domingo, 16 de outubro de 2011

FORÇAS DESIGUAIS: COM A PALAVRA O EXÉRCITO BRASILEIRO


Ellza Souza (*)

Um tema muito grave foi abordado no Programa Na Terra de Ajuricaba do último 14 de outubro. A conversa com o professor Ademir Ramos e dois moradores de Jatuarana, zona leste rural de Manaus, sensibilizou muita gente que assistiu o programa. Sabemos que invasões na cidade são comuns e mal contadas mas na zona rural, para mim pelo menos, é novidade.

Acontece que o embate entre o Exército Brasileiro e as comunidades de Jatuarana, Mainã e Tiririca é antigo. Os moradores apresentam documentos de posse e estão no local há muito tempo. Ainda não entendi o que o Exército faz no local e porque esse tão intenso interesse pelas terras, a ponto de impedir que os pequenos produtores recolham a sua produção e enterrem seus mortos. Segundo Doramir e Wilson, os militares cravaram uma placa em pleno cemitério proibindo os sepultamentos na área.

O Exército diz que é o verdadeiro proprietário e não permite as atividades no campo dos comunitários, levando-os a muitas dificuldades de sobrevivência. Os entrevistados pedem socorro e apelam para as autoridades para que os orientem e definam de uma vez por todas a situação daquelas comunidades abandonadas à sua própria sorte. “Queremos viver e trabalhar em paz nas terras que nos pertencem”

Acredito no nosso povo mas a sociedade precisa ouvir também o outro lado. Por isso é importante a manifestação do Exército para esclarecimentos sobre o assunto. Porque o Exército está no local? Qual o seu papel ali? Quem chegou primeiro? As indagações são muitas e queremos as respostas mas nunca concordaremos com agressão e truculência de quem é pago para proteger.

(*) É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.

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