sexta-feira, 22 de abril de 2011

O MELHOR DA PÁSCOA

A celebração da páscoa requer dos protagonistas não só a fortaleza da fé, como projeto redentor, mas também, conhecimento histórico para compreender o processo de libertação do povo de Deus em luta pela terra, pão e liberdade. Esta relação dos fatos além de potencializar a fé qualifica também as pessoas a participarem da construção de um processo político social visando à realização dos objetivos comuns.

Nesta perspectiva, as pessoas se tornam parte da história porque conhecem a trama e são capazes de optar por uma determinada leitura que justifique sua prática política em relação tanto a religião quanto à sociedade. A fé sem a história é um corpo sem alma, transformando o devoto em refém dos pregadores oportunistas que de forma mediática prometem salvá-los das tentações temporais impondo condições de subordinação, reduzindo o sujeito em escravo da palavra e de sua própria ignorância.

O melhor da páscoa é saber que somos capazes de alterar o cenário da história, participando dos movimentos sociais pela construção de novas relações pautadas na criticidade, no acesso a informação, conhecimento e na mútua responsabilidade. Esta prática reveste-se de múltiplo significado, exigindo participação efetiva nos processos de decisões ancorados num projeto político emancipatório contrário a dogmática das instituições e das retóricas dos políticos pregadores, que oferecem ao seu rebanho facilidade de compra para adquirir no céu a morada e o status que nunca tiveram em vida.

Os agentes participantes do movimento social sabem que não há antagonismo entre fé e história. Na verdade, esta relação além de necessária faz-se importante para que se defina objetivos e metas que se pretendem alcançar mediatamente. Assim, definidos os fins, os protagonista discutem também os meios mais eficientes para a consecução do projeto em construção, considerando o recorte específico das condições sociais impostas e, sobretudo, a qualidade de seus militantes.

A celebração da páscoa, no contexto das lutas sociais, promove objetivamente o fortalecimento do movimento social que grita também por terra, pão e liberdade. Da mesma forma, provoca subjetivamente nos seus militantes profunda reflexão sobre a ética da responsabilidade no horizonte das transformações sociais, criando instrumentos de controle capazes de influir nas decisões políticas do parlamento e do próprio governo, fazendo que se cumpra os direitos sociais reclamados pelos sem terra, trabalho e escola.

No entanto, a luta desse povo não se reduz somente a materiadade do direito. É preciso imprimir significado aos feitos, dando sentido as ações para que se compreenda as conquistas como expressão de um projeto político coletivo, requerendo de cada um opção cidadã de participar da construção da sociedade que vivemos de forma solidária e ambientalmente justa.

É a páscoa que queremos e desejamos celebrar com todos (as) que se sentem parte responsáveis pela implementação desse projeto social, vencendo a morte em favor da vida edificante aqui celebrada na terra prometida, com trabalho e liberdade para todos.

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.

2 comentários:

Juscélia Castro disse...

Páscoa...

Tempo de reflexão.
Busquemos a libertação das amarras do passado e que esse momento litúrgico nos traga bálsamo espiritual para nos fortalecer nas lutas do cotidiano. E que consigamos semear a paz, a justiça e harmonia estre os fraternos.

Anônimo disse...

Realmente Juscélia a hora é buscar dentro de si mesmo um caminho de amor ao próximo e a natureza. É básico, é simples e fácil de conseguir. Vale a pena tentar para ser feliz de verdade.