quarta-feira, 1 de maio de 2013



DORMINDO NO PONTO
Ellza Souza (*)


O sistema de transporte público em Manaus é caótico, é caro, veículos sujos e aos domingos o usuário dorme literalmente no ponto pela grande demora do ônibus. O povo descarrado (sem carro) realmente não merece passear, fazer uma visita, ir ao shoping. E o 123 que é o único que serve aos moradores do conjunto Tocantins para ir ao centro, à beira do rio, aos shopings da Djalma, leva “normalmente” uma horinha entre um ônibus e outro. Os usuários dessa linha, principalmente os que moram na área do Kissia e do Tocantins, não podem ter pressa e nem marcar hora. A demora é tanta que duas pessoas, aperreadas com o calor e com a demora, não agüentaram e resolveram puxar uma soneca durante a espera. O perigo é durante o sono o ônibus passar e aí o sonho pode virar um pesadelo.

Esse negócio de dizer que não tem ônibus na área porque ali todo mundo tem carro é leseira baré como diz um conhecido escritor amazonense. Grande parte não tem e quem tem sabe da importância da utilização do transporte público e de deixar seus carros para saídas esporádicas. Carro não foi feito para exibição de poder na rua, para afagar egos, para entupir e engarrafar as vias das cidades. Tem que saber usar o carro para nunca lhe faltar a rua.

Espero ansiosamente que com a nova administração municipal, o sistema funcione a contento. Melhorem as rotas, lavem os veículos, escolham melhor os motoristas, ajustem as tarifas. Ou será que querem o povo dormindo mesmo para que não vejam o andar da carruagem? “Dorme nenê que eu não tenho o que fazer...”

(*) É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.

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