terça-feira, 20 de setembro de 2011

SAÚDE NO BRASIL NÃO FUNCIONA NEM NA PÚBLICA NEM NA PRIVADA

Ellza Souza (*)

Segundo o senador do PMDB Jarbas Vasconcelos são desviados entre 40 e 60 bilhões de reais por ano, dinheiro que daria para resolver muita coisa no Brasil, principalmente na área de saúde. As reclamações vêm de todos os lados, tanto no serviço público quanto em relação aos planos privados que cobram altas mensalidades mas não oferecem serviços de qualidade. Para o senador Vasconcelos o problema da saúde é “má gestão” e “desvio”.

Na mesma sessão em discurso no plenário o senador Cristovam Buarque se referia à corrupção no país quando disse que “todos são coniventes” e pediu que “não menosprezem a movimentação vinda pelas redes sociais”. O senador Buarque fazia menção a manifestação feita por um artista na praia de Copacabana no Rio de Janeiro onde fincou vassouras verdes na mesma quantidade de senadores e deputados federais, ou seja 594, na sua visão corruptos, colocando a todos no mesmo saco (ou na mesma praia) sem deixar nenhum de fora. As pessoas “perderam a confiança”, reclama Buarque.
Para se ter uma idéia morrem de infecção hospitalar 100 mil pessoas por ano no Brasil. Isso é o cúmulo pois representa falta de gestão, falta de humanidade, falta de educação. Os hospitais estão sujos, os jalecos brancos dos profissionais desfilam pra lá e pra cá levando as bactérias para perto dos doentes. As mãos nem sempre lavadas que num momento de educação doméstica apreendido lá na infância faria toda a diferença nesse aspecto.

O atendimento nesses locais procurado por pessoas que, no público ou no privado, estão precisando de ajuda e de atenção. Mas as pessoas selecionadas para esses serviços são quase sempre grosseiras, inventam dificuldades para colher facilidades, e nunca dão informações corretas encaminhando o paciente ao procedimento adequado o mais rápido possível. Quando vou a um serviço público de saúde, procuro com sofreguidão ver algo para elogiar e não acho. As pessoas mal encaradas, lerdas, vestes até brancas, mulheres mais novas de saltos altos e cabelos na chapa e as mais velhas desfilando um mau humor inadequado ao ambiente hospitalar ou de pronto atendimento. Os prontos socorros servem pra tudo menos para atender prontamente o público. Quem vai lá geralmente está nas últimas mas os atendentes têm outras prioridades e nem te olham com o olhar compadecido da sensibilidade. O que mais se vê num lugar como esse são pessoas reclamando (quando ainda têm forças) em relação ao atendimento de médicos e assistentes. Aliás parece que não se formam mais enfermeiras, aquelas competentes que davam a vida pela vida do outro. Agora os cursos profissionalizantes faturam uma nota “formando” assistentes de enfermagem (acho que é assim) que fazem tudo menos pôr em prática os ensinamentos de um bom profissional da área de saúde.

E o resultado rola como uma bola de neve. Nesse quesito a população vive à míngua. É latente o aumento de mortes nos hospitais, o mau humor dos atendentes nos centros de saúde e pronto socorro que vivem com receio de pegar umas “bolachadas” pelo seu sofrível desempenho e tratam todos como se o público fosse um inimigo prestes a lhe dar o bote por tanta grosseria. Também o sistema único de saúde não tem nada de único e não funciona para organizar a marcação de consultas e de exames, o básico esperado pelo público. Noto que os funcionários gostam mesmo é de uma ficha, daquelas velhinhas do meu tempo que usam a informática para atividades paralelas e a internet sabe-se lá pra que. Parece que não existe um administrador preparado para a função e deixa tudo correr solto. Assim fica de bonzinho e ninguém pega no seu pé. Como o povo reclama mas não cobra das autoridades está tudo bem. O que importa no final das contas é o voto daquelas pessoas nos mesmos governantes para que tudo continue como dantes nessa terra sem comandante.

PRECISAMOS COBRAR AS AUTORIDADES PARA A PUNIÇÃO DE QUEM ROUBA MAS FAZ. CORRUPÇÃO SIGNIFICA MORTE NOS HOSPITAIS, VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS, MAIS DROGAS PARA OS JOVENS, ESTRADAS ESBURACADAS, DEPREDAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E NATURAL, ENRIQUECIMENTO DOS POLÍTICOS, MISÉRIA DO POVO (será que os políticos sabem onde fica o Vale do Jequitinhonha?). Tem mais, muito mais...

(*) É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.

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