetividade esse tema, seria necessário, primeiro, expor todos os argumentos que serviram à decisão. Pelo que se depreende do artigo, as opções em jogo são duas: (a) fortalecer a sociologia na graduação e pós-graduação ou (b) estimular a ciência política na graduação.
Outra coisa que não fica clara é "como" foi tomada a decisão. Houve reunião do departamento? Os representantes discentes participaram dela? Os discentes do curso têm uma posição fechada sobre o assunto? Que posição é essa? E mais: quantos são s professores substitutos, hoje, e que disciplinas estão ministrando?
Desconheço a atual grade curricular do curso, mas me parece que por ela se pode ter uma idéia do espaço da ciência política no curso de ciências sociais da UFAM.
Também acho que essa discussão pode se dar tendo como referência preocupações como as manifestadas pela Comissão Gubelkian, em relatório de 1996, sobre o estado das ciências sociais e a necessidade de se rever as "fronteiras" entre elas.
Enfim, espero que não esteja em jogo, como afirma a matéria, nenhum tipo de "corporativismo" - de sociólogos ou cientistas políticos -, pois se for isso, a discussão é natimorta.

Anônimo disse...

Na parte do corporativismo isso não se discute! Mas deveria se com certeza ter uma abertura bem maior para que o corpo discente pudesse estar ciente e também reclamar a falta de apoio e o desmerecimento da área de ciência política. Muitos colegas têem interesse nesta área que se encontra hoje aguerridamente sobrevivente do monopólio vigente.

Anônimo disse...

Pela formação em CIENCIA POLITICA não é a toa que os alguns alunos e do curso de Ciências Sociais e o NCPAM quer que a CIÊNCIA POLITICA tenha mais valor no curso,a meu ver e indispensavel a matéria CIÊNCIA POLITICA dos 3ºperiido ao 7º pois que Ciêntistas Sociais a UFAM esta formando entre Antropologos, Sociologos e onde está a formação do CIENTISTA POLITICO?
No processo de globalização em que passa o mundo, mão podemos formar Sociologos e Antropologos sem visão POLITICA do Brasil e do Mundo, sem falar na ECONOMIA-POLITICA ou a continuação de HPE II que em outras Universidades Federais a grade e muito maior que a nossa, será que a ANTROPOLOGIA vai tomar conta do departamento deveria ser chamado de CURSO DE ANTROPOLOGIA!

Quinta-feira, Maio 29, 2008

Anônimo disse...

Posso não ter entendido, mas não me parece que a decisão de contratar 5 sociólogos seja indicativa da eliminação da ciência política da grade curricular da graduação. Uma outra questão que precisa ser esclarecida é a de explicitar qual a formação exigida dos candidatos às vagas.
O edital se destinará apenas a doutores ou também a mestres? Qual ou quais as áreas de especialização deles: ciências sociais, sociologia, sociedade e cultura, ciência política?
E mais, o concurso exigirá graduação em ciências sociais ou um candidato que tenha feito, por exemplo, economia e tenha mestrado ou doutorado em sociologia/ciência política/sociedade e cultura/ciências sociais será aceito?

Anônimo disse...

Desde que o mundo é mundo, e que o curso de Ciências Sociais existe, a área de Ciência Política é retardatária, não evolui e não constitui um projeto desvinculado da Sociologia e Antropologia. Ocorre que esse atavismo não surgiu hoje, numa reunião de departamento ou do colegiado. No meu entendimento da tragédia da Ciência Política se apresentar sob três olhares. Em primeiro lugar, a inexistência de profissionais em Ciência Política (mestrado e doutorado) capazes de ministrar aulas de Ciência Política (Imaginem como funciona o curso de Ciência Política da UEA). Em segundo, o desinteresse dos alunos de Ciência Sociais em enfatizarem sua formação em Ciência Política. E em terceiro, o supracitado corporativismos da Sociologia e Antropologia, que por serem maioria esmagadora, inviabilizam a emergência da Ciência Política no interior das Ciências Sociais. Na verdade, ocorre um pacto silencioso entre professores e alunos que mantém a “existência” da ciência política a partir da lógica do toque de caixa ou no jeitinho, como preferirem. Quem ministra as disciplinas de Ciência Políticas não são cientistas políticos. Com todo respeito que tenho por esses professores, mas não conhecem as teorias da ciência política moderna (novo institucionalismo, escolha racional, teoria dos jogos para citar apenas essas) com raríssimas exceções. Na verdade estamos diante de um paradoxo cuja soma do jogo será nula – há alternativa não está na porta. Enquanto no restante do país a ciência política consegue se consolidar, no Amazonas infelizmente a coisa não anda. As pessoas ainda vivem no plano da cultura, como se as instituições política não existissem. E onde vive a democracia? Estamos presos num atavismo desprovido de democracia e de cidadania, onde a tragédia dobra a esquina. A minha sugestão é a seguinte: que os professores que ministram as disciplinas de ciência política parem de lecioná-la. Aí vamos ver a cara da burocracia diante da esfinge: decifra-me ou te devoro.

Anônimo disse...

Pelos comentários do Breno, tudo indica a necessidade de uma discussão ampliada sobre o espaço da ciência política nas ciências sociais do Amazonas. Isso envolveria não apenas ã contratação de professores especialistas, mas também o "peso" relativo da disciplina na grade curricular. Sem conhecer a grade, tenho a impressão de que o curso deveria se dividir em dois anos de muito conteúdo de história (mundial, nacional e regional) e outros dois anos nos quais a concentração seria em disciplinas específicas (teóricas e metodológicas) da antropologia, sociologia e ciência política. Essa é discssão muito mais ampla, claramente, do que a que se refere à contratação de professores, pois envolve o próprio projeto do curso.

Anônimo disse...

certo marcelo,nossa grade curricular esta monotona, deve sim ter muito conteudo de história mundia,nacional, regional, geografia,economia e etc..
Lembrando que a contratação de professores qualquer um faz, agora a qualidade da aula e mostrar a realidade politica do pais e do mundo e outras coisa, que não ocorre no curso, devido sim a massa esmagadora de prefeencia pela antropologia e sociologia.

Anônimo disse...

desde que o curso de ciencias sociais da ufam entrou no mundo,e uma vergonha em comparação as outras federais, aulas são ministradas com ma vontade,dadas aos trancos e barrancos como quem esta fazendo um favor para os alunos e não está nem ai para a sua formação e para o que ocorre no pais, mestre alguns prepotentes que deveriam estar fazendo outra coisa,menos ser professor no curso de ciencias socias, e por causa deste que o curso esta assim , e nossos calouros estão abandonando o curso, uma total desmotivação e evaziamento uma FULERAGEM!
se têm competencia pra ser outras coisa não ocupe uma vaga de quem tem o dom de ser professor não e qualquer um que gosta de dar aula ,NÃO!

Anônimo disse...

Os sindicatos - sobretudo as duas centrais mais importantes, a CUT e a Força Sindical - têm ocupado o noticiário. Multiplicam-se os casos de apropriação privada, sindical, de recursos públicos, fruto de uma simbiose cada vez maior entre a máquina sindical e o Estado. Acrescente-se a isto o poder atribuído por este governo às centrais, com destinação de verba específica a elas, de tal maneira que possam fazer um uso indiscriminado de tais recursos. Signo dos novos tempos, o próprio presidente da República vetou, inclusive, que esses recursos fossem fiscalizados pelo Tribunal de Contas, abrindo às portas para usos sem nenhum controle.

Há uma lógica subjacente a todos esses episódios, que é a da integração entre sindicatos e Estado numa mesma estrutura que torna os primeiros dependentes do segundo e este, por sua vez, capaz de controlar cada vez mais àqueles. Os desvios de recursos públicos são, neste sentido, expressões desta lógica político-sindical, graças à qual a representação sindical se descola dos trabalhadores e passa a obedecer a orientações governamentais e partidárias.

Não é de surpreender que o PDT, herdeiro do getulismo, seja um dos partidos envolvidos neste processo, na figura do presidente da Força Sindical . Ele se situa dentro de uma linha histórica de integração dos sindicatos ao aparelho do Estado, com os benefícios daí originários. Na fase de criação da legislação trabalhista, esses benefícios foram destinados a toda a classe trabalhadora, enquanto, hoje, eles se destinam, principalmente, a proveitos privados das lideranças sindicais.

Trata-se da forma própria de integração dos sindicatos ao aparelho de Estado, como se se tratasse de uma mesma estrutura e de um mesmo uso "privado" dos recursos públicos.

Pelos que se diziam representantes de uma esquerda revolucionária, eles eram considerados como pelegos , expressão pejorativa que dava conta de uma colaboração de classes via integração ao Estado. Se fossem, ainda segunda essa visão, lideranças revolucionárias, que pregassem a ruptura institucional, elas seriam vistas favoravelmente.

O pelego é um líder sindical que procura conciliar os interesses do trabalho e do capital, usufruindo politicamente dessa situação. Poder-se-ia dizer que se trata de um reformista. O não-pelego , ainda segundo essa visão, seria o líder sindical que prega a sociedade socialista, tudo fazendo para que ela seja instalada, conduzindo as reivindicações dos trabalhadores ao ponto da ruptura político-social. Tal denominação não teria curso se o marxismo não tivesse naquela época se estabelecido como marco mesmo de análise, o marco de análise "verdadeiro" ou "científico".

A CUT, por sua vez, é tributária de uma história distinta. Quando de sua criação, se posicionava claramente contra os ditos pelegos, por estes não se pautarem pela luta de classes, segundo rezava a cartilha marxista. Apresentavam-se como moralmente puros, procurando apenas defender os trabalhadores e propugnando por uma transformação socialista da sociedade. Viam no mundo sindical de então um antro de colaboracionismo e de corrupção. Ademais, consideravam os sindicalistas como não representativos, pois ancorados numa contribuição sindical obrigatória, que falsearia os termos mesmos de uma relação entre representantes e representados. Enquanto o sindicalismo dos pelegos, à sua maneira, estava baseado na unidade da sociedade, na colaboração de classes, na legislação trabalhista que favorecia aos trabalhadores, o novo sindicalismo lutava pela ruptura social enquanto condição para a transformação revolucionária da sociedade.

Quando o PT chega ao poder, ele o faz através de seu representante sindical mais importante, o hoje presidente Lula. Com ele, chega também ao Poder a ala sindical petista que, junto com os católicos, vinculados às Pastorais , e com os grupos esquerdistas revolucionários, formavam a espinha dorsal do partido. Todos comungavam e alguns ainda comungam uma mesma ideologia socialista, visando a transformação revolucionária da sociedade e considerando o Estado como um instrumento dessa transformação. Nos países europeus, quando os socialistas chegaram ao poder, eles já tinham realizado uma mudança doutrinária, adotando a economia de mercado, a propriedade privada e o estado de direito. No Brasil, esse processo não teve lugar e a transformação revolucionária continuava e continua sendo uma bandeira política.

A esquizofrenia entre um discurso socialista, de cunho revolucionário, e uma prática de integração ao sistema, nestas circunstâncias, só podia se acentuar. Do ponto de vista ideológico, a CUT continua com um discurso socialista autoritário, sendo aliada de organizações políticas como o MST, que tem como objetivo a revolução nos moldes soviéticos e cubanos. Aparentemente, não haveria aqui nenhuma diferença essencial.

No entanto, há uma diferença de monta, pois o MST prega a ruptura completa com o capitalismo, enquanto a CUT - a solavancos, poder-se-ia dizer -, se integra cada vez mais ao capitalismo que diz abominar. Suas demandas se situam no interior do sistema capitalista, podendo, em sua maior parte, ser atendidas, apesar de sua fraseologia revolucionária.

Quero dizer com isto que elas são negociáveis, factíveis, e se situam no interior da colaboração de classes. Em vez da CUT ter se tornado um sindicato moderno, social-democrata, como seus congêneres europeus, revisando a sua doutrina, aceitando plenamente a propriedade privada e a economia de mercado, ela se aferra a seus posicionamentos anteriores, porém adotando uma prática de colaboração de classes sob a forma do peleguismo que dizia criticar. Ela opera uma forma de social-democratização às avessas, entendendo por esta expressão uma integração ao Estado, a negociação sindical e o desvio de recursos públicos. Retoricamente, porém, continua dizendo lutar pelo socialismo, como se a atual etapa fosse apenas de transição.

Anônimo disse...

Caros colegas,

Sou representante discente do programa de Pós-Graduação em Sociologia e recém graduado em Ciências Sociais na Ufam (03/2007). Conheço e reconheço as fragilidades do campo da Ciência Política no curso de Ciências Sociais e da necessidade de revitalizá-lo. Contudo, isso só poderia ocorrer após uma reformulação da grade curricular que destina à Ciência Política apenas duas disciplinas (Introdução a Ciência Política e Ciência Política I), sou testemunha e lutei junto a outros colegas (meu amigo Breno estava junto) pela reformulação da grade, para quem não lembra ou desconhece, paralisamos o curso durante 1 semana inteira para discussões, mas, nada ocorreu. Assim, o reducionismo da política à sociologia ocorre dentro da própria estrutura da grade curricular. Por outro lado, a iniciativa de alguns professores do DCis de criar um programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) não pode ser desprezado e visto como apenas um capricho (idéia de muitos), pode representar uma alternativa para os próprios estudantes de graduação de continuarem estudando e pesquisando e, nada impede de se formular propostas de pesquisa que abranja o campo da ciência política estabelecendo diálogos com a sociologia (alguns mestrandos estão trabalhando nessa direção). Atualmente PPGS conta com apenas 5 sociólogos doutores no quadro permanente (excluindo a Profa. Marilene Corrêa) aptos a ministrarem disciplinas e orientar dissertações (Renan Freitas, Marco Aurélio, Antônio Carlos Witkoski, Terezinha Fraxe e Izabel Valle), assim, o programa necessita urgentemente de mais sociólogos. Essa situação foi utilizada como um dos argumentos para a contratação de novos professores. Ë importante ressaltar que essas vagas para compor o DCis foram disputadas entre todos os departamentos da UFAM, inicialmente estavam cotadas 7 vagas para o departamento (REUNI) mais a vaga para substituir a Profa. Heloisa Lara (socióloga aposentada), totalizando 8 vagas, depois de outras negociações restaram, 4 vagas mais 1 que substitui a vaga deixada pela Heloisa, totalizando 5 (informações obtidas na reunião do colegiado do PPGS). Acredito que a chegada desses novos professores não beneficie apenas o PPGS, o próprio curso de Ciências Sociais ganha na medida em que se amplia as possibilidades de pesquisa dentro do departamento através de PIBICs e Projetos de Extensão etc.

Anônimo disse...

Glauco, não vejo como a "massa esmagadora" da sociologia e da antropologia possa ser impedimento para a compreensão da realidade. Por esse raciocínio, o problema está nessas duas disciplinas, logo, em boa parte daquilo que constitui as ciências sociais.
Acho que é preciso saber quais são as reais resistências e limitações à ampliação do espaço da ciência política na UFAM. Pelas explicações do Tiago, parece que a tese "corporativista" não é suficiente. O Luiz Antônio, num e-mail para a lista da ACISAM também faz comentários que mostram haver algo mais.
Se temos um problema na grade curricular do curso, não vamos resolvê-lo com a contratação de professores. Salvo engano, desde a criação do curso, em 1988, já houve três grades diferenes. A pergunta é: em alguma delas a ciência política tinha mais espaço? Por quê?
Parte da explicação pode estar na carência de quadros especializados. Mas só parte. Quando o curso de ciências sociais foi criado,é bom não esquecer, também eram poucos os especialistas e mesmo assim caminhamos.
Não me lembro de, em minha época (1989-1994), haver demanda específica para a ciência política, ainda que huvesse gente fazendo pesquisa na área (cito: Júlia, Izaura, Fernanda, Marialva). Então, imagino que essa seja uma demanda relativamente recente e vinda, pelo que sugere a importante iniciativa do NCPAM, de pessoas engajadas, atuantes.
O Tiago també chama atenção para o fato de que há pesquisadores na pós trabalhando com ciência política. Isso me leva a uma pergunta: será que o problema está na pespectiva de ciência política que predomina no curso, a insuficiência de disciplinas voltadas para a área ou na qualidade das aulas?
Discussões que partem do suposto de que uma área só pode se constituir em sacrifício da outra, dificilmente chegam a algum lugar. Seja por que se convertem em discussões dogmáticas, seja por que as áreas já estabelecidas têm mais chances de vingar, não se avança muito. É bem verdade que discussões desse tipo podem servir para marcar posição. Mas é só disso que se trata?

Anônimo disse...

JORDEANES
TODOS ESSES COMENTÁRIOS NÃO VÃO RESULTAR EM NADA SE NÃO EXISTIR UMA PRÁXIS TRANSFORMADORA, OU SEJA, PARA QUEM É LEIGO NO ASUNTO, AS IDEIAS TEM QUE SE TRANSFORMAREM EM PRÁTICA TRANSFORMADORA, E AQUI, LEMBRO MARX, ENTAO VAMOS FICAR NO MUNDO DA ABSTRAÇÃO, NO MUNDO DAS IDEIAS..................

Anônimo disse...

Anônimo, boa provocação: diante dessas idéias, que fazer?
Apenas para não perder o mote: para o próprio Marx - e como prova o marxismo - as idéias também são uma força produtiva da sociedade.
Abraço

Anônimo disse...

Meus caros, acabo de ler o edital do concurso. Lá está definido como critério o seguinte: "Mestrado em
Sociologia ou
áreas Afins". Se a Ciência Política for área afim - e me parece que sim, acho que a discussão micro iniciada aqui se esgotou. A macro, relativa ao espaço da CP no curso, permanece.

Anônimo disse...

Os próprios professores que se dizem da ciencia politica nunca se mobilizaram e se qualificaram, o que esperar dos alunos?Estes estao totalmente desmotivados com relaçao a grade curricular e os professores que ministram estas disciplinas. Agora colegas é colher o que voces da "ciencia politica" plantaram.

Anônimo disse...

Se há, de fato, professores e alunos interessados em ampliar o espaço da CP no curso, seria importante definirem, pelo menos, o que querem e como fazer para chegar lá. Mudanças de grade curricular, sabemos todos, não são simples, pois envolvem muita discussão e burocracia. Em geral, elas repercutem, de imediato, sobre os próprios alunos. Isso, evidentemente, não é um obstáculo, apenas uma dificuldade que pode ser superada. Pra tanto, faz pouquíssimo sentido procurar atribuir aos professores da Sociologia e da Antropologia a responsabilidade pelo "encolhimento" da Ciência Política. Se há resistências reais, é preciso apontá-las e confrontá-las com propostas objetivas. Senão, ao invés de avançar criticamente, essa discussão se converterá num rosário de lamúrias. E com lamúrias não se faz nem política, quanto mais Ciência Política.

Anônimo disse...

Creio que ao estabelecer o "mestrado" como exigência mínima para a inscrição de candidatos, o Edital desfaz a hipótese de que o concurso se inspira na idéia de fortalecer a pós-graduação. Mestres não podem dar aula em cursos de mestrado. Evidentemente, na hipótese de se increverem e serem aprovados doutores, isso pode redundar no aumento do número de professores habilitados a participar da pós-graduação. Mas e se só se inscreverem e/ou forem aprovados mestres?

Anônimo disse...

Possivel solução abrir concurso para cientista politico no curso seria, melhor do que ter a hegemonia da sociologia e da antropologia que e de outro departamento que somente atrapalha a realidade que o curso deve ter frente a sociedade.Na questão de mudar a grade não e burocratica não e apenas falta de vontade pessoal de mudar a grade e comidismo de que esta na direção do curso.

Anônimo disse...

ALUNOS COVARDES DO CURSO DE CIENCIAS SOCIAIS DIGAM NÃO AO DOMINIO DA ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA NO CURSO E A DIREÇÃO DESTE CURSO QUE PARA A GRADE PARTE DA UFAM E UMA M.....
SABE! TENHAM CORAGEM DE FAZER ALGO SEMELHANTE AOS DA UNB, O CURSO NÃO ESTA BOM A CULPA NÃO E DOS PROFESSORES OU ALUNOS E SIM DO CHEFE DE DEPARTAMENTE DE CS E DO REITOR DA UFAM QUE NÃO ESTÁ NEM AI PARA OS CIENTISTAS SOCIAIS.

Anônimo disse...

Insisto: se há alunos e professores interessados em ampliar o espaço da CP no curso de Ciências Sociais, qual é a proposta?
Responsabilizar o chefe de departamento, a "hegemonia" da sociologia e da antropologia, e a "covardia" dos alunos não ajuda em absolutamente nada a resolver o problema. Apenas permite que os que se colocam como "críticos" revelem sua insatisfação e deificuldade de se fortalecer para mudar.

Anônimo disse...

REALMENTE, MARCELO TRAZ UMA NOVA PAUTA PARA A DISCUSSÃO: EM PRIMEIRO, UMA PROVOCAÇÃO IMPORTANTE PARA OS ESTUDANTES DA GRADUAÇÃO DE CIENCIA SOCIAIS E EM SEGUNDO, A QUESTAO DO EDITAL DO CONCURSO. ACHO IMPORTANTE A PROVOCAÇÃO POIS SE ESTABELECE UMA RUPTURA ENTRE AS PALAVRAS E A NECESSIDADE DE SE COLOCAR A MAO NA MASSA. SE REALMENTE HÁ ESSA DEMANDA TODA EM TORNO DA CIENCIA POLITICA, GOSTARIA DE SABER ONDE ESTAO OS PROJETOS DE PIBIC? AS MONOGRAFIAS EM AREAS TEMATICAS EM CIENCIA POLITICA? OS NUCLEOS DE DISCUSSAO EM CIENCIA POLITICA? SOU RECEM EGRESSO DO CURSO E NAO CONHECI NINGUEM QUE TIVESSE INTERESSE EM CIENCIA POLITICA. ACHO QUE AS COISAS MUDARAM, ESPERO? OUTRA COISA IMPORTANTE DIZ RESPEITO AO CORCURSO: JÁ QUE O EDITAL PERMITE A PARTICIPAÇÃO DE MESTRES, E ISSO NO MEU ENTENDIMENTO É UM ERRO, POIS O ARGUMENTO É O FORTALECIMENTO DA POS-GRADUACAO EM SOCIOLOGIA, CREIO QUE A MINHA DUVIDA FOI ESCLARECIDA. O CURCURSO SÓ VAI INCLUIR OS MESTRES EM SOCIEDADE E CULTURA, QUE FICARÃO NA GRADUAÇÃO E OS DOUTORES SE FIXARAM NO MESTRADO. ALGUEM AINDA TEM DÚVIDA DISSO? INFELIZMENTE A TRAGEDIA PERMANECERÁ COMO ESTÁ: A GRADUAÇÃO LARGADA, OS ALUNOS SEM PROJETOS... E A CIENCIA POLITICA? DEIXA ISSO PRA DEPOIS. ACHO QUE A MELHOR ALTERNATIVA É SEPARAR OS DEPARTAMENTOS, JÁ EXISTE O DE ANTROPOLOGIA, CRIA-SE O DE SOCIOLOGIA E O DE CIENCIA POLITICA. SÓ VEJO ESSE CAMINHO PRA CIENCIA POLITICA PORQUE SE FICARMOS DEPENDENDOS DOS OUTROS ESTAMOS...

Anônimo disse...

correto Breno e uma boa ideia criar o departamento de ciencia politica, e o de sociologia, como ja existe o de antropologia, pois se ficarmos esperando pelo atual departamento de ciencias sociais fazer alguma coisa pelo interesse e pela demanda dos alunos estamos perdidos, pois não sai nada de bom deste departamento mesmo com o NCPAM atuando, existe uma força politica maior que cala o NCPAM, se é um NUCLEO DE CULTURA POLICITA DO AMAZONAS DENTRO DO CURSO DE CIENCIAS SOCIAIS, POR QUE ENTÃO OS SEUS INUMEROS MEMBROS E MESTRES NÃO FAZEM ALGUMA COISA, PARA AMPLIAR A GRADE E OPORTUNIDADES DESDE CURSO QUE ESTA CENTRALIZADO NA ANTROPOLOGIA E NO MESTRADO EM SOCIOLOGIA??JA VI QUE O CAMINHO IMEDIATISTA PARA TRABALHAR COM INDIGENAS E MEIO DE VIDA E EMPREGO PROJETOS, POR ISSO QUE NADA MUDA, E RUIM A UFAM FORMAR CIENTISTAS SOCIAIS SEM ESPERIENCIA EM CIENCIAS POLITICA APENAS PARA SERVIR A ONG'S DE ANTROPOLOGOS, SOU CONTRA DEVEREMOS LEVAR ESTE PROJETO DE DEMEMBRAMENTO DO CURSO AO MEC E AS AUTORIDADES COMPETENTES DE BRASILIA.

Anônimo disse...

SEM FALAR QUE A GRADE DE CIENCIAS SOCIAIS DA UFAM E MINIMA EM RELAÇÃO AS OUTRAS FEDERAIS, CADA MACACO NO SEU GALHO!ANTROPOLOGO, SOCIOLOGO E CIENTISTA POLITICO.

Anônimo disse...

agora acessem as grades das outras FEDERAIS do curso de CIENCIAS SOCIAIS E VAJEM A NOSSA GRADEZINHA EM RELKAÇÃO AO RESTO DO BRASIL!



Ciências Sociais
O cientista social adquire conhecimentos sobre as diversas culturas
Capacita o profissional a designar a origem, desenvolvimento, funcionamento e organização de toda e qualquer sociedade ou cultura. Para isso, ele deve realizar inúmeras pesquisas, onde descobrirá os diversos aspectos de uma determinada sociedade ou cultura como, por exemplo, a movimentação social que ocorre em certa civilização, como eram caracterizadas a divisão das classes sociais, etc. Podendo atuar tanto nas áreas de pesquisa e planejamento, quanto na área de ensino.

Mercado de Trabalho

A oferta de vagas para esse profissional encontra-se estável, tendo boas perspectivas para os próximos anos. Isso se deve ao fato da constante evolução social, diversificação da economia, etc. Estando as melhores ofertas na área de ensino, seguidas pela área de pesquisa social realizadas por certas agências. Também há uma forte tendência de mercado para esse profissional na área de planejamento e desenvolvimento urbano.

O Curso

A grade curricular do curso de ciências sociais tem por disciplinas básicas Antropologia, Sociologia, Política, História, Economia, Geografia, Psicologia, Estatísticas, etc. A partir do terceiro período há matérias optativas. Para a conclusão do curso é necessário que o aluno elabore uma monografia.

Duração média: 4 anos.

Área de Especialização

Antropologia, Ciência Política, Sociologia, Pesquisa, etc.

Instituição de Ensino

• Região Sudeste

Espírito Santo: Ufes.
Minas Gerais: PUC-MG, UFMG, UEMG, Unimonte, UFJF, UFU.
Rio de Janeiro: FGV-RJ, PUC-RJ, UFRJ, Uenf, UFF, Uerj.
São Paulo: UNESP, PUC-Campinas, Unicamp, PUC- SP, USP, Unifesp, UFSCar.

• Região Norte

Acre: Ufac.
Amapá: Unifap.
Amazonas: Ufam.
Pará: UFPA.
Rondônia: Unir.
Roraima: UFRR, UERR.
Tocantins: UFT.

• Região Nordeste

Alagoas: Ufal.
Bahia: UFBA.
Ceará: UFC, UVA-CE. Uece.
Maranhão: UFMA.
Paraíba: UFPB, UFCG.
Pernambuco: UFPE, UFRPE.
Piauí: UFPI.
Rio Grande do Norte: Uern, UFRN.
Sergipe: UFS.

• Região Centro-Oeste

Distrito Federal: UnB, Uni-DF.
Goiás: Univangélica, UFG, UCG.
Mato Grosso do Sul: UFMS.
Mato Grosso: UFMT.

• Região Sul

Paraná: UFPR, UEL, UEM.
Rio Grande do Sul: Ulbra, PUC-RS, UFRGS, UFPel, UFSM.
Santa Catarina: UFSC.

Por Eliene Percília
Comentários

Anônimo disse...

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Revista Brasileira de Ciências Sociais
Print ISSN 0102-6909
Rev. bras. Ci. Soc. vol.12 n.35 São Paulo Feb. 1997
doi: 10.1590/S0102-69091997000300007

A EMERGÊNCIA DA CIÊNCIA POLÍTICA NO BRASIL:
aspectos institucionais*



Maria Cecília Spina Forjaz



Introdução

A intenção deste artigo não é abranger globalmente a constituição da Ciência Política como disciplina acadêmica no Brasil, mas focalizar a atenção no grupo geracional e regional (incluindo instituições) que denomino grupo mineiro/carioca.

Essa seleção exclui importantes cientistas políticos, assim como cientistas sociais de outras regiões e períodos históricos. A exclusão não minimiza a importância da contribuição desses pensadores à Ciência Política brasileira, mas qualifica deliberadamente o grupo focalizado como ator privilegiado da autonomização do conhecimento científico da política em relação a outros ramos das ciências sociais brasileiras.

As instituições que considero pioneiras nesse processo de constituição da Ciência Política como disciplina autônoma são o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e o Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (DCP-UFMG), liderados respectivamente por Wanderley Guilherme dos Santos e Fábio Wanderley Reis. Foi intenso o intercâmbio de intelectuais e de idéias entre elas, principalmente no sentido Minas — Rio. Um número respeitável de intelectuais mineiros emigraram para o Iuperj, dentre os quais Bolivar Lamounier, Simon Schwartzman, Amaury de Souza, Edmundo Campos Coelho, Olavo Brasil de Lima Júnior, Renato Boschi e José Murilo de Carvalho.

O relativo atraso da institucionalização e profissionalização da Ciência Política não é fenômeno apenas brasileiro, mas pretendemos aqui deslindar as especificidades desse fato no âmbito nacional. E tratando-se de estudar a emergência das ciências sociais num país subdesenvolvido, nunca é demais frisar sua subordinação aos eventos, instituições e lideranças intelectuais dos centros produtores do "Primeiro Mundo". A constituição da Ciência Política acadêmica no Brasil está estreitamente vinculada à influência estrangeira, especialmente à norte-americana, que nutriu e formou a maioria dos integrantes dessa geração.

A inspiração nas fontes teóricas da Ciência Política americana, de resto uma das mais precoces e desenvolvidas, marcou profundamente esse grupo de pesquisadores e os distinguiu dos fundadores da Sociologia brasileira, eminentemente formados na tradição européia, especialmente francesa e alemã. Origens intelectuais tão diversas e a hegemonia político-cultural americana no pós-64 tornaram esse processo bastante conflituoso, como pretendemos esclarecer ao longo do trabalho.

Além da diversidade teórica que os caracterizou, esse conjunto de cientistas teve que enfrentar um campo intelectual reduzido e totalmente dominado pela Escola Sociológica Paulista. A hegemonia e o caráter fechado da Universidade de São Paulo tornaram extremamente competitivo o processo de afirmação desses cientistas sociais, tendo produzido um debate intelectual bastante agressivo.

O artigo focaliza especialmente os aspectos institucionais do processo de delimitação de um território próprio da Ciência Política no Brasil, sem empreender uma análise teórica da obra produzida por esse grupo de pesquisadores, passo seguinte e necessário para a completa elucidação dos argumentos aqui desenvolvidos.



As instituições e os produtores: a construção disciplinar da Ciência Política

O processo de institucionalização, profissionalização, definição disciplinar e constituição de um elenco respeitável de produtos de Ciência Política, assim como a afirmação de paradigmas teóricos próprios e a autonomização em relação a ramos mais antigos e consolidados das ciências sociais, especialmente a Sociologia e o Direito, ocorrem no Brasil ao longo dos últimos 30 anos.

Irmã caçula das ciências sociais, a Ciência Política afirma sua identidade a partir de meados dos anos 60, quando já se constituíra no país um sistema de ensino superior ao qual esteve estreitamente vinculado o desenvolvimento intelectual e institucional dessas disciplinas, especialmente no eixo São Paulo — Rio de Janeiro.

Entre 1930 e 1964, no bojo dos processos mais amplos de industrialização e urbanização do país, moldaram-se importantes centros produtores de ciências sociais, dentre os quais exerceram papel de liderança a Escola Sociológica Paulista e o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB):

Esse conjunto de transformações afetando o perfil da estrutura social está na raiz de uma gama extensa e complexa de iniciativas institucionais nas áreas de ensino e produção cultural que, por sua vez, vão contribuir decisivamente, a médio prazo, para a cristalização de um amplo setor terciário intelectual, nucleado em torno da organização universitária e tendo como principal frente de operações a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. [...] Ao contrário do que se passou em Minas Gerais por exemplo, onde as disciplinas jurídicas e econômicas constituíam o cerne da formação acadêmica em ciências sociais, o currículo da faculdade paulista se nutria de uma alentada formação filosófica sobre a qual foi se erigindo progressivamente o predomínio intelectual da disciplina sociológica convertida em núcleo dinâmico da produção acadêmica em ciências sociais nesse período. [...] O próprio insucesso dos principais empreendimentos universitários na então capital federal (a começar pela Universidade do Distrito Federal) deveu-se em ampla medida à ingerência política das autoridades governamentais e, por outro lado, aos obstáculos de toda ordem impostos pelo exercício do controle confessional católico. A maioria das iniciativas bem-sucedidas no Rio de Janeiro ganhou impulso institucional sob a proteção de lideranças e círculos governamentais influentes. (Miceli, 1989, pp. 14-15)1

Sociologia acadêmica em São Paulo, marcada fortemente pela influência francesa que, graças à hegemonia durkheimiana até os anos 30, se notabilizou pela debilidade da área de política; predomínio de uma ciência social de cunho ideológico e militante intervencionista no Rio de Janeiro, são alguns dos fatores que explicam a constituição tardia de um perfil disciplinar autônomo para a Ciência Política no Brasil. O que estamos querendo demonstrar é que a própria forma em que se estruturou o campo das ciências sociais no Brasil não deixou muito espaço, nessa etapa inicial, para o florescimento da reflexão política de cunho acadêmico.

Predomínio de um determinado tipo de sociologia européia de um lado, e da "política aplicada", digamos assim, de outro. Tanto do ponto de vista dos modelos teóricos que influenciaram a Escola Sociológica Paulista, quanto do formato institucional que foi montado, não havia nessa fase condições que permitissem a emergência da autonomia da política como objeto de investigação científica. As relações intelectuais entre a geração que mais tarde impulsionaria os estudos políticos e a Escola Sociológica Paulista serão abordadas mais adiante.

Porém, esse atraso relativo da constituição da política como disciplina científica não é específico do caso brasileiro, mas, ao contrário, marca a trajetória desse ramo do conhecimento nos principais centros produtores:

Como os fenômenos políticos interessam a muitas disciplinas, essa ambigüidade redunda num sério inconveniente. Isso é particularmente óbvio na Europa, onde muitos estudiosos compartilham do ponto de vista de Maurice Duverger de que, "de modo geral, os dois rótulos (sociologia política e ciência política) são sinônimos". Esse ponto de vista é muito conveniente e predomina, sobretudo, entre os sociólogos europeus ávidos de expansão em detrimento dos cientistas políticos; por esse motivo, explica em boa parte o persistente atraso da Ciência Política na Europa. (Sartori, 1972, pp. 106-107)

O texto citado foi redigido no final dos anos 60, por ocasião da preparação do encontro de 1967 da American Political Science Association, e o objetivo mais geral desse e outros artigos reunidos mais tarde em livro era exatamente avaliar o estado das relações entre a Ciência Política e as demais ciências sociais. Mesmo nos Estados Unidos, onde o desenvolvimento acadêmico da Ciência Política foi mais intenso e precoce, esse processo significou uma longa batalha intelectual de construção de identidade disciplinar.2 Tal como no Brasil, durante muito tempo a política foi encarada naquele país como um "ramo" da ciência-mãe, da ciência síntese, a Sociologia. Tratava-se, então, de afirmar a independência da Ciência Política num ambiente intelectual em que ainda eram vigorosas as correntes de cientistas sociais tendentes a encarar a política como uma seção da Sociologia, ou da Economia.

A análise comparativa do desenvolvimento da Ciência Política permite constatar que as décadas de 60 e 70 foram extremamente favoráveis ao florescimento dessa disciplina tanto na América Latina quanto em alguns países europeus carentes de institucionalização científica na área.3

A decolagem do processo de institucionalização da Ciência Política no país nos anos 60 está vinculada à constituição de um sistema de pós-graduação na Universidade brasileira, por um lado, e à montagem de agências de fomento vinculadas a um sistema nacional de desenvolvimento científico e tecnológico, crescentemente vinculado às políticas de planejamento e desenvolvimento econômico, por outro.

As grandes agências governamentais, principalmente CNPq, Finep, CAPES e FAPESP, passam a carrear recursos orçamentários para financiar a pesquisa científica, que antes dependia apenas das verbas do Estado destinadas à Educação. Em outros termos, "queremos dizer que houve uma duplicação dos locais, dentro do aparelho do Estado, de onde fluem recursos para a pesquisa científica. No entanto, se houve uma ampliação das fontes de recursos financeiros, passou a existir um novo centro de poder sobre a pesquisa científica: as agências de fomento, que são independentes do sistema educacional." (Forjaz, 1989a, p. 72).

A "maioridade" intelectual das ciências sociais em geral, e da Ciência Política em particular, foi sendo conquistada aos poucos no interior dessas agências, à medida que ampliava e se profissionalizava cada vez mais a comunidade de cientistas sociais. Mas, é só a partir de meados dos anos 70 que se configura plenamente o reconhecimento das ciências humanas nos organismos financiadores da ciência brasileira.

O sistema nacional de pós-graduação implantado pela Reforma Universitária de 1968 ampliou enormemente o mercado de docentes universitários, pesquisadores, bolsas de estudo, bibliotecas, laboratórios e todos os outros aparatos necessários ao desenvolvimento científico num leque bastante diversificado de áreas do conhecimento, expansão com a qual as ciências sociais em geral, e a Ciência Política em particular, também foram beneficiadas.

Embora não fossem o alvo específico do impulso modernizador propiciado pelo regime autoritário, e tenham sofrido profundas perdas com a repressão, as ciências humanas também foram caudatárias de um processo mais geral de expansão da pesquisa científica e da indústria cultural no país:

Durante muito tempo pensamos a existência do regime militar como uma excrescência frontalmente antagônica à sociedade que o gerou. Nos deixamos assim impressionar pelos atos repressivos, esquecendo-se que foi esta a via encontrada para o capitalismo mais avançado se implementar no Brasil. Olhando com maior cuidado, percebemos que entre 1964-1980, a contradição entre censura e cultura não era na verdade estrutural, mas conjuntural, e se definia em termos táticos. O ato censor não se caracterizava exclusivamente pelo veto; atuava como repressão seletiva que impossibilitava o florescimento de determinados pensamentos ou de obras artísticas. São censuradas as peças teatrais, os filmes, os livros, mas não o teatro, o cinema ou a indústria editorial, que cresceram vertiginosamente nesse período. O Estado repressor é também incentivador de uma política cultural: Embratel (1965), Conselho Federal de Cultura (1966), Instituto Nacional de Cinema (1966), Embrafilme (1969), Funarte (1975), Concine (1976), Fundação Pró-Memória (1979). Algo semelhante se passa com a Universidade. Paralelamente às cassações, temos o desenvolvimento da Pós-Graduação, resultado de uma política deliberada dos governos militares. (Ortiz, s/d., pp. 18-19)

Na mesma linha de raciocínio, escrevemos o seguinte:

Se o regime militar, por um lado, golpeou e reprimiu setores da comunidade científica e acadêmica mais ativamente oposicionistas, por outro lado, possibilitou a ampliação de uma rede de instituições ligadas à Ciência e Tecnologia nas quais diversos grupos de cientistas sociais conseguiram se insinuar. Além disso, é preciso considerar que o movimento de 64 não constitui um bloco monolítico e que ao longo do regime autoritário diferentes facções militares detiveram a hegemonia. Se no período de 1969 a 1974 predominaram os grupos de "linha dura", com perspectivas nitidamente repressivas (é a fase de grande desenvolvimento da comunidade de informações e segurança), a partir do governo Geisel e do processo de abertura política aumentou a influência dos militares sorbonistas. Esse "partido militar", mais intelectualizado e mais comprometido com a modernização do país, manifestou posturas favoráveis ao desenvolvimento científico e conviveu de forma menos conflitiva com a comunidade científica brasileira. Foi nesses espaços institucionais abertos pelo regime que a crescente comunidade de cientistas sociais (enormemente ampliada com o desenvolvimento da pós-graduação a partir de 1968) inseriu-se e conquistou posições.(Forjaz, 1989a, p. 82)

Mas além desses fatores internos que possibilitaram a emergência de uma Ciência Política acadêmica a partir de meados dos anos 60, foram fundamentais os investimentos feitos por agências internacionais, dentre as quais se destaca a Fundação Ford, que foi, e em alguns casos continua sendo, o esteio financeiro essencial de alguns dos principais empreendimentos na área: o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, o Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais, o Cebrap, o Cedec e o Idesp:

Na segunda metade dos anos 60, o envolvimento norte-americano na guerra do Vietnã havia alterado drasticamente as condições de oferta e sobretudo de recepção da chamada "ajuda internacional" prestada por agências governamentais e privadas norte-americanas. [...] a Ford modificou sua atitude em relação às disciplinas não-econômicas em ciências sociais (a saber, sociologia, ciência política e antropologia) como parte de toda uma reelaboração do diagnóstico que seus dirigentes e técnicos possuíam acerca do processo de desenvolvimento. Juntando-se a isso a postura inequivocamente favorável às ciências sociais por parte dos responsáveis à frente do escritório latino-americano e sua receptividade aos pleitos e formulações das lideranças locais, entende-se por que razões a Ford acabou fixando novas prioridades em termos de atendimento. (Miceli, 1990, pp. 24-25)

A atuação da Fundação Ford foi fator fundamental na implantação de uma Ciência Política de orientação norte-americana. Propiciando bolsas de estudo para os centros de excelência em Ciência Política nos Estados Unidos ou promovendo a vinda de professores americanos ao Brasil, a Fundação influenciou enormemente a formação de novas elites intelectuais permeáveis aos padrões da produção acadêmica norte-americana. Formar elites e influenciar o policy-making no Brasil fez parte da estratégia política da Ford e de outras organizações americanas concatenadas com o projeto mais amplo de hegemonia na América Latina.

A primeira instituição que recebeu recursos da Ford foi o DCP-UFMG, organizado em 1967, que também constituiu o primeiro programa de mestrado em Ciência Política no Brasil. Em seguida vem o Iuperj, que faz o mesmo em 1969, e segue-se a ele o maior montante de recursos aplicado pela Ford numa instituição brasileira, a constituição do Cebrap, no mesmo ano. Uma avaliação quantitativa do montante de recursos aplicados é dada pelo Quadro 1, extraído do livro de Sergio Miceli acima citado.



Quadro 1
Maiores dotações da Fundação Ford em favor dos cientistas sociais no Brasil (1970-1988)

Anos de início e encerramento dos convênios


Posição


Instituições


Disciplinas prioritárias


Montante das dotações em US$
1969-1987 1º Cebrap - Centro Brasileiro de Análise e Planejamento - São Paulo (única instituição Política a receber endowment de US$ 750.000 em 1975 Economia, Demografia, Sociologia e Ciência Política 1.721.200
1967-1989 2º Iuperj - Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro Ciência Política e Sociologia 1.671.323
1968-1989 3º Museu Nacional/UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro Antropologia 1.283.496
1979-1989 4º Cedec - Centro de Estudos de Cultura Contemporânea - São Paulo Ciência Política e Sociologia 1.097.079
1978-1989 5º Anpocs - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais Antropologia, Sociologia e Ciência Política 922.032
1966-1984 6º UFMG/DCP - Universidade Federal de MinasGerais/ Departamento de Ciência Política Ciência Política 860.477
1982-1990 7º Fundação Carlos Chagas/São Paulo Estudos sobre mulheres 585.200
1970-1984 8º UFP/Pimes - Universidade Federal de Pernambuco /Programa Integrado, Mestrado em Economia e Sociologia Mestrado em Economia e Sociologia 538.782
1972-1988 9º UnB - Universidade Nacional de Brasília Antropologia 436.315
1967-1975 10º UFRGS/Universidade Federal do Rio Grande do Sul Ciência Política 422.311
1973-1983 Total

Fundação Ford

Demais dotações

Total geral/dotações Ford
Concursos de bolsas 9.538.215 (71%)

1.558.145 (12%)

2.296.749 (17%)

13.393.109 (100%)

Fonte: Fundação Ford, Nova York, 1988, reproduzido de Miceli (1990, p. 72).



É óbvio que os interesses dessa e outras agências norte-americanas, públicas ou privadas, estão vinculados a uma política de hegemonia cultural na América Latina, propósitos que se intensificaram claramente depois da Revolução Cubana. Os investimentos feitos possibilitaram a abertura de canais de intercâmbio acadêmico-intelectual através dos quais os modelos teóricos da ciência social anglo-saxã penetraram um campo intelectual até então dominado por padrões europeus. Mas, pode-se dizer que a Fundação Ford exerceu uma espécie de "imperialismo cultural ilustrado", bastante pluralista, que admitiu e abriu espaços para lideranças intelectuais latino-americanas dos mais variados matizes político-ideológicos. Muitos intelectuais brasileiros punidos pela Revolução de 1964, e em especial várias lideranças intelectuais da emergente Ciência Política nacional, como Fernando Henrique Cardoso, Wanderley Guilherme dos Santos, Bolivar Lamounier, Simon Schwartzman e muitos outros encontraram abrigo no seio de instituições patrocinadas pela Fundação Ford.

A atuação das agências nacionais e internacionais de fomento científico e a moldagem de um sistema nacional de pós-graduação significaram um enorme incremento nas atividades de pesquisa e docência, assim como a diversificação dos espaços institucionais onde a Ciência Política passou a ser praticada:

Na verdade, a Ciência Política brasileira é produzida em três tipos básicos de instituições: os programas de pós-graduação ligados a Universidades públicas e privadas, um programa de pós-graduação privado sem vínculos com o sistema universitário (Iuperj), núcleos de pesquisa universitários e centros de pesquisa privados. [...] a diversidade institucional tem permitido uma variação benéfica de modalidades de trabalho, tipos de pesquisa e estilos de liderança. A maior flexibilidade organizativa permitiu a alguns centros privados e núcleos universitários, no contexto da montagem de projetos de grande escala, acima mencionada, a reunião de profissionais de formação acadêmica diversificada e a exploração de temáticas multidisciplinares, que dificilmente encontram abrigo nos departamentos estruturados ao redor de disciplinas. Na direção oposta, esta mesma flexibilidade possibilitou a reunião, em uma única instituição, de um número significativo de pesquisadores dedicados a uma linha de pesquisa determinada — estudos eleitorais, políticas sociais, movimento operário e sindicalismo etc. —, dando origem a projetos de maior fôlego, em termos de pessoal, recursos e escopo da investigação. (Almeida, 1989b, pp. 8 e 17-18)

O contexto macro-histórico que cria as oportunidades e os estímulos para a emergência da Ciência Política como campo específico do conhecimento a partir de meados dos anos 60 está vinculado, no nosso entender, a duas ordens de fatores.

Em primeiro lugar, o papel essencial que o Estado assume como condutor do processo de desenvolvimento e modernização da sociedade brasileira. Embora essa seja uma característica tradicional da história brasileira, isso não elimina o fato de que no pós-1964 tenha havido uma acentuação dessa tendência histórica em novos moldes. A necessidade de entender os novos padrões de atuação do Estado, esfera do conhecimento da política, revitaliza e impulsiona a reflexão nessa área. Em outros termos, a dimensão política do pensamento social torna-se mais urgente no bojo de um processo de "modernização conservadora" que maximizou a intervenção estatal. Em artigo publicado no final dos anos 70 já tecíamos algumas considerações sobre esse fenômeno:

[...] e aos poucos a "primazia do Estado", a "preeminência" do Estado, passaram a ser a tônica da produção sociológica e política no Brasil. E é por volta dos anos setenta que esse "estatismo" tornou-se plenamente dominante. Exatamente por essa época, tornou-se moda no Brasil estudar Gramsci, que justamente critica o determinismo econômico e busca a autonomia da esfera do político. Ou então Poulantzas, que também se tornou "estrela" no cenário das ciências sociais "no lado de baixo do Equador". (Forjaz, 1979, p.12)

Num momento em que o paradigma teórico marxista era dominante nas ciências sociais brasileiras, graças à hegemonia intelectual da Escola Sociológica Paulista, as tentativas de explicação sobre os novos papéis do Estado nas sociedades contemporâneas são buscadas inicialmente nos quadros de um arcabouço teórico carente de respostas a essas questões, dadas as fragilidades, ou mesmo inexistência de uma teoria política no interior do marxismo clássico. Daí a proliferação das leituras e interpretações baseadas em novas correntes do pensamento marxista, como o estruturalismo ou o historicismo de Gramsci.

O fato é que a falência do Estado Liberal, tanto no mundo desenvolvido quanto na periferia capitalista, desafiava a imaginação dos cientistas sociais e atualizava o debate sobre o Estado e sobre a esfera da política em geral. Criticando a abordagem sistêmica de David Easton e reafirmando a relevância e modernidade do conceito de Estado, o cientista político weberiano Simon Schwartzman declara:

Não me parece que a crítica feita por David Easton às dificuldades do conceito de Estado em Poulantzas, e mesmo no marxismo em geral, embora bem-sucedida dentro destes limites, seja suficiente para exorcizá-lo da análise política moderna. A força do conceito de Estado é que ele se refere a um aspecto muito concreto e generalizado das sociedades modernas — o desenvolvimento de grandes e complexas estruturas organizacionais que concentram o poder, tendem a manter o monopólio do uso da força, organizam-se em linhas burocráticas, têm um limite territorial definido, e assim por diante. Além disso, o Estado não é uma simples "função" dentro de um "sistema político", uma vez que, de acordo com suas diferentes histórias, cada sociedade tem seu tipo peculiar e, como diz Nettl, seu grau específico de "estaticidade" (stateness). (Schwartzman, 1982a, p. 153)

O autoritarismo, a falência da democracia na periferia capitalista, o "Estado Burocrático-Autoritário", a ascensão dos militares ao poder na América Latina e alguns países europeus provocam a reflexão política e abrem novos espaços e exigências intelectuais para o ramo até então menos desenvolvido das ciências sociais. As explicações predominantemente economicistas ou "sociologizantes" não dão mais conta da nova realidade histórica e é preciso fundar a "autonomia da política".

O segundo fator que nos parece ter privilegiado a emergência de uma abordagem específica da política diz respeito à extrema politização do movimento estudantil no Brasil e na América Latina ao longo dos anos 60, período formativo de uma nova geração de cientistas sociais, concretamente afetados em suas biografias pela ascensão dos militares ao poder: "A política ganhava prioridade como prática, mas também como 'campo de conhecimento'" (Loyo, 1982, p. 337), diz a cientista política mexicana tentando perceber os caminhos percorridos por essa disciplina no México.

Mais diretamente afetados pela repressão, estudantes e professores de ciências sociais tiveram suas trajetórias truncadas ou alteradas pelo exílio ou pela prisão, cassação, aposentadoria e outras formas de constrangimento. Muitos depoimentos apontam a influência da Revolução de 64 nas carreiras de toda uma geração de cientistas sociais:

A outra coisa importante que aconteceu foi a crise política. O impacto do golpe sobre as escolas e a Universidade. É arriscado o que eu vou dizer, mas me parece que uma das conseqüências importantes, no plano universitário, do golpe de 64 foi precisamente que os centros mais atingidos foram os centros onde se produzia a sociologia. O caso da USP é conhecido. No caso de Minas Gerais, o que é que aconteceu com o golpe de 64? Esse sistema de treinamento de pessoas na graduação com bolsas foi extinto, grande parte dos alunos perderam suas bolsas e, inclusive no final, esse curso de sociologia que existia na Faculdade de Ciências Econômicas, também importante, foi deslocado para a Faculdade de Filosofia, e praticamente o curso desapareceu por um longo período, perdeu substância etc.4

Vão no mesmo sentido as declarações de Bolivar Lamounier numa entrevista concedida a Maria Arminda do Nascimento Arruda em 10 de abril de 1987:

— Mas, será que o fato de que o curso tinha os olhos voltados para a Administração Pública não encaminharia esses estudantes para a Ciência Política?
— Não. A questão da Ciência Política tem a ver com a mudança de 64. Quer dizer, o colapso dos sonhos da geração inteira. De repente todo mundo viu que a Sudene era bobagem, que o Ministério do Planejamento era uma bobagem, que dar aula em Brasília era bobagem, entende? Que tudo isso estava em colapso. Era uma geração inteira em colapso.5

Um dos efeitos da revolução foi a politização das ciências sociais, a busca de novos modelos explicativos que permitissem a compreensão das especificidades de um novo tempo histórico em que a política assumia tal relevância. Foi a oportunidade, ou a fatalidade de abandonar o país e conviver com outras concepções teóricas, incorporar técnicas e métodos de investigação gerados em sistemas universitários mais profissionalizados, vivenciar experiências acadêmicas bastante diversificadas, enfrentar diferentes padrões de concorrência intelectual, internacionalizar o intercâmbio cultural e acadêmico.



Cariocas e mineiros na constituição da Ciência Política no Brasil

O Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (DCP-UFMG) e o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), não por acaso os programas pioneiros de pós-graduação em Ciência Política, constituem, a nosso ver, o núcleo central de institucionalização da disciplina no Brasil. Foi um grupo de cientistas políticos vinculados a essas instituições que assumiu a liderança desse processo. Graduados e pós-graduados ao longo dos anos 60 e 70, essa geração de cientistas sociais inclui, segundo depoimentos dos próprios participantes, os seguintes nomes: Wanderley Guilherme dos Santos, Fábio Wanderley Reis, Bolivar Lamounier, Antonio Otávio Cintra, Simon Schwartzman, Amaury de Souza, Edmundo Campos Coelho, Eli Diniz, Olavo Brasil de Lima Jr., Renato Boschi, Teotonio dos Santos, Vinicius Caldeira Brandt, Herbert José de Souza, Ivan Ribeiro, Élcio Saraiva, Maurício Cadaval, o historiador José Murilo de Carvalho e o sociológo Vilmar Faria.

Resumimos aqui a biografia intelectual das duas principais lideranças do grupo, na avaliação de seus próprios componentes, chamando a atenção para algumas convergências na trajetória intelectual desses dois cientistas políticos, partilhada, em linhas gerais, pelos demais membros do grupo.

Wanderdey Guilherme dos Santos nasceu no Rio de Janeiro em 13 de outubro de 1935 e graduou-se em Filosofia na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1958. Especializou-se em Problemas do Desenvolvimento Econômico no curso da CEPAL/BNDE em 1963 e foi professor do ISEB até a sua extinção violenta pela Revolução de 64. Tornou-se professor do Iuperj no ano seguinte e no fim da década ganhou uma bolsa da Fundação Ford para realizar seu doutoramento na Universidade de Stanford, onde defendeu a tese The calculus of conflict: impasse in Brazilian politics and the crisis of 1964. Foi professor visitante no Departamento de Ciência Política da Universidade de Wisconsin em 1974 e na Universidade de Stanford em 1980. Dirigiu o Iuperj durante alguns anos, foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) e atualmente dirige o Laboratório de Estudos Experimentais das Faculdades Integradas Cândido Mendes.

Fábio Wanderley Reis é mineiro e graduado no Curso de Sociologia e Política da Universidade Federal de Minas Gerais em 1959. Fez a pós-graduação na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) no início dos anos 60 e o curso da CEPAL/BNDE em 1964. Bolsista do convênio Ford-Minas, doutorou-se na Universidade de Harvard em 1974, com o trabalho Political development and social class: Brazilian authoritarianism in perspective. Leciona desde meados dos anos 60 no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, da qual tornou-se professor titutlar em 1981, apresentando a tese Política e racionalidade: problemas de teoria e método de uma sociologia "crítica" da política, publicada em 1984 pela UFMG/PROED/RBEP e vencedora do Prêmio Anpocs 1985 de melhor obra científica. Chefiou durante muitos anos o Departamento de Ciência Política da UFMG, foi presidente da Anpocs e fellow do Helen Kellog Institute for International Studies, University of Notre Dame, em 1983. Fábio é um dos poucos mineiros que não "emigrou" para outros centros intelectuais.

Vários traços comuns caracterizam a trajetória intelectual desse grupo de pesquisadores: a graduação no Curso de Sociologia e Política da Universidade Federal de Minas Gerais, a pós-graduação na FLACSO e nas grandes universidades americanas,6 o pertencimento a instituições patrocinadas pela Fundação Ford, a rejeição do marxismo como paradigma teórico, a militância política dos anos 60, a incorporação de modelos teóricos norte-americanos, mas acima de tudo o que unifica o grupo é a construção teórica da autonomia disciplinar da Ciência Política. Conceber a política como uma esfera autônoma da realidade social, com determinações próprias não subordinadas às esferas econômica, social ou cultural, foi a grande contribuição dos mineiros e cariocas.

Os vínculos entre as duas instituições foram bastante fortes, e na verdade o Iuperj foi o abrigo institucional de muitos mineiros após a falência do Curso de Sociologia e Política e as dificuldades de consolidação do DCP:

O Iuperj consegue estabelecer um programa com a Fundação Ford que envolvia mandar para os Estados Unidos 4 ou 5 pessoas. Já estavam lá o Amaury e o Wanderley Guilherme. Surgiu então a necessidade de o Iuperj trazer uma pessoa de volta para assumir a retaguarda e o Cândido Mendes me procurou nos Estados Unidos [...]. Foi uma revolução de jovens turcos estabelecer um programa de mestrado em Ciência Política. Fui para Belo Horizonte e trouxe o Simon, o Edmundo Campos Coelho, o Olavo e o Renato Boschi. O Murilo veio bem depois.7

Mas, o momento inicial de constituição do grupo foi o Curso de Sociologia e Política da UFMG, especialmente as turmas do período entre 1959 e 1964, que apresentava uma inovação importante em relação aos outros cursos de ciências sociais do país, ou seja: não estava inserido numa Faculdade de Filosofia, mas na Faculdade de Ciências Econômicas:

As diretrizes do projeto de criação da nova Faculdade de Ciências Econômicas não deixam margem a dúvidas: seu objetivo na área de Ciências Econômicas era formar economistas voltados para a macroeconomia, seguindo a tendência francesa da época. Os cursos de Ciências Contábeis e Administração deveriam manter relação com empresas e entidades ligadas de alguma maneira à área, em especial a indústria. Aos formandos em Sociologia e Política e Administração Pública, a orientação era no sentido de assessorar o governo, dotando-o de profissionais especializados. (Arruda, 1989, p. 254)

A intenção manifesta era formar a elite da burocracia pública mineira, daí o peso dos cursos de Política, Administração e Economia, num equilíbrio curricular totalmente distinto do modelo dominante uspiano, centrado na Sociologia e voltado essencialmente para a formação de professores secundários. Além dessa especificidade, o curso propiciou aos alunos alto grau de profissionalização acadêmica e convívio universitário, pois concedia bolsas de estudo aos melhores e funcionava em tempo integral. A referência ao sistema de bolsas e a consciência de constituírem uma "elite acadêmica" é um dos leit motifs do discurso dos mineiros sobre suas origens:

[...] na verdade há que fazer uma distinção: o curso regular e a elite do curso que eram os alunos bolsistas, mais os professores jovens de tempo integral. Então essa integração era sobretudo no sistema de horário integral. Depois que acabava a parte da manhã, que eram as aulas, aí havia toda essa parte da tarde de intenso estudo, intensa conversa, produção, porque tanto os professores, como também os alunos, escreviam em jornal.[...] Então, eram alunos assim, atípicos, porque a gente tinha muita atividade, além da participação política no movimento católico, movimentos marxistas, depois a UNE.8

A experiência da internacionalização começa para os mineiros e cariocas com a realização do mestrado na FLACSO, no início dos anos 60. Criada no Chile em 1957, seu objetivo era constituir uma instituição regional de alto nível para a formação de cientistas sociais, com o patrocínio da UNESCO, OEA e CEPAL. A importância da FLACSO como influência intelectual é admitida pelos mineiros em geral, e especialmente por Antonio Otávio Cintra: "[...] Foi uma lavagem cerebral. [...] Muita sociologia norte-americana. Então nós voltamos realmente muito imbuídos daquilo tudo. Sociologia, teorias de alcance médio, muito neopositivismo. Então, essa foi uma grande influência."9

Na volta da FLACSO, Fábio Wanderley, Antonio Otávio, Simon, Júlio Barbosa e outros passam a empenhar-se na criação do DCP, o que acaba se concretizando mediante um convênio com a Fundação Ford. Isso ocorre já depois da Revolução, que inviabilizou o Curso de Sociologia e Política, que acaba sendo transferido para a Faculdade de Filosofia. O DCP é pensado como uma continuidade, no nível de pós-graduação, daquele curso pioneiro. Faz parte do convênio o treinamento nos Estados Unidos, e no fim da década muitos deles partem para as mais prestigiosas universidades americanas com o objetivo de fazer o doutoramento.

Mas o DCP é uma estrutura institucional frágil, que não abre espaço para todos os mineiros, e muitos deles emigram para centros mais desenvolvidos, especialmente o Iuperj:

Se a formação intelectual ofertada pelo curso fora dispersa e pouco consistente na área de Sociologia, onde predominava Gurvitch, espécie de vulgata sociológica, esses mineiros que se dirigiram ao exterior puderam completá-la fora. Percorreram, então, caminho semelhante ao das antigas gerações dos intelectuais da sua terra. A busca de novas paragens, todavia, afigura-se numa tentativa de tornar o sistema auto-reprodutível. A criação do Departamento de Ciência Política pode ser compreendida nesse caminho. O relativo insucesso da iniciativa explica-se em parte pela repressão desencadeada pelo golpe político de 1964 e pela anexação à Faculdade de Filosofia em 1968, e prende-se, principalmente, a problemas resultantes do descompasso do modelo frente à realidade concreta. Isto é, a iniciativa configura-se grandiosa para o ainda acanhado ambiente de Minas. (Arruda, 1989, p. 274)

Sobre a influência de Gurvitch no Curso de Sociologia e Política, há realmente unanimidade nos depoimentos dos mineiros. Embora a formação tivesse sido bastante eclética, todos se referem às leituras de Gurvitch. Isso pode ter sido uma primeira influência que predispôs os jovens mineiros para uma ciência social ligada à pesquisa empírica e familiar à dimensão institucional, dada a formação jurídica e a passagem de Gurvitch pelos Estados Unidos:

A third line that spread out in many directions was that of Georges Gurvitch. Born in 1894, he was about a decade older than other members of the 1930's generation, although he formulated many of his ideas with them. After studying law in Rússia, he emigrated to Prague (1921-1924) and then to France, becoming a French citizen in 1928. His works in the late 1920's grappled with German phenomenology, but in the 1930's he worked through the legacy of the Durkheimians; his earlier legal studies merged with the Durkheimian tradition of the sociology of law in a Doctorat d'Etat. After spending most of the war in New York, Gurvitch brought back a mild sympathy for empirical work, returning to Strasbourg (1945) and then the Sorbonne (1948) where, in keeping with the times, he focused on Marxian-inspired themes. He became one of the leading interpreters of the young Marx, and continued work on social class relationships and the sociology of knowledge; in both of these latter areas he combined Durkheimian themes as well as Theodor Geiger, Mannheim, and Georg Lukács. His work on social time drew on Halbwachs as well as Bergson. But despite influences from the French, like his counterpart Sorokin in América, he never became integrated into French sociology. (Clark, 1973, pp. 231-232)

O "politicismo" mineiro também se vincula à existência de uma longa tradição de pensamento e militância políticas, anterior à criação da Universidade, e que por sua vez estão relacionados com a especialização política das elites mineiras.10

Desde a Primeira República o Estado de Minas Gerais sempre se caracterizou pela forte presença política de suas elites, alternando-se com os paulistas na Presidência da República, ocupando cargos ministeriais e nos altos escalões da administração pública federal, assim como exercendo papel de liderança no Congresso Nacional, onde a bancada mineira sempre foi uma das mais numerosas e importantes. Essa presença mineira no cenário político brasileiro nem sempre foi correspondente ao efetivo peso econômico do estado, e mesmo nos períodos de decadência econômica Minas conseguiu preservar sua força política. Talvez a própria debilidade econômica das elites mineiras (em comparação com São Paulo e, às vezes, o Rio Grande do Sul), o fato de se constituir na "periferia da periferia", tenha estimulado historicamente, como estratégia de sobrevivência, a militância política para garantir ao estado os mais variados dividendos. Na criação e consolidação da Universidade de Minas essa politização esteve presente: "Para implementar a federalização da universidade, a hierarquia acadêmica utilizou-se de um velho recurso, manejado com maestria pelas elites de Minas Gerais: a via política. O trâmite político que permitiu a federalização envolveu o senador do PSD Melo Viana, político de grande significado em Minas Gerais e que voltava à cena federal no período da democratização."(Arruda, 1989, p. 248).

Nesse ambiente fortemente impregnado pela política, nada mais natural que os intelectuais mineiros, e especialmente os cientistas sociais mineiros, tivessem uma especial sensibilidade e predileção pela política, e que sua obra refletisse essa tendência regional.

A inclinação para a política dos mineiros, que os transforma em atores importantes do processo de afirmação da Ciência Política brasileira, encontra eco na tradição intervencionista e militante das ciências sociais no Rio de Janeiro, imensamente marcada pela experiência isebiana. O intercâmbio e a comunicação fluem facilmente entre esses dois grupos de intelectuais ancorados numa concepção de ciências sociais na qual a esfera da política é extremamente valorizada.

Embora constituam gerações diferentes, e a crítica ao nacional-desenvolvimentismo isebiano seja uma das características da obra produzida pelos cientistas políticos que estamos analisando, indubitavelmente o ISEB é uma das referências intelectuais da qual partem os mineiros e cariocas. O jovem isebiano de esquerda no começo dos anos 60, Wanderley Guilherme dos Santos, torna-se posteriormente a principal liderança intelectual do Iuperj e um dos mais respeitados cientistas políticos do país.

As aproximações iniciais entre o grupo mineiro e o ISEB é clara no depoimento de Bolivar Lamounier: "Os nossos contatos intelectuais, que procuravam acentuar mais a análise política, eram no Rio de Janeiro. O eixo era Minas — Rio. As revistas de Minas, a Brasileira de Estudos Políticos e a Brasileira de Ciências Sociais tentavam publicar gente do país inteiro, mas quem atraía mais a atenção era o pessoal do ISEB. Como Guerreiro Ramos e Hélio Jaguaribe, que tinham muito o que dizer enquanto cientistas políticos".11

Porém, apesar das influências isebianas na fase inicial, o grupo mineiro/carioca tentou se afirmar e construir uma identidade intelectual própria enfrentando três correntes distintas do pensamento social brasileiro: a Escola Sociológica Paulista, o adversário principal; o ISEB, e a Ciência Política mineira tradicional, vinculada à Faculdade de Direito e liderada por Orlando de Carvalho. Nesse enfrentamento, a Ciência Política buscava se autonomizar simultaneamente da Sociologia e do Direito, e ao mesmo tempo invocava para si um estatuto de ciência na rejeição ao caráter "ideológico" da produção isebiana. Queremos dizer que a constituição de uma cara própria e uma presença específica da Ciência Política acadêmica significou, para esse grupo, confrontar essas três tradições anteriores das ciências sociais brasileiras. Manejando metodologias e técnicas de pesquisa da Ciência Política anglo-saxã, os mineiros e cariocas confrontam a tradição jurisdicista da geração mineira mais antiga e a ausência da política na produção paulista: "[...] no que diz respeito à tradição paulista, o aspecto principal a registrar é que o crescimento das ciências sociais se deu até certo ponto contra a Ciência Política, entendida como disciplina especial. [...] era visível a preocupação com a 'realidade' subjacente, contrapondo, tal como o fizera a geração anterior, o Brasil real ao Brasil legal, a infra à superestrutura, a vida social 'concreta' às 'meras formas político-institucionais'." (Lamounier, 1982, p. 417). A ambição do grupo mineiro/carioca é exatamente destacar a autonomia das "meras formas político-institucionais", que não são apenas reflexos da vida social e econômica.

A fragilidade da análise política em São Paulo originou-se da convergência de duas influências teóricas distintas, ambas caracterizadas pela condição subordinada da esfera da política: a Sociologia francesa e o marxismo. Com ênfase em momentos diferentes, essas duas escolas de pensamento obstacularizaram o desenvolvimento da Ciência Política na USP até o fim dos anos 70.

A orientação dominante até meados dos anos 60, através da liderança intelectual de Florestan Fernandes, eram os ensinamentos da missão francesa que veio constituir o Departamento de Ciências Sociais da USP na década de 30. Embora alguns dos professores franceses fossem socialistas, a influência mais marcante está vinculada ao funcionalismo de Durkheim, conhecidamente avesso à Ciência Política:

Se é verdade que a Faculdade de Filosofia da USP cresceu sob a hegemonia francesa, não se pode esquecer que esta ascendência remontava a uma sociologia dos anos 20, momento em que a geração de professores que veio ao Brasil se formou. Período em que a escola durkheimiana é hegemônica e os estudos culturais florescem. Basta lembrarmos as obras de alguns colaboradores de Durkheim: Marcel Mauss — Essay sur le don; Bouglé — Essay sur les castes; Maurice Halbwachs — La mémoire collective. Com a fundação da L'Année Sociologique, os estudos de Durkheim se voltam sobretudo para a religião e os povos primitivos. Talvez por isso as temáticas que inauguram o pensamento sociológico acadêmico no Brasil tenham um quê de "francês", ou melhor, de "durkheimiano". Como na França, assuntos como Estado, classes trabalhadoras, poder, são desconsiderados em detrimento de objetos "mais culturais". (Ortiz, s/d., p. 5)12

No entanto, a partir de meados dos anos 60 os paradigmas franceses vão sendo abandonados e gradualmente se impõe o predomínio do marxismo, para o que muito contribuíram os "Seminários de Marx". Organizados por Fernando Henrique Cardoso e José Arthur Giannotti, esses seminários de leitura e debate da obra de Marx reuniram durante anos jovens professores de ciências sociais, História, Filosofia e Economia, dentre os quais Octávio Ianni, Juarez Brandão Lopes, Ruth Cardoso, Leôncio Martins Rodrigues, Fernando Novais, Paulo Singer, Bento Prado Júnior e Roberto Schwarz.

A partir desse período, que também significa a ascensão dos herdeiros de Florestan Fernandes na hierarquia acadêmica, o marxismo passa a comandar o desenvolvimento da Escola Sociológica Paulista, e dada a antiguidade e maior consolidação das ciências sociais em São Paulo, a influenciar de maneira geral o pensamento social brasileiro.

Juntamente com a entronização do marxismo como paradigma teórico dominante impõe-se a tendência crescente de explicar o desenvolvimento histórico-social brasileiro a partir de categorias econômicas, utilizando abusivamente das determinações infra-estruturais, das necessidades do processo de acumulação capitalista, que acabaram redundando, em muitos casos, num reducionismo economicista no qual não havia espaço para a política:

[...] a dissolução dos atores sociais e da questão política é inerente a esse hiperfuncionalismo marxista. Esses autores podem eventualmente manifestar a maior preocupação para com as classes sociais. Em matéria de classes sociais encontramos apenas posições abstratas deduzidas das "necessidades do processo de acumulação". O triunfo desse marxismo não é próprio apenas do Brasil. Ele também conheceu sua hora nas margens do Sena. (Pécaut, 1989, p. 267; tradução nossa)

A esfera política tende a se transformar em epifenômeno das transformações econômicas na Teoria da Dependência, uma das mais elaboradas tentativas de explicação da modernização capitalista no Brasil, gerada com a contribuição importante de lideranças intelectuais da Escola Sociológica Paulista:

[...] se a teoria da dependência pretendia restaurar a importância das interações políticas dos diversos grupos sociais (ou somente dos grupos dirigentes?), ela deixava de fato paradoxalmente na sombra tudo aquilo que tinha o caráter de reconhecimento da especificidade do político. Ela só concedia valor explicativo aos "interesses" de classes ou frações de classes, como se o político se resumisse às suas expressões diretas. Ela usava e abusava das determinações "estruturais". (Pécaut, 1989, p. 225; tradução nossa)

Na USP se acumulam, portanto, duas tradições intelectuais convergentes na subordinação dos fenômenos políticos a outras esferas da sociedade, e a relegação teórica do político teve implicações práticas na configuração débil da área de Ciência Política dentro do Departamento de Ciências Sociais até os anos 70.

Nos anos 60 a área contava com poucos professores, com um número reduzido de cursos, centrados principalmente em temas ligados à história das idéias políticas. O fortalecimento da área a partir dos anos 70 vincula-se ao processo de expansão da pós-graduação. Além das motivações teóricas, a debilidade da área de política na USP nesse período se deve, indubitavelmente, ao peso da liderança do sociológo Florestan Fernandes, que carreava para a Sociologia os maiores recursos e os melhores quadros da então reduzida comunidade de cientistas sociais.

Assim como no passado a escola paulista invocara para si padrões de análise científica para marcar sua diferença em relação ao estilo ensaísta, militante e "ideológico" do ISEB, a partir de meados dos anos 60 são os mineiros e cariocas que invocam novos padrões científicos para se distanciar do estilo uspiano, calcado freqüentemente em longos ensaios histórico-conceituais e carentes de embasamento empírico e formalizações lógico-matemáticas, que os novos politicólogos tentam introduzir apoiados na Ciência Política norte-americana.

A geração responsável pela afirmação científica e pela autonomia da política teve, portanto, um comportamento semelhante ao dos jovens sociológos da USP quando se empenharam na afirmação da Sociologia como ciência, ou seja, também se empenharam na implantação de novos modelos teóricos que dessem suporte à produção de conhecimento especializado e acadêmico sobre a política.

Várias polêmicas marcaram o relacionamento tenso entre o grupo mineiro/carioca e os paulistas, duas delas envolvendo Fábio Wanderley Reis, que polemizou com Giannotti acerca da dialética e criticou os pressupostos metodológicos dos trabalhos de Weffort sobre o populismo. Freqüentemente o alvo da crítica dos cariocas e mineiros foi o reducionismo economicista da produção uspiana e o descuido com a pesquisa:

[...] ou, o que é pior ainda, produz este marxismo de segunda classe investigações efetivas, sobre processos reais, em que a qualidade artesanal da pesquisa é lastimável. É como se o zelo conceitual dispensasse maior apuro na investigação efetiva, estando assegurada a validade das conclusões pela veracidade cristalina dos conceitos preliminares. (Santos, 1980, p. 25)

Evidentemente, esse acirrado debate de idéias se insere na árdua competição acadêmica e significa disputa por hegemonia intelectual, que se traduz freqüentemente no controle de espaços institucionais e melhores condições materiais de realização do trabalho científico, especialmente difícil nos países periféricos e nas áreas científicas menos valorizadas, como são as "humanidades". Na avaliação de Bolivar Lamounier, por volta dos anos 70 "eu pessoalmente já dava a batalha intelectual como vencida, já não havia aquela resistência obscurantista à pesquisa, à estatística, à bibliografia em inglês, porque tinha gente da USP que tremia de ódio só de ver um texto em inglês.[...] para mim o significado biográfico-intelectual desses 20 anos foi estabelecer a pluralidade do meio acadêmico brasileiro, que não existia na minha época e na minha experiência prática".13

A outra frente de batalha do grupo mineiro foi combater o jurisdicismo tradicional da Ciência Política implantada na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, liderada por Orlando de Carvalho e veiculada na Revista Brasileira de Estudos Políticos. Aqui a política não era relegada, mas era concebida por um ângulo jurídico e presidida por uma visão de mundo conservadora:

O núcleo central da Revista possuía uma identidade profissional, intelectual e política bastante nítida e parece ter articulado e mobilizado um conjunto mais amplo com um perfil semellhante. De fato, todos os membros do Conselho eram juristas de formação, em sua maioria tiveram alguma experiência política seja no executivo, seja no legislativo, e poderiam ser considerados liberais de centro, tendo-se vinculado a partidos conservadores (UDN ou PSD). (Almeida, 1987, pp. 45-46)

As relações intelectuais entre essa geração de cientistas políticos e o grupo da RBEP foram complexas porque, ao mesmo tempo em que incorporaram suas temáticas, especialmente os estudos eleitorais, e encontraram afinidades na preocupação comum de erigir uma ciência da política, divergiam profundamente tanto no plano ideológico quanto metodológico: "Havia uma Ciência Política muito importante para os padrões da época se desenvolvendo na esfera do Orlando de Carvalho e dos juristas. Mas nós não reconhecíamos isso como legítimo. Nós víamos nisso um certo udenismo, um certo formalismo. Nós identificávamos aquilo com a direita, com a UDN, com os juristas e rejeitávamos".14

Os novos e os antigos mineiros viveram um conflito de gerações marcado simultaneamente pela rejeição/aproximação, e na mesma entrevista acima citada (pp. 45-46) Bolivar Lamounier reconhece a existência de um conflito pela delimitação de espaços acadêmicos próprios:

[...] o Orlando era um poder universitário, ele era o cacique universitário da Faculdade de Direito. Se ao invés de o comando desse processo estar com o Fábio ou com o Antonio Otávio estivesse com o Orlando, a Ciência Política de Minas seria de advogados muito mais do que de cientistas políticos. Então, nesse ponto eu concordaria que há uma luta por espaço. No momento em que esse grupo venceu a luta, ele venceu sem retirar do adversário os seus instrumentos. O Orlando passou a conviver e bem. Todo o pessoal publica na RBEP, eu convidei o Orlando várias vezes para conferências, e eu pessoalmente fiz um reexame da crítica ao formalismo jurisdicista e cheguei à conclusão de que nós estávamos errados, em metade das discussões eu acho que perdemos um tempo bastante grande combatendo moinhos de vento.

O ISEB foi outra referência intelectual importante para cariocas e mineiros, principalmente no período da graduação. Um dos mentores do Curso de Sociologia e Política e principais idealizadores da Revista Brasileira de Ciências Sociais, Júlio Barbosa, foi um dos responsáveis pelos contatos com a instituição carioca, onde lecionou depois do cisma que determinou a saída de Hélio Jaguaribe e, em seguida, de Guerreiro Ramos: "Do ponto de vista temático, a característica saliente da revista maninfesta-se na preocupação com os problemas do desenvolvimento, representados em artigos e documentos originários da CEPAL e do ISEB, ou em trabalhos produzidos por intelectuais estrangeiros e brasileiros da mesma orientação."(Arruda, 1989, p. 277).

A influência isebiana no período formativo é afirmada pelo grupo mineiro/carioca em geral e salientada por Vilmar Faria: "Eu vim a ler a produção sociológica da USP depois que eu saí de Belo Horizonte. Eu sabia que existia, mas não era algo que constituísse a formação cotidiana nossa por lá. Eu diria mesmo, sob pena de estar fazendo geral uma coisa que talvez seja particular, que pessoalmente o ISEB foi mais influente na minha formação nesse momento do que a produção na USP".15

Influência formadora, sem dúvida. Mas, posteriormente os criadores da Ciência Política se empenhariam na crítica do caráter extracientífico, normativo e ideológico da produção isebiana, sendo essa crítica uma das formas de afirmação de sua própria especificidade como abordagem pautada por critérios mais acadêmicos e menos diretamente vinculados à militância política.



Conclusão

O grupo mineiro e carioca realiza no Brasil a delimitação de um objeto próprio da Ciência Política e a afirmação da autonomia dessa dimensão da totalidade social. A principal contribuição desses intelectuais é explicar os fenômenos da vida política não como reflexos, conseqüências, derivações de outras esferas da realidade social, mas como uma instância específica interagindo com a economia, a sociedade e a cultura.

O que se passa no plano da política não é imediatamente perceptível através dos fatos sociais e econômicos. As transformações da sociedade e do sistema econômico podem também ser determinadas por dinamismos próprios da vida política. Elucidar os nexos que vinculam essas esferas é a grande questão das ciências sociais.

Quanto aos métodos, a análise da obra desse grupo permite perceber a diversidade e o pluralismo. Os mineiros e cariocas não têm um paradigma teórico comum e não constituem uma escola de pensamento no sentido estrito do termo. Mas, são todos críticos do marxismo dominante nas ciências sociais brasileiras nos anos 60 e 70. Sem ser empiristas, ou funcionalistas, como freqüentemente são caracterizados, eles se notabilizam pela preocupação em coletar evidências empíricas e históricas que suportem a explicação científica.

Utilizam fartamente a História na elucidação dos fenômenos políticos mas sem derivar de modelos macro-históricos previamente construídos as características específicas do desenvolvimento brasileiro. Têm em comum uma obra colada à agenda política, que responde e dialoga o tempo todo com os desafios colocados pelo seu tempo histórico.

Divergem entre si e se envolveram em várias polêmicas, mas são companheiros na construção da autonomia da esfera política e na valorização das formas político-institucionais. Assim como anteriormente predominava o economicismo, sua geração introduziu uma abordagem "politicista", às vezes extremada.

A ênfase exagerada no politicismo tem sido apontada por participantes dessa geração. Ao analisar conjuntamente o doutoramento de três cientistas políticos (Souza, 1976; Santos, 1979; Lima Jr., 1980), Fábio Wanderley Reis diz o seguinte:

Os trabalhos de Souza, Lima Jr. e Santos têm em comum o fato de privilegiarem, como se disse, o plano institucional. De maneira mais ou menos reiterada, essa abordagem é também formulada, por todos eles, em termos de se dar a ênfase apropriada aos fatores ou variáveis políticos na explicação da história brasileira recente, por contraposição à dimensão estrutural, aos processos sociais, socioeconômicos, sociopsicológicos etc... Parte da contribuição que cada um deles pretende estar trazendo (com maiores ou menores qualificações ou reservas relativamente à articulação dos diferentes planos que se podem assim distinguir) tem a ver precisamente com a proposta de uma postura metodológica que se apresenta como alternativa um tanto especial, em certa medida, pela ênfase dada ao "político". [...] Naturalmente, essa questão remete, no fundo, ao problema de uma adequada conceituação do político, que redundaria em esclarecer suas relações com outras esferas. Tal problema será retomado rapidamente, adiante, de uma perspectiva um tanto especial. Parece apropriado indicar aqui, contudo, o que teria havido de falta total de clareza e conseqüentemente de abuso relativamente à idéia de "autonomia do político". (Reis, 1985, pp. 108-109 e 113)

Alguns mais, outros menos, todos esses autores se ocupam com a autonomia do político e variam as formas de articulá-lo com as outras instâncias da sociedade. Pode-se dizer que no interior do próprio grupo surgiu uma reação que tenta ultrapassar o politicismo, ou seja, incorporar a contribuição positiva que ele efetivamente trouxe, afastando os exageros do economicismo reinante e trazendo a dimensão específica da política para a luz do sol, e dar um passo além. É o caso, por exemplo, de Bolivar Lamounier, que resgata a dimensão política da análise sem cair nos extremos do politicismo. Sua obra relativa ao comportamento eleitoral recupera os determinantes econômico-sociais das práticas políticas sem o antigo simplismo. Resumindo suas constatações mais gerais, percebemos como sua obra retoma e qualifica uma idéia antiga e clássica na Ciência Política, mas que vinha sendo negada para o caso brasileiro, de que há uma correspondência entre o voto e as condições socioeconômicas do eleitor.

A mesma atitude de repúdio aos modos de explicação baseados no economicismo marxista está presente na obra de outro mineiro ambientado no Rio, José Murilo de Carvalho. Recusando a perspectiva tradicional que busca nas origens de classe a explicação para o comportamento político dos militares, tema especialmente relevante quando se trata de política brasileira, José Murilo propõe uma perspectiva teórica que incorpora os aspectos organizacionais aos aspectos sociais mais amplos para compreender o comportamento político das Forças Armadas.

A perspectiva organizacional e o repúdio da explicação classista é ainda mais reiterada no livro de Edmundo Campos Coelho, Em busca de identidade: o Exército e a política na sociedade brasileira (Coelho, 1976).

Embora haja uma variação no grau de autonomia atribuído aos fenômenos políticos, todos os integrantes da geração que estudamos batalharam para enfatizar essa autonomia e descolar a explicação política dos determinantes econômicos e sociais.

Os temas dominantes da obra produzida por eles relacionam-se à questão do Estado, dos partidos políticos, dos processos eleitorais, do pensamento político e do autoritarismo no Brasil, podendo-se, portanto, afirmar a existência de um leque temático comum, embora não haja um só paradigma teórico compartilhado por todos os integrantes do grupo.

Não existe paradigma teórico comum, mas todos eles rejeitam o marxismo e quase todos estabeleceram polêmicas com a Escola Sociológica Paulista. A crítica e o confronto com essa corrente das ciências sociais brasileiras constituíram uma das formas essenciais de afirmação da Ciência Política proposta por essa geração de cariocas e mineiros.



NOTAS

1 A obra citada, organizada por Sergio Miceli, constitui importante referência bibliográfica sobre a história das ciências sociais no Brasil, do ponto de vista institucional, no período 1930-64 . Além das experiências pioneiras mencionadas, o livro inclui a análise dos casos mineiro e pernambucano, da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, assim como das principais revistas e editoras dedicadas às humanidades. São abordadas também as influências intelectuais francesas e norte-americanas e a gênese dos museus brasileiros.

2 Ver a esse respeito Lipset (1969).

3 Ver Lamounier (1982).

4 Palestra de Vilmar Faria, A Sociologia no Brasil, mimeo, s/d., p. 27.

5 Entrevista concedida por Bolivar Lamounier a Maria Arminda do Nascimento Arruda em 10/4/1987. Idesp, mimeo, p. 22.

6 Wanderley Guilherme dos Santos fez o doutorado na Universidade de Stanford; Fábio Wanderley Reis na Universidade de Harvard; Antonio Otávio Cintra no MIT; Simon Schwartzman na Universidade de Berkeley; Bolivar Lamounier na Universidade da Califórnia-Los Angeles; Vilmar Faria na Universidade de Harvard.

7 Entrevista que Bolivar Lamounier me concedeu em 9/5/1989. Idesp, mimeo, pp. 19-20.

8 Entrevista concedida por Antonio Otávio Cintra a Maria Arminda do Nascimento Arruda em Brasília, 24/7/1987. Idesp, mimeo, pp. 2-3.

9 Entrevista de Antonio Otávio Cintra, op.cit., p. 6.

10 Sobre essa questão consultar Wirth (1982).

11 Ver entrevista de Bolivar Lamounier, 1989, op.cit., p. 6.

12 Sobre a Sociologia francesa e a influência duradoura de Durkheim consultar Clark (1973) e Lemert (1981).

13 Entrevista concedida à autora por Bolivar Lamounier, op.cit., p. 31.

14 Entrevista de Bolivar Lamounier, op.cit. p. 5.

15 Palestra de Vilmar Faria, op. cit., p. 15.





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RESUMOS / ABSTRACTS /RÉSUMÉS

Palavras-chaves: Ciência Política; Universidade; Institucionalização; Pós-Graduação; Ciências Sociais
O artigo analisa os aspectos institucionais do processo de constituição de uma Ciência Política acadêmica no Brasil a partir de meados dos anos 60. Aborda as instituições pioneiras (o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro e o Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais) e o grupo geracional e regional de cientistas políticos cariocas e mineiros responsável pela autonomização da Ciência Política em relação a outros ramos das ciências sociais, especialmente a Sociologia e o Direito.



Key words: Political Science; University; Institutionalization; Graduate programs; Social Science
The article analyses the institutional aspects of the constitution of Political Science as an academic discipline in Brazil, since the mid sixties. It studies the first institutions that established graduate programs in Political Science and the regional group of political scientists from Rio de Janeiro and Minas Gerais, responsible for the autonomy of Political Science in relation to the other Social Sciences, especially Sociology and Law.



Mots-clé: Sciences Politique; Université; Institutionnalisation; Post graduation; Sciences Sociales
L'article analyse les aspects institutionnels du processus constitutif des Science Politique en tant que discipline académique au Brésil, a partir de la moitié de la décade des années soixante. Il examine les premières institutions qui ont introduit l'étude de Science Politique à un niveau universitaire dans les états de Rio de Janeiro et Minas Gerais et établi la distinction de Science Politique comme étant une discipline autonome des autres Sciences Sociales, surtout de la Sociologie et du Droit.



* Este artigo é um dos produtos do projeto de pesquisa História das Ciências Sociais no Brasil, desenvolvido no Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo (Idesp) entre 1987 e 1990, sob a coordenação do professor Sergio Miceli, e do qual participei desde 1989. As entrevistas e a coleta de dados foram realizadas nessa época, com intenso debate com a equipe de pesquisa. Porém, a redação do texto é posterior e aconteceu na solidão de um programa de pós-doutoramento na Universidade de Yale, onde meu único interlocutor foi a historiadora Emília Viotti da Costa. Sou, assim, a única responsável pelos pontos de vista e as opiniões emitidas no artigo.

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Anônimo disse...

Vergonha seleção para professor de sociologia e manchete de termo de declaração no Ministerio Publico Federal.
Quebar a dominação deste departamento e preciso saõ 03 vagas de 03-apadrinhados, melhor seria cancelar o concurso!

Anônimo disse...

MANAUS - A Justiça Federal no Amazonas deferiu o pedido veiculado na ação civil pública (2008.32.00.003266-0, em trâmite na 1ª Vara) proposta pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) e concedeu liminar determinando a suspensão dos concursos da Fundação Universidade Federal do Amazonas (Ufam) por irregularidades encontradas nos editais do concurso para Magistério Superior em Manaus e no interior do Estado. Da decisão cabe recurso.

Irregularidades

O MPF/AM encontrou irregularidades nos Editais nº 005, 006, 007, 008, 009 e 013 de 2008, bem como nas Resoluções 002 e 003/2006, que os regulamentam, que vão desde a ausência de reserva de vagas para portadores de necessidades especiais previstas em lei, até a violação aos princípios constitucionais da publicidade e da meritocracia, bem como ao da economicidade, isonomia, impessoalidade e eficiência.

Uma das violações constatadas pelo MPF/AM diz respeito à não exigência de titulação igual ou superior dos membros da Banca Examinadora, em relação ao candidato. Além disso, não há publicação da área de conhecimentos dos componentes da banca, atrelado às suas titulações.

Quebra de sigilo

Outro ponto destacado é a quebra do sigilo das provas, a fim de se resguardar a impessoalidade do certame.

Na fase destinada à leitura da prova escrita, não houve qualquer argüição acerca de seu conteúdo, o que não justifica a atribuição de uma nova nota, muito menos que isso fosse feito anteriormente à divulgação da nota da prova escrita.

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Fonte: MPE/AM - JM

Anônimo disse...

a solução não está em mudar a grade 100% e sim as correntes de pensamento de certos mestres que não, fazem o tipo de seus pensamentos, o problemas está mesmo no modo de ministrar as aulas, está nos PROFESSORES do curso, ou seja em alguns mais certamente os mais anti-sociais, os que dão aula de forma fria e cria um gelo na sala, não e de forma alguma uma intereção entre mestre e aluno, dialogo, uma aula metódica e escrota!lutarei no SENADO para projeto de lei em que mude de forma eficaz a grade do curso de CIENCIAS SOCIAIS NA UFAM E MAIS VAGAS PARA PROFESSORES DE sociologia, antropologia, ciencia politica e etc...

Anônimo disse...

Vamos fazer um abaixo assinado para retirar a SOCIOLOGIA E A ANTROPOLOGIA DO CURSO e dar entrada no MIN.PUBLICO FEDERAL E A Solução!Por concursos para novos professores e tirar os que estão ai lascando o curso como os MA da vida!

Anônimo disse...

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