sábado, 29 de janeiro de 2011

DESTRUIÇÃO SOB NOSSOS OLHOS

Márcio Souza (*)

É triste o fato de Manaus temer a selva e os rios que a envolvem. Os igarapés que a cortavam foram implacavelmente aterrados. Mesmo com os avanços da engenharia dos dias de hoje, que permitiu o charme de ter cursos d'água cortando espaços urbanos, não se mudou de atitude, e o Prosamim, que significa a maior e mais importante intervenção na cidade de Manaus, optou pela quase total obliteração de nossos igarapés.

Quanto ao rio Negro, mantemos às nossas costas. Este rio portentoso continua vedado ao nosso olhar, e até mesmo um camelódromo tentaram construir na área do Roadway, talvez para facilitar as atividades ilícitas que a beira do rio propiciaria, demonstra a visão curta de nossos administradores.

O rio Negro, no entanto, hoje cortado por uma ponte construída com um orçamento que daria para unir Manaus a Brasília, é o grande traço de união de nossa história. O rio Negro recebeu esse nome, na manhã do dia 3 de junho de 1542, do próprio comandante Francisco Orellana, o primeiro europeu a atravessar toda a Amazônia, dos Andes ao oceano Atlântico. Orellana havia partido em fevereiro do ano anterior, sob o comando de Gonzalo Pizzaro, numa expedição que tinha como objetivo a posse de novos território. Desde as primeiras semanas a expedição sofrera pesadas baixas, porque chovia muito e a água enferrujava os equipamentos e limitava a visibilidade.

Quase dez meses depois, eles não tinham conseguido sair do rio Napo, um afluente menor do rio Amazonas, não tinham muitas opções e o mais razoável ter sido voltar. Mas os espanhóis não estavam no Novo Mundo para serem rozoáveis. Por isso, quando Orellana se ofereceu para embarcar num bargantim e descer o rio em busca de comida, Pizarro aceitou, mas advertindo que deveria regressar em quinze dias.

Orellana partiu, e não teve outra opção que seguir em frente. Ao entrar no rio Amazonas, encontraram uma série de nações bastante populosas, com quem guerrear ou confraternizaram.

O batizar o rio Negro, estava informado que aquelas terras pertenciam ao tuxaua Machiparo, um chefe que não admitia estrangeiro e deu combate sem trégua aos espanhóis.

O reio Machiparo fazia fronteira com o reino da grande rainha Amurians, mais isto já é outra história. O certo é que a denominação do rio Negro pegou, e nunca mais foi modificada. Durante dez anos eu andei muito pelas Anavilhanas, e sempre me lembrava dos europeus errantes, febris, famintos e violentos, que haviam perdido a vida naquele labirinto de ilhotas, lagos, lagunas, praias de areias finíssima e igarapés sombrios como sonhos ruins.

Nos anos 70, o grupo Tesc, muitas vezes escolhiam uma das ilhas das Anavilhanas para descansar. Amarrávamos a nossa embarcação, emprestada por um empresário amigo do grupo, e ali desfrutamos de feriados como os da semana da pátria, semana santa ou o carnaval.

Pela Manhã, bem cedo, pegávamos uma canoa e remávamos em silêncio, especialmente nos meses de rio cheio, que vai de abril a junho, visitando as terras alagadas com suas matas que pareciam ruínas de catedrais góticas submersas. Quando chovia, o mundo inteiro parecia ficar ensopado, as aves e os animais calavam, desapreciam, e ficávamos tiritando de frio, encolhidos no fundo da canoa. Mas depois, quando os primeiros raios de sol e a aragem do mormaço chegavam, o céu ficava azul, de um azul intenso e renascentista, num firmamento puro com uma operação matemática. numa paisagem como que saída de um tapete persa na vocação muçulmana da floresta amazônica, onde estão apenas podiam florescer as criaturas engendradas pela imaginação humana, únicas a povoar aquelas águas sábias como espelhos de velhos alquimistas, criaturas incertas em seu caráter elementar, como todas as fantasias imaginadas pelas paixões e feitas para excitar os espíritos curiosos.

(*) É escritor renomado, dramaturgo, articulista de a Crítica e um dos militantes do Movimento S.O.S Encontro das Águas.

Foto: Farias (Valer) - flagrante do escritor autografando a noite suas obras em praça pública no município de Maués, no intior do Amazonas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Que ajury,so vejo tres abestados que vc tem na mao O CVARDE EDIVALDO BARRETO,O COVARDE CLEUDO E O COVARDE ISRAEL QUE E O MAS ABESTADO DOS TRES.QUANTO AS OUTRAS PESSOAS QUE SAO DO MEU GRUPO QUE VOÇES TODAS AS VEZES USAM NADA A DECLARAR SO LAMENTO

Anônimo disse...

A IA ESQUECENDO A COVARDE MALRISA E O PADRE ESTRANGEIRO QUE NAO SEI O NOME,A CADE O COVARDE MENA BARRETO NAO ESTOU VENDO NO MEIO DE VOÇES O QUE HOUVE COM ELE AQUELE INCREDULO QUE BLASFEMA CONTRA O TODO PODEROSO OQUE E DELE TA GUARDADO