terça-feira, 16 de junho de 2009

NO AMAZONAS QUEREM DESTRUIR O ENCONTRO DAS ÁGUAS



O Encontro das Águas é um dos belos monumentos naturais do Brasil, localizado no Amazonas, na zona leste de Manaus, na capital do estado, resulta do movimento de dois grandes rios Negro e Solimões, formadores do majestoso rio Amazonas em terras brasileiras a desaguar no oceano Atlântico. Esse espetáculo da natureza está ameaçado de forma brutal e desumana, pondo em risco a vida e a ordem do planeta.

Na história da colonização marcada por espanto e admiração registra-se a manifestação de frei Gaspar de Carvajal, que diante do espetáculo imprime a seguinte descrição: “vimos a boca de outro grande rio que entrava pelo que navegávamos, pela margem esquerda, cuja água era negra como tinta e, por isso, o denominamos rio Negro. Suas águas corriam tanto e com tanta ferocidade que por mais de vinte léguas faziam uma faixa na outra água, sem com ela misturar-se”.

Contudo, para pesquisadora e ambientalista Elisa Wandelli, do movimento SOS Encontro das Águas, “o ecossistema do local é um verdadeiro berçário das espécies de peixe e dos botos, servindo também para sustentação das aves que buscam nos cardumes a sua alimentação. Assim como fazem os pescadores da região do Lago do Aleixo que recorrem ao Encontro das Águas para alimentar os seus familiares”.

Toda essa beleza e riqueza estão ameaçadas se for construído no local o Porto privado das Lajes como pretendem fazer a empresa Lajes Logística que representa os interesses da Log-In Logística Intermodal no Amazonas, contando com o aval do governador Eduardo Braga (PMDB) e da agência de desenvolvimento do governo federal, a Superintendência da Zona Franca de Manaus.

Essa luta, segundo o padre Orlando Barbosa, que participa do Conselho Gestor Socioambiental da Colônia Antonio Aleixo e Bela Vista, “está rolando desde setembro do ano passado, agora ganhou corpo, mas às vezes nos sentimos como um Davi enfrentando o monstro Golias, por isso, precisa-se de ajuda para que juntos possamos defender esse nosso patrimônio que é o Encontro das Águas”.

O padre Orlando grita por ajuda para barrar o avanço da depredação que esses empresários “inescrupulosos estão tramando contra a natureza e os próprios comunitários do Lago do Aleixo”. No momento, “estão prometendo emprego, alimentação, e outros benefícios, para que esses moradores votem favoráveis na Audiência Pública pela construção do porto das lajes”, conclui.

A Colônia Antônia Aleixo, situada na zona leste de Manaus, foi no passado o lugar de confinamento dos hansenianos e por muito tempo todo o seu pescado vinha do lago do Aleixo, localizado em suas vizinhanças. A Construção do porto de acordo com os Estudos e Relatório Ambiental apresentado fere de morte o Lago do Aleixo, prejudicando a cadeia alimentar comunidades que vivem a margem desse Lago.

Os comunitários da Colônia Antonio Aleixo, na primeira Audiência Pública, em 19 de novembro do ano passado, já votaram contra a construção do porto nas mediações do Encontro das Águas. Mas, tanto o Governo do Estado como os empresários insistem por meio de propagando e marketing, em implantar o projeto dizendo que se trata da salvação para o desenvolvimento do Amazonas, referindo-se à exportação dos produtos da Zona Franca de Manaus.

Para o líder dos hansenianos, Raimundo Barreto, “o jogo é pesado porque eles agora resolveram atacar dentro da nossa própria casa, oferecendo mundos e fundos para nossos filhos e parentes. dizendo que o progresso chegou e aqueles que não aceitam dizem que estão contra o progresso a as comunidades”.

Em visita a Colônia Antonio Aleixo pode-se ver a presença dos agentes da Lajes Logística, buscando convencer os moradores, patrocinando ruas de lazer, festas e outros eventos de massa para mostrar que estão prontos ajudar e, quando perguntado sobre a importância do projeto dizem: “estamos agindo de acordo com a lei e contribuindo para a consciência ambiental”.

Mas, para o renomado escritor amazonense, Márcio Souza, se o Brasil fosse um País decente esse projeto não seria aprovado. “Não há como esse projeto passar, pois a área do Encontro das Águas é um sítio paleontológico e há três ecossistemas diferentes e é muito raro o planeta ter esse tipo de encontro. Há o período Quaternário, o Escudo Guianense, que é Triácico e o Terciário, que podem resolver alguns enigmas da formação do planeta Terra”.

Com decência ou não, os empresários com o apoio do governo avançam contra o povo, comprando e oferecendo facilidades para de forma imediata promover a destruição das Lajes e a privatização do Encontro das Águas. O povo resiste, mas para o padre Orlando, “sem parceria a gente não vai muito longe”.

Os comunitários que participam do movimento contra a construção do Porto das Lajes manifestam preocupações com a próxima Audiência Publica que será em breve e, segundo eles, “se continuar assim, seremos comidos pelos tubarões e adeus Encontro das Águas. Assim sendo Perdemos todos e a humanidade fica mais pobre.”

Um comentário:

Nikolas Passos disse...

A natureza brasileira é mais uma vez castigada pelos interesses de uma sociedade extremamente empenhada em beneficiar as empresas. Sou de Belo Horizonte e, mesmo estando longe do encontro desses rios, reconheço a importancia da preservação desse santuario.