domingo, 21 de agosto de 2011

O (DES) TOMBAMENTO E OS (DES) ENCONTRO

Mapinguari do Manaquiri (*)

Caboco(a) amazonense
O tombo que eu vô contá
Não é uma queda! Pense!
Veio é lá de Portugá
Esse tombo tão falado,
de lá da terra do fado,
duma torre bem bunita
onde tudo é registrado,
donde veio a bendita
ispressão, “está tombado”!

Desde intão que nóis costuma
pra tudo qui tem valô,
pra qui o tempo num consuma,
pra preservá, sim sinhô!
Chamá Patrimônio Histórico
a samba e grupo folclórico,
tombando praça e ponte,
prédio, casa, mastodonte,
as beleza da cultura
i tantas otra belezura!

I por falá em beleza
quem nunca oviu falá
da obra da natureza
mais porreta que aqui há?
É claro que você sabe,
já dimirô cum certeza,
di recreio ou de rabeta,
no meio da correnteza,
aquele Encontro maceta!

É Encontro di amô
Mas não é amô di gente
Tampouco é de serpente,
Não precisa ter pavô!
Esse Encontro di qui falo
Só os tal dos empresário
(eita povinho otário!)
É qui num vê seu valô!
Pois já foi até tombado
Eita Encontro arretado!

É um Encontro singelo,
Um preto e outro amarelo,
cantado em tantas canções,
o Rio Negro e o Solimões!
Tupã pôs lá um feitiço
i mesmo cum rebuliço,
as água desses dois rio,
mantém sempre o mesmo fio,
dividindo em dois o leito
qui pra juntá num tem jeito

Pois num é qui os impresário
(aquele bando de otário!)
i mais o governadô
(Eita gente sem amô!)
Planejaram distrui
a morada de Dinahi
a casa de Ajuricaba
uma leseira das braba,
botando em riba do Encontro...
Peraí que eu já te conto!

Os besta qué construi
um tal de Porto das Laje
disabrigá Dinahi!
I num pense qui é bobage
já compraro inté juiz
pro Encontro distombá
por mim esses infeliz
podia é se afogá!
Ou no bucho da sucuri
cocô di cobra virá!

Si esse juiz é comprado
isso num posso afirmá!
A serviço do mercado
isso eu sei que ele está!
Como o tal governadô
tem um sobrenome brega
i pra nóis ele mostrô
que a tal justiça é cega,
pra num vê tanta beleza
No Encontro das correnteza!

(*) É amazonense bastante conhecido no Manaquiri, biólogo que viveu alguns anos no sul, filho de agricultores, alfabetizado aos catorze anos e que faleceu vítima de um acidente de laboratório com Trypanosoma cruzi. Ele não chamaria de poema, nem se diria poeta. Dizia que "escreve umas bobage..." Nas horas de intervalo entre uma travessia e outra do Igarapé do Tarumã, em Manaus, (onde trabalhava transportando gente, animais e carga em sua canoa), Mapinguari do Manaquiri lia aqueles que chama de "escritô di pedigri", como Camões, Machado de Assis, Érico Veríssimo e também os escritores populares, dentre eles, seu predileto, Patativa do Assaré.

6 comentários:

Anônimo disse...

QUE IPOCRESIA,VÇS USANDO NOSSO LINGUJAR CABOCLO PRA CONFUNDIR AS PESSOAS.VÇS SAO TAO CAPAZES COMO VÇS MESMO FALAM PAREM COM ISSO TEATRINHO BAIXO.AH PAREM DE OFENDER AS PESSOAS DE BEM DAI DA COLONIA ANTONIO ALEIXO.

Anônimo disse...

Sou estudante, nasci e me criei na Colônia Antônio Aleixo onde moro até hoje, tenho orgulho deste bairro. Não vejo porque nós moradores da Colônia estariamos ofendidos com esse poema, isso é uma obra de arte, esse linguajar é uma forma de expressão. Quem ofende o povo da Colônia são vocês com essa humilhante e ridícula mania de fazer sujeira e tentar dizer que é o povo da Colônia, tenham respeito, o comportamento de vocês já passou dos limites.

Anônimo disse...

Também quero dizer que estou contra a ideia de porto nas Lajes. Lá é nosso local preferido p/ descanso, lazer, passear com nossos amigos que veem nos visitar. Quanto ao Poema do Mapinguari do Manaquiri eu amei, só uma mente corroída pela falta de estudo, de conhecimento é capaz de dizer que tal obra de um artista é uma ofensa. Ofensa é o que vocês estão fazendo à nós com essa humilhação de querer ser o que vocês não são. Sou moradora da Colônia, sou universitária, tenho 20 anos e sou contra, não só o porto das Lajes, mas todas as construções clandestinas que estão arrazando com o Lago do Aleixo e com toda a beirada do rio ao longo do Encontro das Águas. Cadê os órgãos competentes?

Anônimo disse...

Você é também conta a obra do PROAMA que levará água para 500.000 na Zona Leste, essa sim, uma obra construída sobre as pedras das lajes?

Anônimo disse...

O PROAMA é mais uma agressão ao Encontro das Águas, a água que será captada aí será de péssima qualidade, sugara toda a sujeira despejada no rio Negro à partir da cidade de Manaus e adjacências. Quem construiu esse elefante branco foi o Governo do Amazonas com verba Federal, como lutar contra esse monstro poderoso, se a luta contra um empreendimento privado que é o tal porto das Lajes está sendo difícil, por conta dos capachos aliados dentro da Colônia, imagine lutar contra a máfia que comanda o Amazonas. Só uma criatura tapada pode se sair c/ uma pergunta idiota feito essa?

Anônimo disse...

Alguém falou em Colônia Antônio Aleixo?