sábado, 23 de abril de 2011

A PAIXÃO DE CRISTO E AS DORES DO POVO

A via sacra é o caminho percorrido por Cristo, até o calvário, onde é crucificado e morto pelos poderosos. No entanto, ressuscita dos mortos para alegria do seu povo, dando continuidade a prática da Justiça expressa na igualdade comunal vivida nos Atos dos Apóstolos como forma estruturante de organização da sociedade.

A celebração desse trajeto faz parte da história de Cristo, que todo ano é revivida pelos cristãos e por pessoas de boa vontade nos ritos pascal. A paixão de Cristo e as dores do povo são motivos de profunda reflexão nas celebrações da CF - Campanha da Fraternidade, sob a coordenação da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Para Dom Dimas Lara Barbosa, secretário geral da CNBB, a proposta deste ano da CF consiste em chamar “todas as pessoas de boa vontade que olhem para natureza e percebam como as mãos humanas estão contribuindo para o fenômeno do aquecimento global e as mudanças climáticas, com sérias ameaças para a vida em geral, e a vida humana em especial, sobretudo a dos mais pobres e vulneráveis”. É nesse contexto, explica o secretario, que “a CNBB propôs para 2011, a CF com o tema Fraternidade e a vida no Planeta”, e como lema A criação geme em dores de parto (Rm 8,22)”.

No Amazonas, a CF tomou para si a defesa do Encontro das Águas, lutando junto com o Movimento S.O.S Encontro das Águas pela Homologação do Tombamento desse bem como patrimônio natural e cultural do povo brasileiro. Além das manifestações públicas da campanha, as áreas missionárias da Arquidiocese de Manaus procuraram inserir em suas liturgias lideranças do Movimento S.O.S para que juntos pudessem Ver, Julgar e Agir em defesa desse ícone que muito significa para a integridade da Amazônia e do Planeta.

Foi o que aconteceu nesta sexta-feira (22), pelas ruas principais do Bairro da Colônia Antonio Aleixo, na Zona Leste de Manaus, quando lideranças do Movimento S.O.S Encontro das Águas participou da Décima Estação da Paixão de Cristo, momento em que Jesus é despido de suas vestes. Fato este, assim narrado pelo evangelista João: “Depois que crucificaram Jesus, os soldados pegaram suas vestes e as dividiram em quatro partes, uma para cada soldado. A túnica era feita sem costura, uma peça só de cima em baixa. Eles combinaram: ‘Não vamos rasgar a túnica, vamos tirar sorte para ver de quem será’. Assim cumpriu-se a Escritura: ‘Repartiram entre si as minhas vestes e tiraram a sorte sobre minha túnica” (Jo 19,23-24).

O Ato é carregado de um forte simbolismo, em se tratando da luta dos moradores da Colônia Antonio Aleixo, que vivem e moram nos arredores do Encontro das Águas. Para Marisa Lima, que participou desta celebração “é como se eles tivessem despindo a todos do direito de usufruir do nosso Encontro das Águas. Matando todo mundo para se apossarem desse bem que para nós não tem preço e mesmo assim insistem em leiloar para os poderosos construírem um Porto nestas águas, que além de serem abençoada é o berçário do nosso pescado, que alimenta a todos que dela necessita. E pela força, como fizeram os soldados com as vestes de Cristo, querem apartar de nós brasileiros do Amazonas, o nosso Encontro das Águas. Mas, os poderes do povo são maiores do que a gana dos poderosos”.

3 comentários:

Anônimo disse...

Que belo exemplo de Fé e amor à Cristo, deram os moradores da Colônia Antônio Aleixo. Confesso que estou com vergonha de ter me acomodado, com medo da chuva forte que caia ontem, no horário de iniciar a procissão, e eu moro no centro de Manaus e não fui acompanhar a procissão, enquanto isso, os citados moradores, munidos de sombrinha, guarda-chuva, folha de jornal na cabeça, não se intimidaram, encararam a chuva, o vento, o frio, os buracos das ruas e foram p/ rua mostrar que quem tem amor no coração e muita Fé, segue em frente sem temer. Amei essa lição de Fé desses maravilhosos comunitários, parabéns a todos vocês. Um abração a todos.

Anônimo disse...

Realmente. Seu comentário é muito válido, esses persistentes comunitários são mesmo um grande exemplo de amor, fé e bravura. Agora entendo de onde vem a força, a coragem e a firmeza desses moradores que lutam bravamente pela defesa do Encontro das Águas, que não se dobram diante da arrogância e pressão dos "poderosos" que querem violentar o Encontro das Águas com a aberração chamada porto das Lajes. Aí está o segredo! A força deles vem de Deus. Quem tá com Deus tá com tudo. Vão em frente povo guerreiro, povo de Deus. Beijos no coração de todos vocês.

Anônimo disse...

É isso aí Colônia Antônio Aleixo. Enquanto os emissários do mal estão agindo para derrubar o projeto de vocês de defesa do Encontro das Águas, vocês com toda a humildade e respeito, que são qualidades de quem é do bem, vão em frente, dando bom exemplo, mostrando pra todos que vocês não se intimidam diante das tramóias dos malfazéjos que só estão agindo em prol de interesse próprio, só pensam em grana, em lucro, sem se incomodar se o povo já está inojado com ideia imunda de porto das Lajes. Vocês, queridos guerreiros, são realmente pessoas abençoadas e merecedoras da vitória que com certeza Deus vai lhes dá nesta questão. Sou adimirador secreto desse já famosérrimo Mov. SOS Encontro das Águas. Tenho muito orgulho de vocês. Não liguem p/ quem os critica, no fundo eles gostariam de ter a garra, a determinação e a credibilidade que vocês têm. É inveja pura. Abraço forte.