domingo, 1 de janeiro de 2012

MÃES QUE CHORAM A MORTE DOS SEUS FILHOS

Chega de descaso, apelo a todos (as) que sofrem desse flagelo a se manifestarem por políticas públicas eficientes, cobrando dos governantes o cumprimento do seu dever, oferecendo os equipamentos necessários para cuidar da juventude nacional, assim como também, instituindo uma rede de sustentação as famílias que no momento choram a perda de seus filhos e filhas para o reino das drogas.

Ademir Ramos (*)

Nesses últimos anos tenho sido cúmplice da dor de centenas de mulheres que em nossas reuniões sociais e nos encontros comunitários falam da perda de seus filhos para a droga lícita ou ilícita. Essas centenas de mães que choram se multiplicam em milhares por esse Brasil afora a reclamar do Estado uma política de atenção à juventude, enfrentando com determinação e eficiência o combate dessa praga que há muito vem destruindo os lares brasileiros.

A situação tornou-se insustentável, a dor dessas famílias é contagiante, exigindo dos governantes e da própria sociedade organizada medidas sociais e punitivas que contenham o avanço desse mal tão prejudicial à juventude e, consequentemente, ao futuro da nação.

A desgraça que assola o Brasil atinge tanto os ricos como os pobres, beneficiando os mafiosos do tráfico e os políticos oportunistas que também se tornaram viciado em sua prática mecânica, quando fazem vista grossa aos fatos, como se a crise fosse um problema familiar.

Chega de descaso, apelo a todos (as) que sofrem desse flagelo a se manifestarem por políticas públicas eficientes, cobrando dos governantes o cumprimento do seu dever, oferecendo os equipamentos necessários para cuidar da juventude nacional, assim como também, instituindo uma rede de sustentação as famílias que no momento choram a perda de seus filhos e filhas para o reino da droga.

Nesses encontros, tenho ouvido mães rezando pela morte dos seus filhos (as) por se acharem impotentes na resolução do problema. O que é verdade por se encontrarem isoladas e, ainda mais, sofre também a discriminação e o preconceito das demais famílias por julgaram-se acima do bem e do mal.

O quadro é bastante complexo, mas deve ser enfrentado não somente pela força do marketing, é necessário que se repense o sistema como um todo de forma que se possa intervir nas diversas frentes a começar pelas condições materiais em que vivem a juventude brasileira quanto à educação, saúde, esporte, segurança, cultura, empregabilidade centrada na unidade familiar.

É inconcebível que a União, Estado e Município não articulem forças para promover instrumentos de combate a este quadro mórbido que escandaliza a todas as pessoas responsáveis, transferindo para as Igrejas o cuidado e o tratamento da saúde da juventude quando se trata de dependência química.

As famílias atingidas por esse mal devem dar visibilidade à situação que vivem, criando rede social ou mesmo se organizando nas comunidades e círculos sociais que integram pautando o problema junto ao Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas e nas Câmaras Municipais. É preciso politizar a situação responsabilizando os governantes, os parlamentares pela omissão ou proposição resolutiva.

Para isso, convoco as famílias atingidas a se pronunciarem sobre o fato, disponibilizando os espaços tanto aqui como na TV UFAM, que a partir de 09 de janeiro volta a funcionar em seus novos estúdios no Campus Universitário.

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.

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