terça-feira, 3 de janeiro de 2012

RELAÇÕES PERIGOSAS

Ellza Souza (*)

Passou a empolgação das festas de final do ano. Depois da troca de presentes e das boas intenções, 2012 está aí sem sobressaltos pois continua como o deixamos em 2011. Os noticiários estão aí para provar que tudo continua como dantes a não ser uma coisinha aqui, outra ali. Por exemplo no último mês de 2011 vi umas notícias inéditas e chocantes que entraram o ano meio esquecidas. Mas os personagens das mesmas estão por aí, circulando vivas e cada vez mais exuberantes.Como se não bastasse a leva de corruptos no meio político brasileiro agora a cumplicidade arrasta as primeiras damas que se aproveitam de funções ditas humanitárias e em prol dos desvalidos da sociedade para dar um reforço em suas tão combalidas rendas.

No Brasil muitas cidades principalmente as pequenas e esquecidas espalhadas pelo nosso vasto território, são administradas por prefeitos sem escrúpulos que colocam a família toda principalmente a esposa, para a especialíssima tarefa de desviar recursos. São recursos de toda ordem principalmente da merenda escolar o que constitui não só um crime mas um pecado sem tamanho tirar verbas que alimentariam crianças cujos pais não têm condições de comprar a mais básica das cestas no Brasil. E não tem por causa dessa malversação de recursos.

Tem um tipo de político, totalmente desqualificado para as funções, que até bate no peito a sua arrogância e certeza da impunidade. Falastrão ou caladão o perigo é a indecente falta de princípios e de ética que faz com que na envolvente festa de final de ano sempre venha um pacote recheado de mordomias a esses funcionários que insaciáveis sempre precisam de mais. O Senado, por exemplo, engaveta as reformas benéficas à sociedade e dá andamento ao que realmente interessa ou seja aumento de servidores, de salários e outros benefícios que ninguém é de ferro. Eu gostaria de ter apenas um plano de saúde igual ao de um servidor desses: vitalício, ilimitado, reembolso total das despesas extensivo aos familiares. Porque eles tem e eu, tenho que esmolar uma consulta no SUS se trabalhei a vida inteira para aumentar esse “bolo” que é de todos e não apenas de alguns.

Devagar está sendo comprovado o que todos desconfiamos: o absurdo da corrupção no país que segundo reportagem na revista Veja são mais de 80 bilhões por ano desviados pela pilantragem oficial. Famílias inteiras de políticos se unem numa cumplicidade de enriquecimento totalmente ilícito onde o que vale é se dar bem e o resto que se lasque pra lá. Por isso é que desconfio quando falam muito na pobreza, na assistência social, no Brasil sem miséria, nas esmolas movidas a bolsas de toda espécie.

Algumas pessoas ajudaram de fato os mais necessitados como Ruth Cardoso, Betinho, Zilda Arns que faziam mas não alardeavam em custosas propagandas os seus feitos. O decente seria utilizar corretamente os recursos que existem para o funcionamento do país, sem desvios e sem desonestidade pelo meio. Porque o resultado seria a satisfação nos hospitais, nas escolas, nas pesquisas científicas, nas estradas, na merenda, na casa própria, nos transportes coletivos.

O problema é que a grande massa popular se deixa levar pela propaganda falsa e pela esmola oficial deixando de lado o seu crescimento social e sua dignidade. Se votássemos corretamente a pilantragem estaria fadada a voltar para o obscuro escaninho em que merece viver o incompetente. Basta observar essa gente que se arvora no poder e o que é pior com o consenso do povo crédulo e bonzinho.

É só comparar a cara, a postura e os bens da época de quando entram na política e sem construir nenhuma profissão ou ler um livro após dez anos estão vestindo Armani, Chanel e cuidando da saúde nos hospitais americanos para sobrar por aqui mais vagas no SUS para o povão. O pior é que essas personalidades ficam assombrando para sempre pois mesmo após sua morte deixam seus nomes e de seus familiares gravados nas ruas, nos bairros, nas praças, nos prédios, etc.

Esses maus políticos estão cavando um buraco sem tamanho para enterrar o Brasil. Tiveram a chance de melhorar e avançar mas preferiram a cumplicidade, o apadrinhamento, o compadrismo, deixando de lado o que realmente interessa: a seriedade, a decência, o mérito, a competência, a oportunidade de cumprir o seu papel honestamente.

(*) É jornalista, escritora e articulista do NCPAM/UFAM.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mana,tua referência é a revista Veja?Tas brincando Elza! ou seria Alice?

Ellza Souza disse...

Mano, eu pelo menos leio a Veja e você lê o que, a revista Ti Ti Ti. Vá fundo. Qualquer leitura desemperra os neurônios.