quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O MUNDO É DOS PICARETAS

Ellza Souza (*)

Um dia, há quatro anos, resolvi comprar um telefone melhor e fui procurar uma grande empresa que vendia um produto “livre” de qualquer aporrinhação. Com um mês de uso descobri logo que o serviço era ruim, como todos. Paguei o mês utilizado, comuniquei via email a empresa de que não queria mais o produto e não utilizei mais o serviço.

Para mim estava resolvido. Passado um ano liga um advogado cobrando uma conta de 80 reais e ameaçando que meu nome ia para os tais de spc e Serasa. Como quem não deve não teme não me importei. Mas meu nome até então limpíssimo foi mesmo para a lista de inadimplentes, o que me impediu de mudar de plano da operadora de celular que há muitos anos utilizo o serviço. Fui nessa empresa de celular, que também é muito “viva” e expliquei a situação e nada os comoveu. A minha reação foi deixar de lado, também, o tal serviço e os meus caraminguás não levam mais em recargas.

O que não consigo entender é que os pilantras de verdade e de carteirinha (roubada dos outros) fazem a festa e conseguem comprar por aí, emprestar de bancos, viver muito bem obrigado. Parece que o computador e seu sistema que deveria ajudar nas relações entre os clientes e as empresas até dificultam pois quase sempre não funcionam e a impressão que tenho é que as coisas não andam e não se interligam dificultando a resolução dos fatos.

Fui ao Procon, sempre cética quanto ao atendimento e a resolução do problema. Além do problema inicial cuja empresa havia listado meu nome como devedora de um serviço que não tinha, um outro estava começando pois trata-se de um serviço sem o qual ninguém passa que é o das águas que chegam as nossas torneirinhas. O aumento abusivo do valor da conta de julho me fez deixar de pagar em dias e entrar em contato com a empresa responsável. Não adiantou ligar, ir na sede da empresa, anotar número de protocolos, começar um processo meu mesmo com anotações de tudo que é falado e combinado. Começaram a ligar (gravação) “ameaçando” colocar o meu outrora nome limpo na lista negra. Aí o sangue quase ferveu. Foi então que me preparei para enfrentar o Procon.

Cheguei umas nove horas da manhã sob um sol de rachar qualquer chifre e pacientemente esperei até quase duas da tarde. Um senhor humilde e trabalhador desses honestos me contou a sua história. Sem nunca ter tido um cartão de uma grande loja viu seu nome e sua vida ameaçados pelos mesmos órgãos que listam qualquer um independente de sua índole. Apareceu uma conta pro homem pagar e ele tentava ali, provar que não foi ele que fez a tal compra. E nisso já iam alguns meses o pobre do homem tentando provar sua inocência. É uma vergonha como diz um jornalista.

Ainda bem que nesse dia, saí feliz de um atendimento público. O funcionário, competentemente limpou a minha desditosa ficha. Agradeci pela sua eficiência e fui pra luta com o meu nome limpo até quando só Deus sabe.

(*) É jornalista, escritora e articulista do NCPMA/UFAM.

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