Ellza Souza (*)
O poeta Aldisio Filgueiras me deixou orgulhosa e feliz ao assistir o seu desabafo no programa da TV Ufam, Idéias e Livros. Só vi mesmo essa parte quando Aldisio demonstrou completa decepção com a Manaus de hoje transformada nesse caótico amontoado que por incompetência dos administradores transformou-se no que ele considera um favelão. É a mais pura verdade, temos que reconhecer. Hoje ao chegar do centro, após passar longas horas no terminal da Matriz esperando o demorado 123, já estava inspirada para escrever algo sobre o que vemos naquela área nas proximidades do porto e da igreja principal.
Observei os ônibus, os ambulantes, os turistas perdidos sem ter uma placa que oriente o seu passeio (os navios vêm iludidos pela propaganda), o lixo, os doidos, as barracas de pastel em cima do esgoto, gente de todos os “cruz credo”. Dizem por aí que a partir da ponte Rio Negro seremos eternamente metropolitanos pois o amontoado ficou maior e a confusão só se alastrou.
É tão arraigada a falta de competência para parir bons projetos que os governantes vão e voltam e tudo vai piorando para a sociedade. Todos os serviços públicos estão ruins em qualquer esfera. Educação, transportes, estradas, renda familiar, merenda escolar, meio ambiente, na saúde adoeceu comece a rezar porque já estão injetando leite nas veias de bebê. Numa terra onde todo mundo é doutor faz pena constatar o atendimento nos hospitais, pronto socorros e “casinhas” de saúde.
Os nomes dos programas são até bonitos mas não servem para melhoria das pessoas que ingenuamente se rasgam para abraçar um “doutor” em época de eleição. Ganha quem é engraçado, simpático, articulado, boa garganta. Não que as amídalas dos candidatos devem estar em boas condições mas têm que ser falantes e bons de promessas.
Por culpa da falta de conhecimento e de leitura dos eleitores é que se mantém uma elite arraigada no poder, montada na corrupção e na falta de méritos que não conseguem resolver nenhum dos problemas que tanto incomodam a sociedade de hoje. Olhando a cidade dá para constatar a falta de regras, de comando, de cuidado. A impressão que tenho é que depois das eleições cria-se uma barreira entre povo e governantes. O povo que se lixe pra lá que nós vamos cuidar do nosso pra cá.
O pior é que isso é atitude de quem não leu, não estudou, não se preparou para a função de governar porque a violência gerada por essas circunstâncias vão alcançar a todos, pobres e ricos, mesmo os encastelados no poder. É só esperar.O erro já começa na infância quando acontece uma espécie de “imbecilização das crianças”, diz o poeta, pois os livros têm mais figuras e às vezes uma única palavra como se os pequenos não tivessem capacidade de ler e entender textos maiores.
No seu livro Ararinha – Azul, o sumiço, Filgueiras aborda o descaso da sociedade manauara com a natureza. Para ele a ararinha perdida é a própria cidade de Manaus. Aqui “não conseguimos plantar nada” e nem “criar o tambaqui” e afirma desolado que “somos uma sociedade incompetente que prefere tudo que vem de fora”. “Fazer porto no Encontro das Águas para beneficiar meia dúzia de aproveitadores” forasteiros será o fim da picada e desse plácido e belo lugar.
(*) É jornalista, escritora e articulista do NCPAM/UFAM.
O poeta Aldisio Filgueiras me deixou orgulhosa e feliz ao assistir o seu desabafo no programa da TV Ufam, Idéias e Livros. Só vi mesmo essa parte quando Aldisio demonstrou completa decepção com a Manaus de hoje transformada nesse caótico amontoado que por incompetência dos administradores transformou-se no que ele considera um favelão. É a mais pura verdade, temos que reconhecer. Hoje ao chegar do centro, após passar longas horas no terminal da Matriz esperando o demorado 123, já estava inspirada para escrever algo sobre o que vemos naquela área nas proximidades do porto e da igreja principal.
Observei os ônibus, os ambulantes, os turistas perdidos sem ter uma placa que oriente o seu passeio (os navios vêm iludidos pela propaganda), o lixo, os doidos, as barracas de pastel em cima do esgoto, gente de todos os “cruz credo”. Dizem por aí que a partir da ponte Rio Negro seremos eternamente metropolitanos pois o amontoado ficou maior e a confusão só se alastrou.
É tão arraigada a falta de competência para parir bons projetos que os governantes vão e voltam e tudo vai piorando para a sociedade. Todos os serviços públicos estão ruins em qualquer esfera. Educação, transportes, estradas, renda familiar, merenda escolar, meio ambiente, na saúde adoeceu comece a rezar porque já estão injetando leite nas veias de bebê. Numa terra onde todo mundo é doutor faz pena constatar o atendimento nos hospitais, pronto socorros e “casinhas” de saúde.
Os nomes dos programas são até bonitos mas não servem para melhoria das pessoas que ingenuamente se rasgam para abraçar um “doutor” em época de eleição. Ganha quem é engraçado, simpático, articulado, boa garganta. Não que as amídalas dos candidatos devem estar em boas condições mas têm que ser falantes e bons de promessas.
Por culpa da falta de conhecimento e de leitura dos eleitores é que se mantém uma elite arraigada no poder, montada na corrupção e na falta de méritos que não conseguem resolver nenhum dos problemas que tanto incomodam a sociedade de hoje. Olhando a cidade dá para constatar a falta de regras, de comando, de cuidado. A impressão que tenho é que depois das eleições cria-se uma barreira entre povo e governantes. O povo que se lixe pra lá que nós vamos cuidar do nosso pra cá.
O pior é que isso é atitude de quem não leu, não estudou, não se preparou para a função de governar porque a violência gerada por essas circunstâncias vão alcançar a todos, pobres e ricos, mesmo os encastelados no poder. É só esperar.O erro já começa na infância quando acontece uma espécie de “imbecilização das crianças”, diz o poeta, pois os livros têm mais figuras e às vezes uma única palavra como se os pequenos não tivessem capacidade de ler e entender textos maiores.
No seu livro Ararinha – Azul, o sumiço, Filgueiras aborda o descaso da sociedade manauara com a natureza. Para ele a ararinha perdida é a própria cidade de Manaus. Aqui “não conseguimos plantar nada” e nem “criar o tambaqui” e afirma desolado que “somos uma sociedade incompetente que prefere tudo que vem de fora”. “Fazer porto no Encontro das Águas para beneficiar meia dúzia de aproveitadores” forasteiros será o fim da picada e desse plácido e belo lugar.
(*) É jornalista, escritora e articulista do NCPAM/UFAM.
Um comentário:
mais já melhorou bastante comparado com o que era antes passei 5 anos em são paulo e gostei muito de ver o prosamin e as praças novas com segurança issu não se ver em são paulo e temos aqui em manaus, nem tudo pode ser perfeito mais quem sabe um dia chegamos lá.
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