domingo, 18 de setembro de 2011

CAPITALISMO DE JAGUNÇO SOB O MANDO DA OLIGARQUIA CLEPTOCRÁTICA NO AMAZONAS

Márcio Souza (*)

Agora que estamos a mil dias da Copa do Mundo, crescem as expectativas pelas reformas e obras a serem realizadas para o grande evento esportivo. Aqui em Manaus, a não ser a construção da Arena da Amazônia, uma espécie de pastiche atarracada do Ninho de Pássaro de Pequim, só que certamente custará mais caro, as outras providências continuam nebulosas, algumas delas sequer planejadas pelas equipes do governo.

No caso do transporte público, não há boas perspectivas no horizonte. Para começo de conversa, qualquer solução, por mais moderna e brilhante que seja, esbarrará na atual máfia que domina o setor da cidade. Com esses “empresários”, que matariam de inveja Al Capone e Dillinger, a população e os visitantes continuarão mal servidos, enquanto os políticos municipais seguirão se empanturrando com as “contribuições” desses exemplos de capitalismo de juagunços.

Fala-se com insistência cada veza mais esgarçada, lá pelas bandas da Secretaria de Planejamento do Estado, conhecida por ainda não ter descoberto o que significa planejar, no famigerado Monotrilho.

Os cidadãos conscientes sabem que interesses estão nos bastidores deste desastre sobre tilhos a quatro metros de altura. A informação mais recente é de que as desapropriações já foram feitas e a navalhada no rosto da cidade, sem falar em mais uma incursão sub-reptícia aos cofres públicos, já pode ser perpetrada.

Custo a acreditar, e que meus sete leitores não me chamem de ingênuo, que o governador Omar Azize queira entrar para a História passando o trator na nossa já sofrida paisagem urbana. Como já denunciei aqui, nenhuma cidade gerida por administradores republicanos constrói vias elevadas contando espaços urbanos, condenando o trajeto à degradação. Como acontece com as áreas da baixa Manhattan, em Nova Iorque, onde foram erigidos elevados para a passagem do metrô. Mas isto foi em 1890 e esse erro não se repetiu mais.

É claro que países autoritários, sem tradição democrática, conhecidos pela corrupção de seus sátrapas, não estão nem um pouco preocupados com as conseqüências de seus atos. Mas aqui, é bom que fique claro, neste país e nesta cidade há uma democracia em construção.

Pode ser que a oligarquia atual se sinta confortável e eterna no poder, mas na política o conceito de eternidade não existe. Essa oligarquia cleptocrática, que usa o aparelho de Estado em proveito próprio está com os dias contados. Há liberdade de expressão e, como temos assistidos quase diariamente, os corruptos começam a ser denunciados pela imprensa livre.

Concorde que há uma certa leniência e o senso de punição é frouxo, mas a exposição dos ladrões representa um grande passo, obrigando-os a renunciar de seus cargos e a gastar o que roubaram com advogados, um a nova forma de distribuição de renda. Mas voltando ao tema do transporte. Este é como a segurança, um item crucial para a cidade receber seus visitantes e dar melhores condições de vida aos habitantes.

E em nossa cidade a situação é de calamidade. Ao chegar ao aeroporto, inexistem linhas de ônibus preparada para transportar passageiro com bagagem. O serviço de táxi é indigente, caro e desperta suspeita aos visitantes. Mesmo com os balcões das empresas de táxi, estes estão sempre vazios e as pessoas são abordadas na calçada, como se o serviço fosse clandestino e perigoso. Um retrato da bagunça que virou a cidade.

(*) É escritor, dramaturgo, pesquisador da história e cultura do Amazonas e articulista semanal de a Crítica.

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