quarta-feira, 12 de outubro de 2011

NÃO DEIXAI MORRER A INFÂNCIA

Ademir Ramos (*)

Outubro é tempo de muitas celebrações no calendário cultural brasileiro é festa de santo (Nazaré, Aparecida); Da cidade de Manaus e Das crianças. A liturgia faz pensar sobre o tempo e a condição humana, não só de forma fria e dura como é a vida dos excluídos, mas, sobretudo, a partir da infância que embalou e embala os sonhos impulsionando os passos da vida na perspectiva das realizações que promovam alegria, risos e encantos.

Assim sendo, pode-se afirmar categoricamente, que “a infância não se afastou”, como diria santo Agostinho nos textos das Confissões, porque continua pulsando no coração a curiosidade espontânea da vida como prática para o processo de aprendizagem. Por isso, não deixai morrer a infância porque dela depende o milagre da vida, da amizade e do amor transfigurando a pessoa em luzes de sentimentos.

Às vezes, o desenvolvimento cognitivo se perde no embrutecimento do trabalho, na exploração ou acumulação, reduzindo a pessoa em coisa, deixando morrer a infância em nome da bestialidade de uma vida fútil, sem afeto, ternura e alegria. No mundo moderno, o consumo ganha valor chegando ao ponto de qualificar a pessoa pelo montante e não pela textura do ser, que se manifesta nas práticas significantes traduzidas nas relações sociais, bem como também, na natureza que o cerca.

É o caso das crianças que vivem no interior do Amazonas ou nos quintais das cidades. Nesse contexto lúdico a infância se faz brincando na floresta e nos rios, ouvindo e contando história que ditam regras e valores que formam o imaginário cultural de nossa gente. Dessa feita, eu como parte desse todo me sinto inserido, identificado, banhado por esta cultura, que me faz ser o que sou.

As crianças que vivem em situações socialmente diferentes reclamam também pelo lúdico, devendo ser mediado por políticas públicas, que promovam acesso as condições dignas de moradia; escola; parques de entretenimento; empregabilidade da família e a seguridade social.

No entanto, ser criança no Brasil e, particularmente no Amazonas, é viver em risco social porque o descaso impera e a omissão dos governantes se multiplica, sacrificando inocentes e famílias condenadas socialmente a viverem na ignorância e miséria sob o manto da morte.

Esta fatalidade posta requer dos políticos e governantes responsabilidade social em atenção agenda da família, que se pauta no trabalho, educação e seguridade. De imediato reclama-se por acesso a creche e a escola como instrumento de cidadania capaz de investir nas crianças e jovens, aquecendo os corações e impulsionando as mentes desses infantos que são pessoas em formação e desenvolvimento a reclamar Direito.

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.

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