sábado, 30 de abril de 2011

IMBAÚBA, UM JEITO CHAP-CHAP DE FAZER MÚSICA

Ellza Souza (*)

Começou a temporada de apresentações do grupo Imbaúba. O primeiro evento aconteceu no SESC na sexta feira, dia 29 e foi um sucesso marcado pelos aplausos entusiasmados da platéia. O som que sai de seus instrumentos e de seus variados objetos de percussão lembram a floresta, os passarinhos, a água sendo “esgotada” como diz o Celdo Braga, da canoa na hora do chap-chap. É a chamada música orgânica e só existe aqui mesmo no Amazonas.

A bela voz de Sofia Amoedo impressiona pela magnitude e seus trinados se confundem com os barulhinhos suaves mas intensos produzidos com perfeição pelo conjunto. O Roberto Lima, que conheço pelo seu gesto de ternura comigo ao cantar no lançamento do meu livro Moacyr de todas as cores no Café Vanilla, demonstrou mais uma vez as suas potencialidades vocais.

O Celdo Braga é o poeta, o pesquisador de sons da floresta que não hesita em inovar, em transformar em música sons inusitados que emocionam e falam da natureza de nossa terra. Tem outros músicos no grupo como o Rosivaldo Cordeiro e o Cláudio Nunes.Todos competentes no que fazem pois expõem no palco um brilho especial e próprio de cada um.

O Imbaúba deu um show. Ao meu lado uma jovem que assistia pela primeira vez o grupo, estava emocionada e admirada com a qualidade da música e da poesia e de boca aberta sussurava “é lindo isso”. As palavras poéticas das músicas vindas de uma imaginação como a do Celdo e do Eliberto Barroncas acalma qualquer mente tumultuada. Algumas que lembro de ter ouvido: pérola azulada, canoeiro, mata, chap-chap ou “música de fazer curumim” segundo Celdo Braga, cabocla, morena, terra, candeeiro, lamparina e claro a palavra mágica “água” que o Imbaúba homenageou trazendo para compor o cenário uma bacia de alumínio cheia de água “limpa”.

Ouvir o som encantado dos violões, bandolins, flautas e das vozes cristalinas desses músicos nos proporciona um momento de muita reflexão onde precisamos repensar o que é melhor para o nosso futuro. Porto no Encontro das Águas, construção de usinas nucleares, devastação total da floresta, aterro dos igarapés, consumismo exacerbado e outras “mariquitas” mais ou um ser humano saudável e pacífico para viver os poucos anos que nossas bactérias nos permitem viver.

Músico de verdade é assim. Emociona e revolve os corações apaixonados pela vida. Sucesso para todos do grupo, aqui e por esse mundo afora que precisa muito desse tipo de trabalho musical que só traz alegria e felicidade. Estamos aguardando ansiosos o próximo cd “Mãe Dágua”. Parabéns.

(*) É jornalista, escritora e articulista do NCPAM/UFAM.

Nenhum comentário: