Mário Nelson Duarte*
No final dos anos 60/início dos 70, trabalhei como repórter e comentarista esportivo, nas Rádios Alvorada e Nacional (de Brasília). Estava no auge a febre do futebol vitorioso, empolgante, que dominou o Brasil desde a investidura de João Saldanha como técnico da seleção que, mais tarde, sob o comando de Zagallo, conquistou o tri-campeonato mundial, no México.
Naqueles dez anos, conheci os principais estádios do País e acompanhei as obras dos que ainda estavam em construção. Dois, particularmente, chamaram-me a atenção: o Magalhães Pinto, em Belo Horizonte, e o Vivaldo Lima, em Manaus. O destaque, no Mineirão, foi a preocupação de aprender com os acertos estruturais e espaciais do Maracanã, para, principalmente, evitar a repetição dos erros ali cometidos; no Vivaldão, a inteligência e a racionalidade do aproveitamento do terreno, através da implantação das arquibancadas nas encostas internas da colina, evitando caríssimas estruturas de concreto.
Agora, voltando a Manaus, apresentam-me os projetos para a construção do estádio que, em 2014, será uma das sub-sedes da nova Copa do Mundo. Vejo, surpreso, que a idéia é pôr no chão as instalações atuais e construir tudo de novo.
Posso estar errado e vou procurar conhecer melhor os detalhes para dar a resposta.
Mas a primeira impressão é: está sobrando dinheiro e faltando bom-senso.
Demolir o Vivaldão e erigir, em seu lugar, aquele belíssimo projeto de arquitetura, vai custar caro – muito caro, absurdamente caro – e exigirá pesados investimentos em três pontos cruciais: 1) A demolição das instalações atuais: 2) A remoção dos entulhos; e 3) A construção do novo estádio. Aliás, no quesito “remoção de entulhos”, impõem-se dois detalhes importantíssimos: PARA ONDE? QUAL O TAMANHO DA FROTA DE CAMINHÕES QUE SERÁ EMPENHADA NESSA OPERAÇÃO? Estamos falando de milhares de toneladas de concreto, ferro, sucata elétrica e hidráulica, terra removida, etc.
O assunto exige discussão e equilíbrio. Coisas difíceis, quando tratamos da maior paixão do brasileiro. Mas o papel do jornalista é justamente esse: ser o chato que cobra explicações, alerta a sociedade e exige um foco de luz em cima dos temas polêmicos e mal-explicados.
•Jornalista com vasta experiência na crônica esportiva nacional.
No final dos anos 60/início dos 70, trabalhei como repórter e comentarista esportivo, nas Rádios Alvorada e Nacional (de Brasília). Estava no auge a febre do futebol vitorioso, empolgante, que dominou o Brasil desde a investidura de João Saldanha como técnico da seleção que, mais tarde, sob o comando de Zagallo, conquistou o tri-campeonato mundial, no México.
Naqueles dez anos, conheci os principais estádios do País e acompanhei as obras dos que ainda estavam em construção. Dois, particularmente, chamaram-me a atenção: o Magalhães Pinto, em Belo Horizonte, e o Vivaldo Lima, em Manaus. O destaque, no Mineirão, foi a preocupação de aprender com os acertos estruturais e espaciais do Maracanã, para, principalmente, evitar a repetição dos erros ali cometidos; no Vivaldão, a inteligência e a racionalidade do aproveitamento do terreno, através da implantação das arquibancadas nas encostas internas da colina, evitando caríssimas estruturas de concreto.
Agora, voltando a Manaus, apresentam-me os projetos para a construção do estádio que, em 2014, será uma das sub-sedes da nova Copa do Mundo. Vejo, surpreso, que a idéia é pôr no chão as instalações atuais e construir tudo de novo.
Posso estar errado e vou procurar conhecer melhor os detalhes para dar a resposta.
Mas a primeira impressão é: está sobrando dinheiro e faltando bom-senso.
Demolir o Vivaldão e erigir, em seu lugar, aquele belíssimo projeto de arquitetura, vai custar caro – muito caro, absurdamente caro – e exigirá pesados investimentos em três pontos cruciais: 1) A demolição das instalações atuais: 2) A remoção dos entulhos; e 3) A construção do novo estádio. Aliás, no quesito “remoção de entulhos”, impõem-se dois detalhes importantíssimos: PARA ONDE? QUAL O TAMANHO DA FROTA DE CAMINHÕES QUE SERÁ EMPENHADA NESSA OPERAÇÃO? Estamos falando de milhares de toneladas de concreto, ferro, sucata elétrica e hidráulica, terra removida, etc.
O assunto exige discussão e equilíbrio. Coisas difíceis, quando tratamos da maior paixão do brasileiro. Mas o papel do jornalista é justamente esse: ser o chato que cobra explicações, alerta a sociedade e exige um foco de luz em cima dos temas polêmicos e mal-explicados.
•Jornalista com vasta experiência na crônica esportiva nacional.
Um comentário:
Mário
Parabéns! Muito sensata sua análise. O problema ambiental causado pelo entulho deve ser equacionado. Já existe tecnologia para reaproveitar esse material na fabricação de concretos e argamassas novos. Mas esse não é ainda o ponto central da discussão. Se querem construir um novo estádio, então devem arranjar uma boa utilização para a estrutura além da simples utilização para jogos do campeonato estadual. Quem sabe a estrutura da arquibancada não se preste para abrigar salas de aulas, onde se possa ministrar, por exemplo cursos de música para as crianças e jovens, oficinas de artes, teatro. Se for só para erguer um estádio de futebol, não se justifica o gasto.
um abraço
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