quinta-feira, 3 de junho de 2010

OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO À MODA DO ASAS


Luciney Araújo (*)

A educação gratuita e de qualidade é um direito de todos os brasileiros, é um dos princípios constitucionais garantido pela carta magna de 1988. O Projeto Asas da Florestania, implementado pela Secretaria de Estado e Educação do Acre (SEE-AC) e que conta com o apoio da Fundação Roberto Marinho, apresenta um pioneirismo a ser seguido pelo resto do país, levando em consideração as dificuldades apresentadas pelos caminhos da Amazônia, o Asas da Florestania busca suprir uma das necessidades fundamentais em promover o ensino aos acreanos.

Baseado no principio da ida dos professores a escolas de difícil acesso nas zonas rurais dos 22 municípios do Estado, o Asas da Florestania além de fazer o ensino, evita um êxodo da população para as cidades. Com uma filosofia de ensino baseada em módulos educacionais, o Asas da Florestania junto com às comunidades além das disciplinas do currículo básico, propõe o ensino da Língua Espanhola (devido ser o idioma oficial dos países fronteiriços como Bolívia e Peru) e o ensino rural profissionalizante como Técnicas de Reflorestamento, Derivados de Laticínios entre outros.

Existe todo um preparativo na construção das seqüências didáticas, onde todos os facilitadores do programa se reúnem e apresentam as demandas e as realidades encontradas nas comunidades trabalhadas, e isso faz com que a estrutura do ensino fique regionalizada, enfocando todas as particularidades do Estado.

Assim como na região do Alto e Baixo Acre apresenta uma realidade sulista, a realidade encontrada na região do Vale do Juruá é de uma realidade amazônica, os facilitadores buscam regionalizar suas aulas, buscando assim construir uma seqüência didática voltada para as premissas locais, contemplando os conhecimentos de indígenas, seringueiros e colonos.

As dificuldades apresentadas no programa, como as longas viagens tanto de barco como as de ramais em nenhum momento se faz obstáculos para os facilitadores, pois além de ficar longe de casa por muitas vezes vários dias ou semanas, serve de estimulo para os facilitadores nessa longa jornada de se levar o ensino as escolas de difícil acesso.

A proposta apresentada pela cidade de Plácido de Castro se torna um pioneirismo no projeto, pois propõe uma rotatividade de professores entre todas as escolas contempladas pelo projeto, o que leva além de um ensino de qualidade, faz também com que o professor tenha um contato cada vez maior com as especificidades enfrentadas pelos estudantes.

Assim como há dificuldade enfrentada pelos professores existe também há dos alunos, alguns chegam a caminhar por mais de duas horas em ramais enfrentando poeira (na época de verão) e lama (na época de chuva), fazendo uma verdadeira jornada para chegar a escola. Uma dupla jornada na verdade, pois além da escola, a maioria desses alunos dividem seu tempo com os trabalhos no campo (plantando, colhendo e vendendo a produção).

Ao final de cada mês, os professores se reúnem nas sedes dos municípios e debatem demandas e fazem avaliações do ensino aplicado para buscarem juntos propostas para melhorias do sistema de ensino.

Esse pioneirismo de ensino proposto no Acre apresenta de forma clara que um dos princípios básicos da Constituição é trabalhado junto às escolas de difícil acesso, que além de evitar um fluxo migratório para as cidades, ajuda na manutenção do homem no campo e ao mesmo tempo aponta melhorias para que se tenha qualidade de vida.

(*) É cientista social e pesquisador do NCPAM/UFAM em terras acreanas.

Um comentário:

Felipe França disse...

Sou professor de Geografia e vivo na cidade do Rio de Janeiro.
Acho esse projeto sensacional. Um exemplo que todos os governos dos Estafos que abrangem a Amazônia Legal devem seguir.
Gostaria de participar desse projeto, pois seria uma experiência de vida incrível.