DORMINDO
NO PONTO
Ellza Souza (*)
O sistema de transporte público
em Manaus é caótico, é caro, veículos sujos e aos domingos o usuário dorme
literalmente no ponto pela grande demora do ônibus. O povo descarrado (sem
carro) realmente não merece passear, fazer uma visita, ir ao shoping. E o 123
que é o único que serve aos moradores do conjunto Tocantins para ir ao centro,
à beira do rio, aos shopings da Djalma, leva “normalmente” uma horinha entre um
ônibus e outro. Os usuários dessa linha, principalmente os que moram na área do
Kissia e do Tocantins, não podem ter pressa e nem marcar hora. A demora é tanta
que duas pessoas, aperreadas com o calor e com a demora, não agüentaram e
resolveram puxar uma soneca durante a espera. O perigo é durante o sono o ônibus
passar e aí o sonho pode virar um pesadelo.
Esse negócio de
dizer que não tem ônibus na área porque ali todo mundo tem carro é leseira baré
como diz um conhecido escritor amazonense. Grande parte não tem e quem tem sabe
da importância da utilização do transporte público e de deixar seus carros para
saídas esporádicas. Carro não foi feito para exibição de poder na rua, para
afagar egos, para entupir e engarrafar as vias das cidades. Tem que saber usar
o carro para nunca lhe faltar a rua.
Espero ansiosamente
que com a nova administração municipal, o sistema funcione a contento. Melhorem
as rotas, lavem os veículos, escolham melhor os motoristas, ajustem as tarifas.
Ou será que querem o povo dormindo mesmo para que não vejam o andar da
carruagem? “Dorme nenê que eu não tenho o que fazer...”
(*) É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.
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