domingo, 20 de novembro de 2011

CLUBE DA MADRUGADO: PASSADO E PRESENTE EM DISCUSSÃO NA VALER

Clube da Madrugada completa 57 anos de criação neste mês de novembro. Para comemorar o surgimento deste  Movimento cultural que inaugurou no Amazonas novos processos  criativos deixados para as novas gerações, será realizado no próximo dia 22 uma mesa redonda com o tema Clube da Madrugada – história e legado, composta pelos escritores Elson Farias, Luiz Bacellar e Max Carphentier, que tiveram participação ativa no Clube. Na ocasião será lançado o livro Quadros da Moderna Poesia Amazonense, de Alencar e Silva, que também compunha o elenco do Clube. 

Quadros da Moderna Poesia Amazonense é um livro-testemunho de um recorte histórico desse período, com foco no Clube da Madrugada. A ênfase do autor é na produção poética desse movimento, com destaque para os escritores e obras que marcaram esse momento das letras regionais. Alencar e Silva, um dos mais expressivos e delicados poetas desse ciclo, presta com esta obra importante contribuição em termos de resgate e fixação do trabalho da geração madrugada.

Alencar é uma testemunha privilegiada das ações que transformaram o Clube num marco do fazer cultural no Amazonas. Acompanhou sua trajetória como um dos seus protagonistas mais destacados. Seu compromisso com essa memória é evidente na construção deste livro. Tanto assim que o capítulo de abertura, intitulado “Prelucidação”, é uma reconstituição histórica dos fatos que anteciparam a criação do Clube, como esclarece: “Estas notas preambulares não se teriam concluídas se não as aproximássemos do ponto em que se daria a nítida ruptura ou separação entre dois tempos: 1954 – ano da fundação do Clube da Madrugada”.

A segunda metade do século XX foi um dos períodos mais produtivos da literatura que se produz no Amazonas. Na verdade, correspondeu a um ciclo dos mais ricos e legou à literatura nacional nomes expressivos, tanto na prosa como na poesia. Essa foi a época de ouro de nossas letras – e ainda continua dando frutos.  O surgimento do Clube foi um divisor de águas, sobretudo por representar um esforço de renovação e atualização de nossas letras, fato que não escapou à percepção de Alencar e Silva: “Antes dessa data, a poesia que se praticava ou cultuava em Manaus era tudo igual ao que sempre se fizera ao longo de toda a nossa insipiente civilização, como se nada de mais importante fora feito pelos centros mais adiantados do país”.
Alencar, entretanto, não se restringe aos aspectos históricos do Clube. Seu livro se estrutura como uma reflexão sobre a contribuição literária dos autores representativos da geração madrugada, ressaltando o significado estético de seus textos para a consolidação das conquistas modernistas em âmbito regional. Analisa a obra de treze autores do movimento, ressaltando-lhes a importância e as características marcantes de sua poesia. A leitura dos ensaios de Alencar e Silva é um diálogo com a memória literária amazonense e uma oportunidade de “beber nas fontes”, já “que mais fácil é ir-se à foz, ao sabor da corrente, do que subir às cabeceiras”.

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