Tenório Telles (*)
“Aquilo que a cultura grega chama com pleno efeito de educação - paidéia – dando à palavra o sentido de formação harmônica do homem para a vida da polis, através do desenvolvimento de todo o corpo e toda a consciência, começa de fato fora de casa, depois dos sete anos. Até lá a criança convive com a sua criação, convivendo com a mãe e escravos domésticos”
Carlos Rodrigues Brandão
O filósofo Pitágoras cunhou uma das frases mais expressiva sobre o papel da educação na formação das crianças: “Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos”. A afirmativa do sábio grego é reveladora do valor atribuído ao conhecimento na sociedade grega. Essa preocupação se materializava num processo que chamaram de “Paideia”, palavra originária do “paidos”, que quer dizer criança. Essa sistemática educacional dizia respeito a “criação de meninos”.
O povo grego considerava a formação dos jovens um aspecto fundamental da construção social e da formação de homens valorosos ciosos de suas responsabilidades com a pólis (com a cidade). Atenas se tornou uma referência para a civilização porque foi capaz de construir uma cultura fundada na valorização do saber e da capacidade humana de compreender a realidade, revelá-la e encontrar soluções para os desafios impostos pela complexidade da vida social.
A educação correspondia a um ideal que tinha como fundamento o forjamento de homens livres e nobres. Afinal, só seres humanos conscientes de sua liberdade e dotados de nobreza poderiam participar de forma construtiva da vida em sociedade. O conceito que expressa esse ideal é o de “Arete” (que remete aos atributos de grandeza humana e às qualidades físicas e morais). A Paideia era um processo que se enriquecia com os saberes que eram tecidos socialmente e eram transmitidos para as outras gerações.
Com o passar do tempo, os gregos concluíram que não bastava apenas formar jovens com atitudes nobres e corajosas. Perceberam que era necessário aprimorar os atributos subjetivos das crianças, expressos na palavra “kaloskagathia” (de “Kalos”: beleza + “kagthos”: bondade). O homem grego deveria ser, além de nobre e heróico, também “belo e bom”. Dessa forma, foi se ampliando o sentido da educação grega, culminando num novo salto, em que se incorpora a idéia de cidadania. Exigia-se mais da educação: além de preparar o homem para ser livre, nobre e bom, deveria ser formado para ser um cidadão (capaz de exercitar sua cidadania e, assim, participar da vida da cidade).
A Paideia grega é evocativa desse ideal educativo comprometido com a formação integral do homem, capacitando-o para os desafios da vida e do convívio social. O filósofo Platão, mestre de várias gerações de jovens na Grécia, considerava a Paideia como “a essência de toda a verdadeira educação, ou Paidéia, e a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento”.
Os gregos estabeleceram um referencial pedagógico em relação à formação de suas crianças. Em nossos dias, vivemos uma indefinição e ausência de princípios claros quanto ao tipo de educação que desejamos ligar aos nossos jovens. Talvez seja o momento de refletirmos sobre o tipo de ser humano que desejamos formar para a nossa sociedade, e que inevitavelmente terá a responsabilidade de construir o futuro de nosso país.
Às vezes fico matutando sobre isso e me pergunto: o que esperar dessa juventude que, em grande parte, vive alheia ao seu papel no mundo e se comporta como peça da engrenagem desse sistema que a aliena, subtrai seus sonhos e mata? Quem sabe não é hora de resgatarmos a Paideia gregra?
(*) É professor, editor, escritor e membro da Academia Amazonense de Letras.
“Aquilo que a cultura grega chama com pleno efeito de educação - paidéia – dando à palavra o sentido de formação harmônica do homem para a vida da polis, através do desenvolvimento de todo o corpo e toda a consciência, começa de fato fora de casa, depois dos sete anos. Até lá a criança convive com a sua criação, convivendo com a mãe e escravos domésticos”
Carlos Rodrigues Brandão
O filósofo Pitágoras cunhou uma das frases mais expressiva sobre o papel da educação na formação das crianças: “Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos”. A afirmativa do sábio grego é reveladora do valor atribuído ao conhecimento na sociedade grega. Essa preocupação se materializava num processo que chamaram de “Paideia”, palavra originária do “paidos”, que quer dizer criança. Essa sistemática educacional dizia respeito a “criação de meninos”.
O povo grego considerava a formação dos jovens um aspecto fundamental da construção social e da formação de homens valorosos ciosos de suas responsabilidades com a pólis (com a cidade). Atenas se tornou uma referência para a civilização porque foi capaz de construir uma cultura fundada na valorização do saber e da capacidade humana de compreender a realidade, revelá-la e encontrar soluções para os desafios impostos pela complexidade da vida social.
A educação correspondia a um ideal que tinha como fundamento o forjamento de homens livres e nobres. Afinal, só seres humanos conscientes de sua liberdade e dotados de nobreza poderiam participar de forma construtiva da vida em sociedade. O conceito que expressa esse ideal é o de “Arete” (que remete aos atributos de grandeza humana e às qualidades físicas e morais). A Paideia era um processo que se enriquecia com os saberes que eram tecidos socialmente e eram transmitidos para as outras gerações.
Com o passar do tempo, os gregos concluíram que não bastava apenas formar jovens com atitudes nobres e corajosas. Perceberam que era necessário aprimorar os atributos subjetivos das crianças, expressos na palavra “kaloskagathia” (de “Kalos”: beleza + “kagthos”: bondade). O homem grego deveria ser, além de nobre e heróico, também “belo e bom”. Dessa forma, foi se ampliando o sentido da educação grega, culminando num novo salto, em que se incorpora a idéia de cidadania. Exigia-se mais da educação: além de preparar o homem para ser livre, nobre e bom, deveria ser formado para ser um cidadão (capaz de exercitar sua cidadania e, assim, participar da vida da cidade).
A Paideia grega é evocativa desse ideal educativo comprometido com a formação integral do homem, capacitando-o para os desafios da vida e do convívio social. O filósofo Platão, mestre de várias gerações de jovens na Grécia, considerava a Paideia como “a essência de toda a verdadeira educação, ou Paidéia, e a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento”.
Os gregos estabeleceram um referencial pedagógico em relação à formação de suas crianças. Em nossos dias, vivemos uma indefinição e ausência de princípios claros quanto ao tipo de educação que desejamos ligar aos nossos jovens. Talvez seja o momento de refletirmos sobre o tipo de ser humano que desejamos formar para a nossa sociedade, e que inevitavelmente terá a responsabilidade de construir o futuro de nosso país.
Às vezes fico matutando sobre isso e me pergunto: o que esperar dessa juventude que, em grande parte, vive alheia ao seu papel no mundo e se comporta como peça da engrenagem desse sistema que a aliena, subtrai seus sonhos e mata? Quem sabe não é hora de resgatarmos a Paideia gregra?
(*) É professor, editor, escritor e membro da Academia Amazonense de Letras.
3 comentários:
Você nem o Ademir leram as três tradições da filosofia grega. O idealismo subjetivo,de Sócrates,o idealismo objetivo de Platão, nem o materialismo de Aristóteles. Mano, Paidéia, é a formação cultural com base no acúmulo de conhecimento,formação da subjetividade, é Sócrates. E o Ademir reproduz estas asneiras!
Professor do departamento de filosofia,
É uma pena que não podemos alargar o debate porque o "Juquinha", valendo-se do anonimado fica recolhido em seu casco. Mas, o que ele quer mostrar é que só ele, somente ele, tem conhecimentmento do unverso da cultura e como aluno do Dom Bosco leu nos primórdios os clássicos em grego. Assim como também só ele, somente ele, sabe justificar porque a Vale do Rio Doce, acionista da Log-In quer porque quer construir um Porto no Frontal do nosso Encontro das Águas. Devotos de Santa Etelvina uni-vos contra o caboco metido e vamos botar pra correr esse, que se duvidar é o pai da história e defensor dos frascos e seus comprimidos. A covardia não é, e nunca foi, um predicativo dos homens de bem e muitos dos intelecutais compromotidos com um Amazonas justo e sustentável.
Adorei a linguagem direta... nossas gerações de atuais alunos e filhos precisam ser desafiados a pensar sim, e nós, Educadores (Família e Mestres), precisamos aprender a falar a linguagem e os códigos de conduta desses tempos modernos. Somos muitas vezes aqueles que tem algo a aprender para, só depois fazer sentido pra eles, o que venhamos a ensinar e filosofar. O caminho é sempre esse, formação integral e, contextualizada.
Denise
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