quinta-feira, 19 de julho de 2012


A GREVE SE ESTENDE E O GOVERNO PODE PERDER O CONTROLE


Professores da UFAM promovem Assembleia Geral, no mini-campus, às 15 horas no Auditório Paulo Burhein (FEF), para discutir a proposta do governo e definir o fortalecimento da greve, propondo novas manifestações em Brasília com a participação do Comando Geral de Greve dos Servidores Públicos. No dia 23 (segunda), o Ministério do Planejamento deverá receber os professores. Mas, o Comando trabalha com a possibilidade de o governo transferir a data apostando na desmobilização do movimento grevista. A direção dos professores está pronta para o embate contra os velhos companheiros do passado. Hoje são 56 Universidades Federais em Greve.  

Atenção: O alerta está feito no editoral do Estadão de ontem (18), um dos maiores jornais do Brasil, apontando os vícios do governo quando se trata de negociar questões trabalhistas dos servidores públicos. Os Ministérios afins quando muito apresentam determinadas respostas as categorias em greve, mas não se comprometem com a sua execução. Os líderes do governo tanto na Câmara como no Senado, que deveriam servir de interlocutores bateram em retiradas e também não apitam nada no processo, empurram de barriga para Casa Civil que só se pronuncia depois, de sabe lá quando, a presidente Dilma Rousseff resolver atuar. O centralismo é tanto que gera uma paralisia no processo de gestão, afastando até mesmo os aliados, como é caso do PMDB. No Amazonas, os funcionários do governo federal aliaram-se com os técnicos e professores da Universidade Federal e partiram para as ruas, mobilizando a sociedade organizada contra o governo Dilma. Os professores estão em greve há mais de dois meses. O arranjo que o Ministério do Planejamento chamou de proposta é uma afronta as Universidade Federais, pois além de implodir a Carreira dos Professores, desqualifica o Magistério, não incentivando os jovens doutores ou não a ingressarem na Academia. Hoje (19), o Comando de Greve encontra-se reunido na Sede da ADUA e logo mais à tarde às 15 horas estará discutindo em Assembléia Geral com os professores e alunos e técnicos as estratégias de enfrentamento contra a proposta do governo federal para fortalecer ainda mais a luta em defesa das garantias da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade. O caldo pode entornar e a presidente Dilma pode ficar falando com o espelho, criando condições desfavoráveis para os seus aliados nas próximas eleições. Quem tem a Dilma como aliada, dizem em Brasília, não precisa de oposição.        
Sem conseguir, até agora, dar respostas que satisfaçam às categorias que entraram em greve há mais tempo, algumas há quase dois meses, o governo vê crescer a onda de paralisações, que começa a afetar setores essenciais para a atividade econômica. As negociações em separado com as categorias vêm sendo feitas pela Secretaria de Relações de Trabalho no Serviço Público do Ministério do Planejamento, e o Palácio do Planalto tem afirmado que não intervirá na questão. Mas a ampliação cada vez mais rápida do movimento mostra que a ação do Ministério do Planejamento não está produzindo resultados. Por isso, é cada vez maior o risco de o governo perder o controle da situação.
Na segunda-feira, entraram em greve 35% dos funcionários das dez agências reguladoras e os servidores do Departamento Nacional de Produção Mineral, de acordo com o Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências). São mais 2,5 mil funcionários federais que se juntam aos de dezenas de outras categorias do serviço público federal que paralisaram o trabalho há mais tempo.
Também no início da semana cruzaram os braços os eletricitários de 14 empresas do grupo Eletrobrás. Apenas a área operacional das estatais continua operando, para assegurar fornecimento de energia elétrica. Nas 57 universidades federais e nos 38 institutos federais de educação, as atividades estão paralisadas há quase 60 dias, mesmo depois de, excepcionalmente, o governo ter feito uma proposta de reajuste salarial para os professores.
Dezenas de categorias estão em greve, cada uma com uma reivindicação específica em termos de valor e de porcentagem, mas todas querendo aumento. Em maio, o governo editou uma medida provisória reestruturando carreiras e planos de cargos, com novas tabelas de remuneração. Segundo o Ministério do Planejamento, a medida abrange 937 mil servidores ativos, aposentados e pensionistas vinculados ao Poder Executivo. Essas medidas foram previstas no Orçamento deste ano. Não há nova previsão de aumento em 2012.
Há dias, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, reafirmou que, apesar das greves, o governo não concederá aumentos que não estejam previstos no Orçamento. Não há, até o momento, nenhuma informação de que o governo pretenda incluir no Orçamento de 2013 valores para atender os grevistas. O Ministério do Planejamento calcula que, se atendesse a todas as categorias do serviço público, incluindo algumas que ainda não entraram em greve, o governo gastaria adicionalmente até R$ 90 bilhões anuais com a folha de pessoal, valor que, obviamente, o País não tem condições de sustentar.
Ao exigir do governo aumentos financeiramente insuportáveis em quaisquer situações, mas especialmente agora, em razão da notória desaceleração da economia provocada pela crise mundial, os servidores em greve - além de demonstrar completa incapacidade de entender o mundo real - tentam impor custos adicionais aos contribuintes empregando a força da paralisação de serviços públicos. Mas algumas categorias prejudicam o País mesmo sem interromper seu trabalho, apenas os tornando ainda mais lentos do que o normal. É o caso dos auditores fiscais da Receita Federal.
Aos prejuízos que sofrem desde abril, quando a Receita Federal deflagrou a Operação "Maré Vermelha" - que causa grande atraso na liberação de bens importados a serem empregados no processo de produção e aumenta os custos das operações por causa da falta de estrutura do Fisco -, o empresariado soma as perdas causadas pela operação-padrão iniciada em meados de junho pelos auditores fiscais.
Reportagem do Estado (14/7) mostrou que uma de cada três fábricas de produtos eletroeletrônicos da Zona Franca está com alguma linha de produção total ou parcialmente parada por falta de insumos importados que estão retidos na alfândega, à espera de liberação. No Paraná, as indústrias recorreram à Justiça para tentar assegurar a liberação das mercadorias importadas no prazo de cinco dias.

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